Um dia destes frente passava eu de carro frente à Faculdade de Farmácia quando passa uma senhora a correr. Tão inocente acto deixou em mim sequelas psicológocas irreversíveis, não pela pressa da senhora mas pela visualização dos seus seios aos pulos, reclamando liberdade da opressão da camisola verde que envergava. Na realidade, estavam com grande vontade de sair por ela fora, correr e ir fazer paragem ao autocarra para que a dona entretanto chegasse lá. Na altura continuei, fermosa e mas já não segura de que algo de errado se passasse ali.
E assim ando, cismada com aquela figura. Seria aquilo normal? Mas se a mulher nem tinha as mamas assim tão grandes! Pois se fiquei perturbada é porque não deve ser normal, senão já me teria habituado... acho eu! Eu terei algum dia feito aquela figura? Não creio! Mais: não me lembro de muitas mulheres a fazerem aquela figura. Mas lembrei-me logo: isto dava um post bestial e cheio de badalhoquice!
Ocorreu-me a minha infância, quando as mamas ainda não me preocupavam por não as ter. As senhoras corriam para as fábricas aos enxames. As fábricas emitiam um alarme tipo aviso de ataque aéreo 10 minutos antes da hora de entrar e elas tinham que correr a bem correr se não queriam que lhes fosse descontada uma hora no salário. Mas as mamas delas não saltavam em virtude de duas técnicas:
1. Não correr mas caminhar muito rápido, quase como se tivessem vontade de fazer chichi. A componente paralela ao chão da velocidade suplantava em muito a perpendicular, o que dava muitíssimo menos liberdade ao seio para saltar. A bem da nação e da produtividade no trabalho (a outra técnica de produtividade era tempo limitado para ir à casa de banho);
2. O cruzar de braços. Muitas vezes tomado como um acto de desistência era para estas mulheres uma maneira de controlar os seios na sua excitação de ir trabalhar (os homens que com elas trabalhavam) e ganhar dinheiro que lhes permitia dignidade e pão em cima da mesa.
O que me fazia confusão é que os homens iam trabalhar de mota ou de carro, o que nessa altura era natural porque não havia dinheiro ou carta para elas. As mulheres mais tarde passaram a ir de carro, mas entretanto a maioria das fábricas fechou de qualquer modo, o que acabou de vez com o drama de impedir o balouçar dos seios.
O que impede então uma mama de ter vida própria, fora o cruzar de braços? Em francês, um
soutien. Um sustentador, portanto. É chique, não é amaricado, pelo que os portugueses adoptaram a palavra como sua. Os alemães chamam-lhe “sustentador de mamas”, ou
Buestenhalter, ou BH. O que fez o Herr K indagar porque é que com tantos erros no registo civil não podiam ter escrito Hrippahl em vez de Krippahl para poder assinar BH em vez de um exótico mas inócuo BK (Hippahl foneticamente também teria muito potencial). Nessa altura teria definitivamente ido trabalhar para a Alemanha. Possivelmente para a Victoria’s Secrets. Como designer, como vendedor ou só como apreciador de mamas, embora não esteja convencida que isso seja emprego (ou um emprego mais que aceitável numa agência de modelos). O inglês
bra também deriva de uma palavra francesa, mas é um bocado como as minhas vizinhas que diziam trússes em vez de cuecas. Ou seja, uma parolice.
Há coisas que temos que encarar: os seios balouçam sempre. Isso é bom e quando nem sequer acontece é um outro problema inteiramente diferente. O truque é que seja só o suficiente e não demais.
Sendo assim, quando uma gaja vai à aeróbica tem que usar um soutien de ginástica. É que, ao contrário de tudo o resto, é bom que as mamas se mexam o menos possível (entre outras coisas porque não têm músculo). O que me fez estranhar uma coisa que vi na Sport Zone há um tempo, que era o soutien de ginástica de marca própria e que não passava de uma gaze ligeiramente elástica. Um soutien de ginástica não pode ser uma tripa inerte, mas aparentar-se com algo entre um colete à prova de bala e um espartilho. De contrário, coisas muito más podem acontecer.
Um soutien para o dia-a-dia é mais complicado e não pode ser para um post. Teria que ser para um tratado, e eu não tenho tempo para isso. Mas um soutien, seja para que ocasião for, tem que sustentar e dar forma. De preferência arrebitada! E vocês já estão a ver no que é que isto vai dar, certo? No Wonderbra!
O Wonderbra apresentou a Eva Herzigova e as “gémeas” ao mundo. Como se vê na imagem, o forte da Eva e no que toda a gente repara em primeiro lugar são os seus lindos olhos azuis. Depois desta publicidade uns anos, os seios da Eva passaram a ter uma função essencialmente utilitária, já que serviram para amamentar o filho (presumivelmente o pai também brinca com eles). Garanto que quando a Eva corre nada salta. É que o wonderbra é muito confortável e firme, perfeitamente seguro para correr para o autocarro sem passar vergonhas. E se a camisola descair ligeiramente também ninguém passa vergonha, porque o soutien é lindo e fica bem em qualquer lado (nomeadamente no chão do quarto de algum naco de carne mais bem escolhido).

Esta cidadã também fez publicidade ao wonderbra. E fora o fotógrafo, houve um jogador da seleção francesa que também brincou com o conteúdo, porque esta cidadã é a Adriana Karembeu. Uma curiosidade: este delicioso naco de carne é... vegetariana!

Não sei quem é a cidadã que agora aparece no site da Wonderbra, mas nestas duas imagens a minha dúvida é: choca, vontade de fazer chichi, prisão de ventre ou um tiro no fotógrafo? É que a moça é linda, mas as fotografias estão uma lástima! Ou sou eu que sou esquisita? Com a música do site também me estava quase a dar uma coisinha má.

A coisa deve melhorar em breve porque a próxima artista convidada é a Dita Von Teese. Que já foi casada com o Marilyn Manson.
Portanto estão a ver que a figura que fez a senhora à frente da Faculdade de Farmácia foi perfeitamente escusada, mas teve um bem: pôs-me a escrever porcaria. Se quiserem saber tamanhos e copas, têm este site. Pode dar jeito... especialmente se arranjarem alguém de jeito para vos tirar as medidas! O que é um pouco inútil quando só se precisa de uns suspensório, como a outra.