domingo, 28 de junho de 2009

O choque tecnológico

Eu tinha uma companheira. Durante um tempo foi-me fiel. Eu levava-a para todo o lado, ela respondia às minhas expectativas. Nunca exigi demais dela: acho que sempre fui justa e compreendi as suas forças e as suas limitações. Vivíamos bem juntas e demos umas quantas de voltinhas. Só nunca a levei para o estrangeiro.

Levei-a de férias, levava-a frequentemente ao café, à biblioteca, levava-a o tempo todo para trabalhar. E à noite, ou enroscadas nas mantas, mesmo ali na mesa da cozinha ou só no meu colinho em qualquer lado... passamos grandes momentos!

Enfim, passamos muito mas muito tempo juntas! E eu gostava. Ela não me chulava, mas também não me ficava assim tão barata. Mas tínhamos atingido um ponto de equilíbrio que funcionava para as duas. E éramos felizes. Eu, pelo menos, era!

Mas a nossa relação começou a degradar-se quando eu mudei de casa. Acontece: há relações que não resistem à mudança. Ainda tentei. Eu juro que tentei. Dei-lhe várias oportunidades, falei com ela com jeitinho... mas ela começou a não me satisfazer. Sim, é tão simples como isso! Foi estranho, muito estranho mesmo!

Pensando bem, não será assim tão estranho: há relações que parecem funcionar às mil maravilhas quando em público, mas depois no aconchego do lar é outra história. E na realidade, à noite e fins de semana, quando estávamos sozinhas a tentar passar algum tempo de qualidade uma com a outra... ela simplesmente não correspondia às minhas necessidades e anseios. E eu comecei a pensar em acabar com a relação, simplesmente porque tinha dado o que tinha a dar!

Moral da história: troquei a minha placa banda larga TMN com um tarifário muito favorável, mas que em minha casa funcionava só com duas velocidades (a saber: devagarinho e parada) por uma ligação à internet em condições. Sem a mobilidade mas com velocidade. É daquelas poucas situações em que eu até gosto muito de rapidinhas e estas me dão muita satisfação.

Acontece que o que falta a esta ligação nova em mobilidade, sobra em "cumbíbio". É que a ligação é promíscua: trouxe umas amiguinhas para a brincadeira! E... acessórios para brincarmos! Assim, junto com uma ligação bem catita e que não me deixa com os nervos em franja e me impedia de à noite abrir os blogues que me (ou melhor LHE) apetecia, entrou por minha casa dentro um telefone e uma coisa (parece que se chama box de não sei o quê) que não só descodifica canais de televisão e rádio como também mostra a programação quando eu lhe carrego nos botões certos. E estou desconfiada de que haverá mesmo um botão que eu hei-de descobrir que fará um café forte e aromático cheio de espuma! E daí, essa deve ser a função da minha Nespresso, mas eu hoje estou meia deslumbrada tecnologicamente.

E perguntam vocês: mas tu vivias na idade da pedra? Não: eu não sentia necessidade de televisão nem de telefone fixo. E vivia perfeitamente sem ambos. Eu comunicava com o mundo pessoalmente, pela net e pela televisão dos meus pais e da minha irmã. Mas a qualidade da ligação estava num ponto insustentável. Mesmo assim, só quando vi um preço que não fosse chulice comparável à renda de uma pequena habitação é que senti que já não se justificava fazer a transição. Só isso! É que eu gosto de tecnologias, mas odeio sentir que pago mais do que a coisa vale. Não é ser forreta: é ser ponderada. E há serviços de internet e televisão que são rendas autênticas!

Os eventos que fui descrevendo/deixando em suspenso esta semana foram a assinatura do contrato, a compra da televisão, a montagem da televisão, verificar que funcionava e... a instalação da coisa! Ah! Rigorosamente falando, não tenho uma televisão mas uma TV-LCD que dizia nas instruções precisar de DUAS pessoas para montar... mas mais uma vez eu provei que não preciso de namorado para nada: montei-a sozinha e não explodiu nem caiu ao chão, apesar dos 81 cm de diâmetro, HD-readyness e preparação para televisão digital terrestre (e acho que 50 Hz de frequência, mas não me lembro)!

De momento o meu maior (leia-se: único) problema é mesmo precisar de uma alteração na disposição que tinha planeada para os móveis da sala por causa da localização do telefone e da coisa que me dá internet (outra box??? Whatever!). E isso resolve-se! Mais: está-me a dar prazer pensar nesse pequeno quebra-cabeças! E a minha casa está a parecer-se mais com um lar que só um sítio para comer, blogar, tomar banho e dormir. E eu adoro isso!

De momento estabeleci já uma relação de amizade com a minha box e pu-la a gravar o "Guess who's coming for dinner" com o meu adorado Sidney Poitier (já vi até o filme) e montes de episódios do "conde Patrácula" e do "Scooby-doo"!!!

E... já posso navegar na net à vontade sem medo que o meu computador queime um fusível. Bem, ele ou eu! Porque eu às vezes perco a paciência! É que parte da minha fraca productividade bloguística recente devia-se à lentidão da ligação. A outra parte a eu estar muito tempo fora.

E pronto: num dia ter telefone fixo, net decente e 80 canais de televisão... parece-me vários choques tecnológicos!!!

Quanto a quem vaticinou uma substituição para o meu computador, ele não estava mal: era em parte a lentidão da net que o punha louco e em parte o Internet Explorer que resolveu ser inteligente! Bem se lixou, porque instalei também o Mozilla Firefox e estou servida! Bem-feito! O computador há-de ser substituído, mas não vai ser já. Mesmo porque ainda nem 2 anos tem.

E pronto, era isto!

sábado, 27 de junho de 2009

O choque tecnológico já aconteceu!

... mas agora tenho que sair da casa! Depois eu conto!

Xau!

(Sim, eu sei ser irritante!)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

É já amanhã...

O choque tecnológico vai finalmente acontecer! Não sei é se vou ter tempo para escrever acerca do assunto...

...stay tune!


ADENDA: Já agora, aceita-se apostas sobre o que é o choque tecnológico! Ou os vários choques tecnológicos...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Tão memorável, tão memorável...

... que até me esqueci!

Pois é, o meu blogue fez 2 anos no dia 20. E eu esqueci-me por completo! Se isto fosse um casamento, bem que estava lixada!

Pois é, eu esqueci-me. Mas quero prendas na mesma! O que é que vocês me oferecem??

E o choque tecnológico continua...

... mais um passo! Ainda estou meia sem fôlego com o que fiz. E para quem pensa que isto é força de expressão... não é: estou mesmo sem fôlego!

Stay tune...

O choque tecnológico

Prepara-se o choque tecnológico em casa da Abobrinha... ... ...

... num blogue perto de si... ainda esta semana...

(espero eu!)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momentos mágicos

- Rever amigos de que tenho pena de não estar mais perto;

- Rir-me com eles. Mais: apetecer-me rir! Sem minhocas na cabeça de passados e futuros: só estar ali e apreciar o momento com a serenidade e o prazer de saber que aquele é o presente;

- Ter num momento mágico a lucidez de que a vida não é tão complicada como às vezes a faço. E se for, há maneira de a simplificar, simplesmente deixando-a fluir;

- Ter um bebé a olhar para nós pela primeira vez. Estuda-nos o rosto e a expressão. E de repente abre a boquinha desdentada num enorme e sincero sorriso, que se estende aos olhos enormes com que nos mira! Merecer a confiança de um bebé tão pequeno e indefeso é como fazer "reboot" da raça humana e acreditar nas pessoas de novo.

Resumindo: tive um fim de semana que, em termos de recuperar as forças, valeu por 2 meses de férias! Obrigada a todos os que fizeram parte dele! Acho que tão cedo não vou perder o sorriso. E eu gosto de me sentir sorrir!

domingo, 14 de junho de 2009

O Universo conspira para me dizer que eu não preciso mesmo de um namorado

No post anterior concluí que afinal sou mais ou menos auto-suficiente em termos de IKEA: consigo serpentear mais à vontade pela loja sem um emplastro atrás e até sou uma mulher forte e musculada, com um carro tolerante aos meus caprichos. Desde que meçam menos que 1.70 m, pelo menos, porque posso sempre rebater os bancos traseiros (para os outros, eles entregam os volumes em casa por um preço aceitável).

Ah, dizem vocês, mas e o jeitaço que te deu o namorado da outra ao carregar-te os dois volumes para o carrinho?

Pois... o Universo tem uma maneira estranha de me dizer as coisas. Na altura em que o rapazinho me ajudou, já tinha eu colocado um volume dentro do carrinho. A saber, uma estante Expedit toda catita em cor de bétula de dimensões 79x149 cm. O rapazinho ajudou-me a colocar (teoricamente) a mesma estante mas em 149x149 cm. E aí é que a porca torce o rabo: ele ajudou-me a colocar a estante PRETA no carrinho!!! Ora eu sou extremamente racista só com três coisas: roupa, móveis e blogues! Só nessas circunstâncias é que eu tenho uma tolerância reduzida a pretos. Ou seja, o facto de, com a ajuda de um namorado (mesmo não sendo o meu!) ter colocado o móvel errado no carrinho, pelo que terei que o ir trocar pela cor certa, indica que eu não preciso de namorado nenhum! Na realidade, com um namorado só faço mesmo asneira!

Ouve lá, mas quem indicou os volumes que ele tinha que tirar foste tu, ó estúpida!

Nah! Isto foi o Universo a falar! E quem sou eu para questionar o Universo? Sou só uma pequena partícula! ... mas uma partículas de categoria! A quem o Universo diz que não precisa de namorado para nada!

Ouve, tu és mesmo doida!

Et voilá! Mais uma prova de que sou auto-suficiente: consigo dar comigo mesmo em maluca sem precisar da ajuda de ninguém! A verdadeira loucura auto-sustentável! Ambientalmente correcta!

E pronto, lá terei eu que fazer a viagem de volta para o IKEA, para trocar a estante! Que seca! Sorte posso culpar o outro...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

De vez em quando dá jeito ter um namorado

Para quem não sabe, par mim ir às compras ao IKEA de Matosinhos tem muitas etapas.

A primeira etapa consiste em percorrer os corredores tipo labirinto, de lápis minúsculo na mão, olhar para todos os lados e conter-se para não se sentir mal ao olhar para algumas combinações de cores. Faz-se uma lista do que se quer, de quanto custa, da referência e localização. Numa pequena nota, hoje na hora "H" perdi a porra da lista. Mas isto era um à-parte.

A segunda etapa consiste em atravessar de olhos tanto quanto possível vendados a secção de cozinha, porque a tentação de açambarcar tupperwares, caixinhas e gadgets de cozinha vários. A Laurinda Alves disse em campanha eleitoral que uma mulher não resiste a uma feira. Ora eu resisto a uma feira (detesto-as para falar verdade), mas a utensílios de cozinha não. E por esta altura há leitores a fazer um sorriso maldoso e a dizer... espremedor de citrinos!!!

A terceira etapa consiste em ver quais dos tecidos a metro é mais feio.

A quarta etapa requer alguma coragem e implica fugir da zona das velas de cheiro, que me agoniam.

Ora até aqui um namorado tem uma função: estorvar! Ah, e tal, quando é que vamos embora? Mas a quinta etapa é mais complicada!

Ora a quinta etapa implica sacar da lista e... ... ooops, perdi a lista! Não faz mal, porque o artigo está mesmo à minha frente. E é aí que eu penso: preciso de um namorado! É que eu hoje trouxe para casa não um nem dois mas três (!!!) volumes de mais ou menos 30 kg cada.

Ora bem, etapa 5.a... arrastar o primeiro volume para o carrinho. Pois... além de tudo sou baixinha e dois daqueles tinham que estar altos!O primeiro, graças a manobras com o carrinho ainda foi. E os outros? E eis senão quando... uma gaja me empresta o namorado dela, que me coloca os outros dois no carrinho, em cima do primeiro! As gajas às vezes são fixes!

O carrinho até empenou com o peso! Ora prossegue a Abobrinha para a caixa! E pensa na etapa 5.b.

Ora a etapa 5.b consiste em depositar em segurança os volumes (que recordo são três e pesando mais ou menos 30 kg cada) na viatura automóvel que já me transportou vai fazer dois anos o sofá com a mesma proveniência. Toca de rebater os bancos e olhar em volta. E não há namorados alheios! Nem gajas com vocação para body-builders... pena!

Aqui a coisa até é fácil graças à superior inteligência da Abobrinha e sua habilidade em fazer deslizar caixas de cartão umas por cima das outras, conjugado com o movimento para trás e para a frente do carrinho de transporte. E tudo sem rebentar com a mala da carrinha nem a pintura do pára-choques! Pronto, não precisei de namorado nenhum até agora. OK, o da outra deu jeito!

Posto isto, segue-se a viagem para casa. Nota mental: para a próxima pôr a merda das caixas do outro lado, porque isto de esta a ser cutucada nas costas pelas caixas não está com nada! Felizmente não sou de travagens bruscas!

E eis-me chegada a casa. Um namorado dava jeito para tirar aquele peso todo de dentro do carro! Mas lá me ajeito e consigo tirar tudo e encostar à parede sem riscar a pintura (acho eu, mas estava escuro e não consegui ver bem). Ou seja, não preciso de namorado de novo!

Etapa 7... arrastar aquela coisa até casa! Mas hoje não! Hoje ficam na garagem que estão bem! Desconfio que vou ter que tirar tabuinha a tabuinha e subir as escadas 50 vezes com aquilo. Ora bem, mais uma vez não só não preciso de namorado como também ganho de bónus um rabo firme e hirto como uma barra de ferro!

Etapa 8 vai consistir em montar aquela coisa. E eu gosto de montar! Oooooooooops... posso ter induzido os leitores a pensar que para isso precisaria de um namorado, mas não: eu gosto de montar os meus móveis sozinha. Assim posso praguejar mais à vontade! E se sobrar peças, só eu é que fico a saber!

Moral da história: só precisaria de um namorado para burro de carga! E não é para isso mesmo que eles servem? Mas eu... eu nem para isso preciso deles! São assim tão inúteis!

domingo, 7 de junho de 2009

Indiferença

Indiferença como sentimento é o oposto da neutralidade que parece indicar a palavra. É não querer saber, colocar o que for no caixote de perdidos e achados e nunca mais para ele olhar. É reduzir alguém a pó e espirrar por outra qualquer comichão no nariz, espalhando com esse espirro esse pó, que ainda sente como se fosse ainda um corpo inteiro, até à imaterialidade. E nem se lembrar.

Há três pessoas a quem dou importância de momento e que me votaram à indiferença.

Um fala comigo mas não quer saber. Sou-lhe de tal modo indiferente que nem o sabe. E se soubesse não quereria saber.

O outro não quer saber de mim. Não quer saber dos meus sentimentos embora esteja de algum modo convencido que com a sua indiferença me libertará da toxicidade do que sinto por ele. Agradeço a sua bondade, mas não foi isso que lhe pedi. Não lhe pedi nada (só dei), mas não devia ser este o resultado. Claro que a minha opinião não foi tida em conta no processo. Ou melhor, foi, mas para ser ela também ignorada.

A outra deixou de me atender o telefone, literalmente de uma hora para a outra. Não sei porquê, não lhe fiz mal nenhum, e não parece interessada em dizer-mo.

Já consegui esquecer pessoas de tal modo que a lembrança delas só me faz uma ligeira comichão, que passa com o mero pensamento esboçado de a coçar. Hei-de esquecer estas também. Só a mim parece fazer impressão tratar as pessoas assim, mas tenho que perder a mania de tentar ser boa pessoa.

Faço bem o luto dos mortos porque compreendo que nunca mas mesmo nunca mais voltarão. E que se eu quero continuar viva tenho que deixar os mortos onde estão e não evocando para sempre a sua memória e a sua saudade. Sou das poucas pessoas a quem dá ataques de riso em velórios e funerais porque de repente me vem à memória uma cena engraçada envolvendo o morto. Claro que choro e muito. Mas enterro a pessoa assim que possível depois da descida à terra e entrego-me ao sentimento de estar viva.

Os vivos custam mais a enterrar. Não porque se debatam no processo, mas porque não o fazem e isso mete-me confusão. Quem há-de querer ser enterrado vivo e nem sequer lhe fazer diferença? In-di-fe-ren-ça... há-de ser o meu mantra. A oração dos mortos vivos. Dos enterrados pela própria vontade no mundo que é a minha vida.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dia da criança atrasado

Houve meninos que receberam ontem rebuçados.

Outros receberam um boneco.

Outros ainda receberam só um miminho.

A Marta recebeu, embora com atraso de um dia, uma prenda melhor: a possibilidade de continuar a estar viva!

A Marta tem leucemia e andava à procura de um dador de medula óssea. Eu pelos vistos não sirvo, porque ninguém me chateou e eu estou inscrita no Centro de Histocompatibilidade do Norte. Mas de Espanha às vezes até vem bom vento. Ou bom casamento. Ou um bom dador... porque a Marta já não está à procura: já encontrou!

Parabéns Marta! Ainda falta tudo o resto, ainda falta o tratamento, mas ao menos já podes sonhar!

E a todos vocês que ainda não se inscreveram como potenciais dadores de medula óssea, façam-no se e quando puderem.