É daquelas coisas que me tem invadido a massa cinzenta: de vez em quando a vida acontece-me. Vou a algum sítio, inicio uma actividade, conheço alguém e mais tarde apercebo-me que naquele momento ou conjunto de momentos a minha vida acabou de mudar. De uma maneira ou de outra, por vezes de mais que uma até. Por vezes para muito melhor. Porque, como dizia Einstein, uma mente, depois de aberta, nunca mais volta ao tamanho original (e o Castelo Branco corrobora: um cú também não).
Ia eu em direcção ao meu cavalo branco (109 cavalos, para ser mais precisa, e é cinzento e diesel), com o intuito de me fazer à estrada e rumar ao pôr do sol (às 11 da noite estava mais que posto, mas pronto) quando me chamou a atenção uma música que saía de um café/bar/clube, com um nome curioso e inesquecível. Mas confesso que de repente me falha o nome.
E ocorreu-me que às vezes somos confrontados com a decisão de parar, entrar ou continuar à nossa vidinha. Uma dessas decisões pode trazer um desses momentos que mudam a nossa vida.
... entro ou não entro? Que pessoas e mistérios se esconderiam por detrás daquelas portas? Entrei! Sou uma mulher de decisões.
O espaço não era grande, as mesas eram pequenas, as pessoas poucas. Olhei para a frente, havia um jardim. A porta fechada, porque realmente com aquele frio não dá para estar lá fora. Passei ao primeiro piso.
No primeiro piso uma porta fechada, um acesso a um outro piso com uma corrente. Olho para a esquerda e vejo a casa de banho dos homens e de repente a "próstata" dá-me sinal e concluo muito rapidamente que tenho que ir satisfazer uma necessidade fisiológica por demais elementar.
"Onde é a casa de banho das senhoras?"
"Desce ao piso de baixo, vira à esquerda e depois é logo ali à direita."
Desço, sigo as instruções e nada de casa de banho. Saio pela porta fora, aflitinha para fazer chichi, meto-me no carro e aguento até casa.
Moral da história: há aqueles momentos que mudam a nossa vida e aqueles que não. Este pertenceu à segunda categoria. Também tenho os meus momentos de tédio...