Mostrar mensagens com a etiqueta Serralves. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Serralves. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Canções de entropia

Recebi um e-mail de Serralves a avisar-me de um concerto de um tal Jandek. Podem ler aqui o mesmo que dizia o e-mail:

"Estreia nacional ao vivo de “uma das figuras mais fascinantes da música do século XX” (e dos dias de hoje), e provavelmente, o homem que levou a solidão e o isolamento no processo de trabalho aos maiores extremos em toda a história conhecida da música independente. Eremita, compositor de canções de abandono, entropia e superação, é editado pela misteriosa Corwood Industries desde o final dos anos 1970. Dezenas de discos e quase 30 anos após o arranque da sua carreira, apresentou-se pela primeira vez ao mundo (sem nunca ter dado entrevistas, sem nunca ter comunicado com os media em discurso directo) num concerto em Glasgow, em 2004, onde não vinha sequer listado. Desde então, realiza um número bastante limitado de actuações por ano, pelo que é um enorme prazer anunciarmos que o Auditório de Serralves e a Filho Único, em co-produção, irão apresentar um concerto deste notável criador."

Não sei se vou gastar €15 euros no dia 10 para ver um "eremita, compositor de canções de abandono, entropia e superação". Tenho receio de descobrir que o motivo que leva um artista a ser um ermita que não comunicou nunca com os media em discurso directo tenha sido medo que lhe dissessem que a música dele é uma merda! Aliás, tenho receio que sejam mesmo. Até porque "Officially, Jandek is not a person". Para isso não preciso de gastar € 15! Nem euro nenhum! Para quem tem curiosidade, o amiguinho é este aqui.

E que c*** são canções de entropia? Será algo parecido com o que os meus sobrinhos faziam com tachos, tupperwares e talheres? Eu sabia que devia ter gravado isso para vender! Do mesmo modo, o que são canções de abandono e superação? Canções com menor entropia? Isto da arte é muito complicado! Na volta é melhor ficar-me por Depeche Mode. Mesmo porque parece que vêm ao Porto. Ao Porto, carago!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Para que conste...

... o post abaixo é influência de me ter vestido hoje de preto! Foi má ideia, eu avisei!

Por mim escrevia já um post de fufas ou a continuação do "como fazer uma mulher sempre feliz", mas estou a cair com o sono. Fica a intenção e a demonstração do real estado de espírito, que não é de todo tristonho nem melancólico!

Mas deixo duas fotos da renovação e do Outono e mais não sei quê. Sei que as fotos não estão grande coisa, como laboriosamente escrevi ontem, mas os mais distraídos deverão ser avisados que os adjectivos "genial" e "de uma sensibilidade artística perfeitamente excepcional" são elogios perfeitamente razoáveis para descrever as fotos e estão dentro do que o meu ego está necessitado e capaz de aceitar. E mereço! Mesmo que a despropósito, elogios ao meu rabo também são benvindos! Especialmente de mulheres e mesmo apesar de eu (ao contrário de certos e determinados homens casados) não colocar aqui fotos dele! Por isso não se acanhem, que aqui a menina está precisadinha de um miminho!!


domingo, 9 de novembro de 2008

Momentos em que eu desejava ter alma de artista

Gosto do Outono. Gosto da Primavera. Gosto das estações de transição: há mais diversidade de cor, as coisas estão a acontecer. Nada é definitivo ainda.

Tenho um gosto especial pelo Outono pelas cores vivas. Um dia destes no trabalho tive um pequeno estremecimento a olhar para a janela e ver as árvores de cores de fogo embaladas numa luz laranja mágica vinda do sol. Tive pena de não ter a máquina fotográfica comigo, mas era inútil porque não captaria o momento como merecia. Era um momento para viver e deixar passar, não para capturar.

Hoje fui a Serralves. Estivesse eu sozinha e tiraria fotografias como se não houvesse amanhã, na esperança de conseguir captar um pouco da beleza daquelas árvores a vestir-se de fogo e despir-se. Mas estava com uma amiga que precisava da minha atenção. E precisará mais nestes próximos dias. E ouvi-a e passeamos. E ouvi-la-ei e apoiá-la-ei nos tempos próximo.

Tirei umas fotos que partilho com vocês. Espero que gostem. Mas gostava de nestes momentos ser artista para poder... para poder fazer parte do processo de criar beleza em vez de ser só espectadora!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fala puto, carago!

Recordei-me desta expressão que o meu pai dizia que se repetia várias vezes no mato, na guerra colonial em Angola, de cada vez que alguns dos naturais engatavam a falar no dialecto local. Os outros tropas não percebiam nem faziam um esforço para perceber, mas o meu pai começou a apanhar as expressões deles, mas isso seria outra história. "Fala puto" significa naturalmente fala português. Para que se entenda.

A história do meu pai serve para tentar perceber o que significa Mugatxoan.




Mugatxoquem??? Eu explico:

"Mugatxoan '08 apresenta-se como um projecto em trânsito –o acto de ir de um espaço a outro -, e como o lugar e o tempo em que isto sucede."

Começam a ver que isto é arte porque reune os seguintes critérios: não se entende, não faz sentido e faz um alarido muito grande à vota de coisas que são perfeitamente banais para dizer que é arte. Pois "o acto de ir de um espaço ao outro" é arte. E "o lugar e o tempo em que isto sucede" também. É brilhante! Eu, parola como sou, pensei que o primeiro seria deslocar-se (a pé, de carro, ao colinho de alguém) e o segundo onde e quando. Por isso é que eu tenho que trabalhar para comer enquanto há quem faça arte. Dito isto, comer é típico de parolo!

"Entre 9 de Junho e 20 de Julho, o Arteleku e a Fundação de Serralves vão apresentar as seguintes peças: The breast piece (Praticable), de Alice Chauchat; Ohne Worte, Extracto (Praticable), de Isabelle Schad; Performance, de Éric Duyckaerts; A long way back, de Sandra Cuesta; Shichimi Togarashi, de Juan Domínguez/ Amalia Fernández; Sono qui per l’amore, de Massimo Furlan e O decisivo na política…de Jorge Andrade."

O primeiro deve ser interessante, porque "breast piece" nos remete para mamas. Ora mamas é sempre bom e pode atrair público. Mais que uma bica de água filmada durante 1 minuto e projectada nas paredes do Museu de Serralves. "Ohne Worte" parece-me querer dizer qualquer coisa como "sem palavra" (mas acho que tem um erro de gramática, se bem que já não estou em condições de criticar). Atendendo a muita arte que por aí anda, parece-me razoável. O resto parece-me insípido. Gostava mais da minha instalação nos meus tempos de pintora de construção civil (eu avisei que era parola).

Estas palavrinhas estão aqui, no site de Serralves.

Continuo sem perceber o que é Mugatxoan, mas estas imagens podem ajudar. Ou não.




Lá está: o talento de uns é maior que o de outros e há quem ache que por dizer que um balão com umas palavras é arte, torna-se arte. Ou então a palavra "cabeça" na istalação do balão (ou essa é uma performance?) refere-se à tela acima.

Pode recorrer-se ainda ao poder da palavra para entender o que significa Mugatxoan (estas não tenho como referenciar porque recebi por e-mail):

"Mugatxoan é um projecto artístico criado pela Entrecuerpos – Mugatxoan Asociación Cultural, em 1998, construído a partir da ideia de espaço intermédio como lugar de circulação de códigos sendo, portanto, redefinido pelos movimentos contínuos e pelas deslocações a que está submetido."

E isto é suposto querer dizer que... ???

"O projecto centra-se nas manifestações artísticas dos discursos do corpo, cujo suporte é a imaterialidade, apresentando trabalhos que aparecem como a transformação de actos produzindo significados através de uma situação transitória."

Ah! Agora ficou muito mais claro... se bem que continuo sem entender! Eu sei que juízes praticam actos, mas não deve ser isso. A não ser que a cena de pugilato no tribunal de Santa Maria da Feira tenha sido uma performance.

"Em 2001, impôs-se a necessidade de se criarem novas relações que permitisse desenvolver projectos culturais reivindicativos de lugares singulares de experimentação, situação que motivou a parceria da Fundação de Serralves, no Porto."

Menos mal: agora entendi que qualquer coisa envolvia Serralves. Não sei é o que é um projecto cultural reivindicativo de lugares singulares de experimentação, mas cheira-me que me foram ao bolso e que eu gastaria aquele dinheiro a fazer coisas que valessem mais a pena e com menos peneiras.

Se esta gente falasse puto, estou em crer que se esclareceria de vez o que é Mugatxoan. Contudo, ao contrário dos camaradas de tropa do meu pai, eu não estou interessada em saber se estes nativos dizem seja o que for e muito menos se dizem mal de mim. Acho que estou a salvo de uma catanada destes tipos... a não ser que alguém entenda que isso seria uma performance gira e que simboliza o fluir do espaço para o tempo do pretérito perfeito do imaterial do sangue feito seiva no pescoço de um vegetal blogueiro. Nessa altura "Mugatxoan" seria um qualquer trocadilho com o nome Rober Mugabe... aí preocupo-me. De contrário, descobrir o que significa Mugatxoan tem a mesma importância que encontrar o Wally. Ou menos.

Só queria uma coisa: que um dia esta arte seja desmascarada como a fraude que é.

domingo, 8 de junho de 2008

O resto das fotografias e mais um bocadinho de javardice

Não sei que performance era esta, mas pelos vistos uns tipos com máscara de raposinhos a dançar é arte. Por esta altura até estou inclinada a concordar, sinceramente!


O que não ser se engulo é isto: "SPLASH - Vídeo filmado numa das fontes em frente à Casa de Serralves que regista uma acção simples, mas que pode contribuir para uma reflexão sobre a relação do museu com os seus públicos e sobre o papel de eventos como o Serralves em Festa na redefinição dessa relação. Um jacto de água produzido por uma mangueira de rega faz primeiro aproximar um conjunto de pétalas de flores, para imediatamente a seguir o fazer afastar-se. Segundo o artista, nesta festa "ao mesmo tempo que se dá uma atracção dos públicos o museu afasta-se da ideia de contemplação, talvez o seu propósito original".

O que me aborrece é que alguém foi pago para esta merda, só por vestir uma insignificância com umas palavras que parecem querer dizer algo e vender isso como arte! Mas aquilo tudo era mesmo um vídeo de 1 minuto com o jacto de água de uma fonte em Serralves. Ainda se fosse uma mijadela, eu era capaz de já considerar aquilo arte.


Os putos devem ter-se divertido à brava e ainda tiveram direito a exposição. Ora vejam as fotos. Podem não acreditar, mas dentro do museu grande havia obras bem menos elaboradas. O que me deixou estupefacta foi ver uma amiga minha a concordar comigo quando disse isso: é que ela até é das artes e come muita coisa como sendo arte... estranho!

Não sei se isto é arte, mas eu gostei. Sobretudo porque esta fotografia foi tirada com o rabo em cima de um pouf onde descansei os meus pobres chispes já cansados de tanto andar. Lá está: descansar os chispes também é arte. E se não é, passa a ser.


Fui ainda ver a exposição da fonte dos 100 peixes e tenho que dizer que gostei. Não gostei só: gostei muito! Não tenho uma foto minha para pôr aqui, simplesmente porque não era permitido tirar fotografias (deixo a que está disponível no site de Serralves). Mas a peça era lindíssima e o ruído da água a cair é absolutamente relaxante. Era o tipo de peça que eu era capaz de estar uma tarde inteira a olhar para ela. Se não foram ver, vão que vale a pena. O que é mais do que o que se pode dizer do resto da exposição.

Deixo ainda a famosa fotografia minha de corpo inteiro. O que é curioso é que eu mesma não me tinha dado conta de que tinha as pernas tão compridas. Claro que se pode dizer que era da inclinação do sol e de ser fim de dia, mas isso são só más línguas: vê-se claramente visto que eu tenho pernas compridíssimas. E eu não sou defeituosinha: aquilo são as sombras dos 50 sacos e bolsas que eu tinha aos ombros.

E fotos ainda mais giras. Digo eu. E pronto, para o ano há mais Serralves em festa!


Como Serralves saiu do armário

O que é um armário antigo cheio de bolas de naftalina? Ou um armário antigo crivado de pregos e com umas linhas ligadas?

O que será umas 10 mulheres vestidas de preto, óculos de sol pretos, com um lenço, uma mala e sapatos vermelhos?

E um jogo de futebol projectado numa tenda e relatado com músicos jazz a fazer o acompanhamento?

A resposta a todas estas questões é: é arte. Porque arte é arte. E arte é tudo aquilo que eu digo que é arte.
Eu não sei o que é arte e vivo feliz assim. Se isso me faz entendida ou não em arte, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Mas toda a gente sabe que eu gosto de ir a Serralves e que Serralves esteve em festa este fim de semana.

Eu não estive 40 horas em Serralves, mas hei-de ter estado aí umas 4-5 horitas, sábado ao fim da tarde. Por um lado gostei muito porque tinha povo de carago. Por outro lado estou habituada a ver aquilo mais sossegada... mas é sempre bom ver povo e muitas famílias. Encontrei mesmo amigos que não estava a contar e já marcamos novos encontros, pelo que foi positivo por natureza.
Em termos de arte, houve ovelhas. Mas "ovelhas" soa mal. "Moutons" é mais chique, por isso tivemos "les moutons". Era uma performance! Eu não vi a performance, mas por esta imagem toda a gente sabe que estes tipos se inspiraram na praxe da Faculdade de Engenharia do Porto, onde os caloiros comiam ervinha. Não sei o que tinha a erva, mas a alguns fez bem. Arriscar-me-ia a dizer que aqueles que comeram ervinha onde tinha cocó de cão tiveram mais sucesso profissional (e daí, talvez não). Está visto que comer erva é bom e é uma performance, mas esfregar bosta de vaca é para parolos que ainda por cima deviam saber que a "ingrícola" não está com nada. E tirei umas ideias para indumentária a adoptar se engordar uns quilinhos (dispenso o badalo).


O que vi foi umas 10 gajas vestidas de igual. A coisa estava anunciada como "Quem são estas mulheres? E o que querem elas? Será que os seus sapatos de saltos altos vermelhos põem em causa a segurança nacional? Red Ladies trazem ao Porto uma performance contínua que apresenta um grupo de mulheres vestidas de forma idêntica. Red Ladies mantêm um olhar sobre as coisas. Elas observam. Elas testemunham. Elas colhem evidências. A sua missão é celebrar o espaço público como um sítio de protesto político."

Não me pareceu que elas observassem, testemunhassem ou colhessem evidências. Muito menos me pareceu que pusessem em causa a segurança nacional e menos ainda que fizessem algo aparentado com um protesto político. Mas pelos vistos eu sou uma parolona que não percebe nada de arte. E vivo feliz assim! Uma coisa é certa: correr com aquele saltos não é para meninos. Filmei um vídeo da alegada performance e sou capaz de o tentar pôr no youtube.


Uma outra performance que não vi foi "Do not play music through your mobile phone loudspeaker. It doesn´t make you cool. It makes you fucking annoying" e tive pena. De onde se conclui que o dirty talk não é de parolos está na moda e é arte (especialmente se dito em "estrangeiro". Ou seja, vou ter que começar a escrever palavrões para acompanhar a arte. Ora parece que me basta traduzir este post (que me deu um gozo incrível escrever!).

Ficam a saber quando forem fazer um pic-nic que não é só um pic-nic: pode ser uma performance, basta travestir a coisa da maneira certa. No caso, ser palavroso: "Pic-nic - O projecto resume-se a colocar uma mesa de merenda no parque de Serralves, sublinhando o carácter iminentemente popular do Serralves em Festa, mas também a forma como a instituição museológica tudo transforma em obra de arte, podendo aquele objecto ser confundido com uma escultura, e os usos que dele se fizerem com uma performance". O que reforça o que eu disse: arte é tudo e tudo é arte. Eu ia dizer uma porcaria qualquer como uma ida à cagadeira pode ser arte, mas tenho a certeza que alguém já pensou nisso e fez mesmo uma performance. Tristeza...

E porque é que Serralves saiu do armário? Bem, eu não sei se saiu do armário. Mas lá que os armários sairam para Serralves, sairam! Porque estes e outros estavam no jardim. A fazer o quê? Não sei: é arte! E arte é tudo o que o Serralves diz que é arte. Nem que seja bolas de naftalina ou camélias meias murchas dentro de um armário.

Se arte é tudo e tudo é arte, um jogo de futebol também é arte. Especialmente quando ganhamos 2-0! Afinal o futebol não é parolice: é mesmo arte! Não tenho muitas fotografias desta performance porque estava num sítio muito fraquinho. E também porque só estive lá cerca de 5 minutos: tinha um convite para sushi! E não se diz não a um convite para sushi.


Chamo a atenção que o meu próximo post além de ter mais arte tem também fotografias a que achei mais piada... e uma minha de corpo inteiro...

domingo, 1 de junho de 2008

Reportagem fotográfica de Serralves (menos a performance)

O Herr Krippmeister acha que a minha mania de tirar fotografias às minhas trombas é uma performance (mesmo afinal sendo perto de 400 fotos e não 100 como tinha pensado). Eu perdoo-lhe porque ele é artista, é lindo, tem um rabo jeitoso e olhos de gato... e eu tenho dificuldade em contrariar homens de olhos de gato. Não sendo bem assim, também não interessa porque não vou partilhar as fotos com ninguém. Mas vou partilhar estas.

Naturezas várias. E o dia nem estava assim especial. Imaginem se estivesse!
Morangos silvestres. Ou morangos selvagens? Há um filme com esse nome. Só espero que não seja um filme pornográfico, senão estraga o momento, mas realmente não me lembro! Eram bons. Comi muitos quando era pequenina.


Ir a Serralves mergulhar nos jardins não está completo quando não se vai à casa de chá. Fiquei inicialmente confusa a pensar que faltava a chávena (ver foto de cima). Quando tirei o bule é que reparei que a chávena estava em baixo. Para ser mesmo mesmo genial só era preciso porem a pega para cima, porque ia deixando cair aquela porcaria por ter a pega ao contrário. Mas é lindo e gostava de comprar um igual.

Esta tem direito a foto sozinha. É da latada (?) daquelas florzinhas que me esquece o nome na casa de chá.


Serralves à noite. Nesta noite tive muitíssima pena de ser uma pobre desculpa para fotógrafa porque queria imortalizar certas cenas. Mas cada qual é para o que nasce (pelo menos até me dar ao trabalho de aprender a tirar fotografias à noite).

Há várias maneiras de percorrer o mesmo caminho. Ou mesmo grandes desvios para fazer para chegar a sítios parecidos ao que queríamos percorrer, mesmo porque o caminho pretendido só tem aquela estrada. Podem ser mais incertos, mais irregulares e mais solitários, mas o destino será na certa lindo na mesma.

Novo interesse em Serralves

Não fui fazer nada de novo a Serralves: fui ver os jardins, de máquina fotográfica na mão e com a firme intenção de ir ver a exposição que já lá está há um tempo e que me parece não ter interesse maior que uma rapidinha e um post trocista.

Costumo medir em parte o meu humor pela quantidade de fotografias que tiro, havendo oportunidades de fotografia. Devo ter tirado umas 100. Não sei o que é que isto diz, mas em 98% das fotos que tirei, o objecto era eu. Virei a máquina para mim e fotografei o meu rosto de vários ângulos e a várias luzes.

Apercebi-me que era essa a parte mais importante da visita quando me acabou a bateria: não tinha mais interesse, por isso vim-me embora sem ver exposição nenhuma.

As fotografias não estavam melhores nem piores que em outros dias. Eu não estava mais bonita nem mais feia que nos outros dias. Mas gostei mais de me fotografar e das fotografias. E, como muitos artistas que para aí andam... não quero saber que compreendam a minha arte: eu gostei e já me chega e sobra.

Escreverei um post mais tarde com as fotos que de facto posso mostrar (claro que nenhuma minha). Estava um dia glorioso em Serralves.

Já agora, fica a informação: para a semana que vem Serralves está aberta 40 horas no sábado e domingo. Todo o dia e toda a noite... o Sr. Serralves é potente, carago! Se puderem vão, que vai valer a pena.

domingo, 4 de maio de 2008

Rapidinha a Serralves

Nem só de rapidinhas a Lisboa vive uma Abobrinha: também dei uma rapidinha a Serralves. É que, como tenho o cartão de amiga de Serralves, posso entrar e sair quando quero e me apetece, pelo que fui gozar os rendimentos para os jardins.

Ainda pensei em visitar a exposição, mas pensei que os 15 minutos que ia dedicar àquilo seriam demais para um dia tão bonito lá fora e fui tomar um chazinho à casa de chá do Siza. Um bom investimento: os anti-oxidantes e o sossego hão-de ter-me acrescentado mais uns minutos de vida. Pena estar nervosa porque tinha o computador sem bateria e perdi irreparavelmente a discussão no blogue do Ludwig, pelo que a vantagem se anulou.

Ou seja, fica a exposição para a próxima. Em princípio para o próximo fim de semana e vou ver se peço os meus sobrinhos emprestados para ter a perspectiva de duas crianças que ainda por cima são como a tia: sem papas na língua!
De qualquer modo fica a fotografia que demonstra que o Porto está claramente à frente de Lisboa (e do mundo!) em termos de design: depois do descapotável, apresento-vos o descaportável! Ou seja, sem tejadilho nem portas! Digam lá se não é muito à frente! Meus amigos, portas é para os parolos!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mais vale manter um burro a pão-de-ló que aturar um camelo de duas patas

Nem todos os burros precisam de abraços e a maioria deles não se apercebe que não tem pés. São burros! Os de Serralves são de dois tipos: os que visitam exposições de arte contemporânea e os que têm quatro patas.

Serralves tem uma fauna e flora muito próprias. No campo de flora tem umas árvores lindíssimas e a propósito das quais ia fazer um post lamechas (mas é melhor não, senão espanto a freguesia: choradeira tem limites!) e uns espelhos. ESPELHOS??? Sim: são umas esculturas giríssimas plantadas numa parte do jardim, de que não mostro fotografias porque... bem, porque fiquei reflectida na fotografia, claro!


Para o fundo do parque de Serralves um certo engenheiro civil inaugurou uns estábulos. Muito se podia gozar à volta de estábulos e este engenheiro civil, mas as críticas sociais que me interessam não são essas. Só digo que o feno que lá estava dentro cheirava tão bem que eu mesma senti vontade de tirar um bocadinho e comer. Aposto que não engorda nada e tem imensa fibra!


Os estábulos eram de uma ovelhas sujas e horrorosas e de outros bichinhos de quatro patas. A ver os de quatro patas dentro de um cercado estavam bichinhos de duas patas, como esta vossa amiga.


Não sei se por sentir algum tipo de afinidade com eles ultimamente (e já há um tempo, no Parque Biológico de Gaia), fui ter com o burro. Ninguém me apresentou formalmente este burro, pelo que vou tomar a liberdade de o tratar por Comunidades (ver o post sobre o burrinho Luís). O Comunidades era feiote, coitadinho. E estava a precisar de um banho! Mas mesmo assim despertou-me instintos de ternura e coloquei a mão perto do focinho dele, à espera que ele me desse um carinho e me deixasse passar a mão pelo focinhito. Apanhei um susto de morte quando ele de repente mandou os lábios à frente e me tentou provar a mão! Chama-lhe burro! Eu sei que sou deliciosa, mas não exageremos!




O Comunidades acabou por me permitir um afago rápido na parte sedosa do focinho sem tentar mais daquelas entradas tipo french kiss (não, não tinha língua envolvida, mas por acaso fiquei curiosa!). E possivelmente teríamos ficado ali à conversa a tarde toda (tínhamos muito que falar, está bom de ver) se um camelo de duas patas não tivesse começado a gritar muito alto "burro! Burro!". O Comunidades deu-se às dores e foi ver o que queria o outro.

O outro queria mostrar como era um burro às duas criancinhas que tinha com ele. Tinha um sotaque lisboeta extremamente acentuado e devia ser (pelos padrões do Mário Lino) da margem sul! Não é que se vira para a filha e diz para ela dar bolachas ao burro? OK, a pequenina deu-te um pedacinho de bolacha. Fiquei um bocado "coisa" de ver um adulto a deseducar uma criança (porque não se deve alimentar assim os animais com comida da nossa) mas não disse nada. Agora quando o camelo aparece com aí umas 8 bolachas Maria eu já não me aguentei: disse-lhe para não dar as bolachas ao burro, que lhe podia fazer mal. Não sei se faria mal, mas não me parece bem alimentar bichos assim. E a bolachas? Por favor! Tanto quanto sei , a expressão "manter um burro a pão-de-ló" é mesmo só uma expressão!

A vida animal é um espanto! Mas tem os mesmos problemas e as mesmas motivações que a vida dos humanos: sexo e luxúria (dinheiro acho que não). Este cidadão bovino, por exemplo, pode até montar várias vacas, mas (a julgar pela armadura) as mulheres também não lhe são fieis! Diria mais: corneiam-no forte e feio! Aquilo deve fazer dores de cabeça, carago! Mas que grandes vacas!



E quando eu pensava que sabia tudo sobre vacas, eis que reconsidero: afinal não são só os cães que conseguem lamber os tomates! Afinal aquele corpanzil todo não é só para ruminar e mandar ervas de estómago para estómago: é para manter um cérebro cheio de pensamentos porcos! Isto aumenta consideravelmente o prestígio dos vegetarianos, digo eu!


E por agora that's all folks! Obrigada por me aturarem. Vou ver se recupero a estaleca em breve.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O Jorge Fiel até pode ser má língua, mas é uma moca!

NOTA PRÉVIA: Por haver quem não seja capaz de distinguir uma piada nem que ela venha coberta de post-its de várias cores a dizer "isto é uma piada" e guizinhos a assinalar a sua presença, como os leprosos, deixo aqui o esclarecimento que a piada de o Jorge Fiel ser má língua se deve só à fotografia que deixei há 2 posts e que roubei do blogue Bússola. E mai'nada! Não tenho conhecimento do Jorge Fiel mais do que pelo que ele escreve. E aí não é má língua, muito pelo contrário.

20-1-2008

_____________________________________________________

Só por inveja vou copiar o post dele na bússola sobre Serralves. É mais que genial! Até tenho medo de ir a Serralves (faz tempo que lá não entro) por ter receio de não conseguir acompanhar a javardice do Jorge Fiel.


Mas lá que posso tentar, posso! Mesmo porque naqueles jardins magníficos, naquele museu, naquela Casa de Serralves (na foto acima, mas estranhamente a foto não lhe faz justiça, apesar de estar muito boa) e na casa de chá do Siza Vieira a falta de luz característica desta altura poderá parecer menos grave! Para quem não pode e está algures em países escuros, sugiro ao menos a visita ao site. Piquem em cima à direita nas ligações casa, museu e por aí adiante para não apanharem um ataque de enfado com as exposições: mas que seca! Arte contemporânea o tantas: a gente quer é ver coisas palpáveis, não almofadas a fazer coisas sinistras a portas no meio do chão!


Suponho que o Jorge Fiel seja a pessoa errada para me meter uma cunha em Serralves para a minha exposição à volta do dente podre! Não por ser má língua, mas por ser pelo menos tão javardo como eu (e possivelmente porque o pessoal em Serralves não funciona por cunhas, mas isso é só um palpite)! Mas é pena porque ia ser genial e didáctico! Aqui vai disto:

"Como Rauschenberg me levou a pensar que a rota de Serralves está a precisar de uma pequena correcção


A exposição «Em viagem 70-76» de Robert Rauschenberg, que está no Museu de Serralves até ao início da Primavera, é importante para perceber o caminho percorrido pelas vanguardas artísticas, desde o «ready made» de Duchamp.

A vida é feita de convenções, de datas erigidas em marcos de mudança.

O derrube do muro de Berlim, em 1989, foi eleito como o acontecimento que marca o fim do sonho (e consequentes pesadelos) da Revolução Russa de 1917.

O assassinato do arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, é aceite como a causa próxima da II Guerra Mundial.

Para facilitar as coisas, vamos assumir que o urinol industrial que Marcel Duchamp autografou e transformou em obra de arte é acto fundador do triunfo da arte «ready made», popularizado pelas caixas Brillo e as latas de sopa de tomate Campbell de Andy Warhol.

A exposição de Rauschenberg, em Serralves, mostra-nos os passos seguintes da viagem da arte que libertou o objecto encontrado de Duchamp.

Corda, cordel, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areia, tinta fluorescente, garrafões de vida, baldes metálicos e varapaus são a matéria prima dos 65 trabalhos expostos que transformam as belas salas de Serralves em praias juncadas pelos despojos de um naufrágio trazidos pelas marés.

Com a sua competência e conhecimento, João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, explica-nos que «a obra de Rauschenberg adquiriu uma importância fundamental na desconstrução do ensimesmamento e da autonomia com que o expressionismo abstracto do pós guerra tinham isolado a arte e a vida».

De tudo isto se conclui que vale a pena ir a Serralves para se ser surpreendido por Rauschenberg, mas que, na minha opinião, não se deve elevar muito a fasquia das expectativas.

José Manuel dos Santos (JMS), no Expresso, conclui a sua recensão critica da «Em Viagem 70-76» com uma frase sonora, muito bonita e extremamente bem acabada: «Afinal, que é o Mundo senão a imagem desfigurada (e disforme) de si mesmo? É isto que esta exposição nos diz na sua violenta sinceridade».

Quem sou eu para contrariar JMS ? Não estou em condições de negar que o Mundo seja afinal uma imagem disfugurada e disforme de si próprio. E longe de mim contestar «a violenta sinceridade» da exposição.

Apenas tenha a confessar, que por minha única e exclusiva responsabilidade da minha fraca utensilagem intelectual, a exposição não me disse a mim o mesmo que disse a JMS.

Lamento isso. E lamento também que não tenha visto nos 65 trabalhos de Rauschenberg, naquelas cordas, cordéis, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areias, tinta fluorescente, baldes metálicos, garrafões de vidro e varapaus, «a exactidão do olhar que se materializa, a pureza do gesto que cai, a certeza da ideia que morre, o ímpeto do avanço que recua, a simultaneidade do instante e da sua fuga». (1)

A exposição de Rauschenberg é importante para percebermos o percurso das vanguardas artísticas, o que não quer dizer que gostemos do caminho que elas estão a trilhar. Não é uma exposição fácil, sexy ou atractiva aos olhos do grande público.

Chegado a este ponto, confesso que estou a usar Rauschenberg para expressar o meu sentimento de que a linha geral da programação de Serralves talvez precise de uma pequena correcção na sua rota.

Serralves disputa taco a taco com os Coches o titulo de mais visitado dos museus portugueses, mas é, sem sombra de dúvida, o museu mais visitados por portugueses.

São portugueses cerca de 95% dos visitantes que no ano passado demandaram Serralves, enquanto que são estrangeiras mais de 40% das pessoas que vão ao Museu dos Coches.

Serralves é não só um dos principais imãs de atracção de turismo interno à nossa cidade, como ainda é a par do FC Porto, da Casa da Música e do Vinho do Porto, uma das principais e vigorosas componentes do carácter da marca Porto.

Tem, por isso, uma enorme responsabilidade.

A oferta de museus do Porto assenta em dois pilares (Serralves e Soares dos Reis) complementados por uma gama razoavelmente variada de pequenas instituições, como o Museu Romântico.

O Soares dos Reis tem uma colecção interessante, onde convivem pintura naturalista, ourivesaria e escultura, mas que temporalmente fica às portas do século XX.

Serralves foi baptizado Museu de Arte Contemporânea, uma razão social que é muito traiçoeira.

Eu comprei o LP dos Velvet Underground com a capa da banana desenhado por Andy Warhol e sou contemporâneo de Picasso, Vieira da Silva e Magritte. O meu filho João não é contemporâneo de nenhum destes quatro artistas. Os meus tios são contemporâneos do Amadeu e eu não.

Apesar do âmbito cronológico da palavra contemporânea ser móvel, parece-me claro que Serralves o deve interpretar num sentido largo, deixando flutuar até ao pós II Guerra Mundial. Mesmo assim deixa a oferta museológica do Porto com o flanco desguarnecido no rico período da primeira metade do século passado.

Uma vista de olhos pelo «top five» das mais exposições mais vistas no nosso país, permite uma outra reflexão.

1. Paula Rego, 157 mil visitantes, Serralves 2004

2. In the Rough, Imagens da Natureza através dos Tempos na Colecção Boijmans 130 mil visitantes, Serralves 2001

3. Francis Bacon, 101 mil visitantes, Serralves , 2003

4. Amadeo, 100 mil visitantes, Gulbenkian, 2006

5. Andy Warhol, 75 mil, Serralves 2000

Vai para quatro anos que Serralves não alberga uma exposição campeã de bilheteira. Ora a capacidade de atracção turística do Porto precisa dessas exposições «mainstream». Talvez por isso, a linha geral da programação de Serralves careça de uma pequena correcção de rota.

Devemos estar satisfeitos com os 350 mil visitantes que Serralves atraiu em 2007. Mas não podemos perder de vista os 250 mil visitantes que a colecção Berardo recebeu no segundo semestre do ano passado.

A oferta de Serralves tem de combinar Rauschenberg com pelo menos uma exposição anual de grande público.


Jorge Fiel

http://www.lavandaria.blogs.sapo.pt/


………………………………….

(1) Não sei porquê, mas quando li este parágrafo da magnifica crónica de JMS fui assaltado pela seguinte interrogação: será disparatado submeter os críticos de arte a um controlo anti-doping?"

Só uma nota em relação ao controlo anti-doping dos críticos de arte, o João Fernandes fuma como se não houvesse amanhã. Não sei se faz diferença, mas lá que não deve fazer bem não deve!
E não creio que o Jorge Fiel esteja pouco equipado para compreender a arte contemporânea. O que eu creio é que parte (grande parte!) desta é uma valente bosta!

Nota mental: sua estúpida, ainda não entraste no Museu Soares dos Reis nem no Museu Romântico! Estás à espera exactamente de quê? (Não liguem, eu trato-me muito mal)