20-1-2008
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Só por inveja vou copiar o post dele na bússola sobre Serralves. É mais que genial! Até tenho medo de ir a Serralves (faz tempo que lá não entro) por ter receio de não conseguir acompanhar a javardice do Jorge Fiel.
Mas lá que posso tentar, posso! Mesmo porque naqueles jardins magníficos, naquele museu, naquela Casa de Serralves (na foto acima, mas estranhamente a foto não lhe faz justiça, apesar de estar muito boa) e na casa de chá do Siza Vieira a falta de luz característica desta altura poderá parecer menos grave! Para quem não pode e está algures em países escuros, sugiro ao menos a visita ao site. Piquem em cima à direita nas ligações casa, museu e por aí adiante para não apanharem um ataque de enfado com as exposições: mas que seca! Arte contemporânea o tantas: a gente quer é ver coisas palpáveis, não almofadas a fazer coisas sinistras a portas no meio do chão!
Suponho que o Jorge Fiel seja a pessoa errada para me meter uma cunha em Serralves para a minha exposição à volta do dente podre! Não por ser má língua, mas por ser pelo menos tão javardo como eu (e possivelmente porque o pessoal em Serralves não funciona por cunhas, mas isso é só um palpite)! Mas é pena porque ia ser genial e didáctico! Aqui vai disto:
"Como Rauschenberg me levou a pensar que a rota de Serralves está a precisar de uma pequena correcção
A exposição «Em viagem 70-76» de Robert Rauschenberg, que está no Museu de Serralves até ao início da Primavera, é importante para perceber o caminho percorrido pelas vanguardas artísticas, desde o «ready made» de Duchamp.
A vida é feita de convenções, de datas erigidas em marcos de mudança.
O derrube do muro de Berlim, em 1989, foi eleito como o acontecimento que marca o fim do sonho (e consequentes pesadelos) da Revolução Russa de 1917.
O assassinato do arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, é aceite como a causa próxima da II Guerra Mundial.
Para facilitar as coisas, vamos assumir que o urinol industrial que Marcel Duchamp autografou e transformou em obra de arte é acto fundador do triunfo da arte «ready made», popularizado pelas caixas Brillo e as latas de sopa de tomate Campbell de Andy Warhol.
A exposição de Rauschenberg, em Serralves, mostra-nos os passos seguintes da viagem da arte que libertou o objecto encontrado de Duchamp.
Corda, cordel, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areia, tinta fluorescente, garrafões de vida, baldes metálicos e varapaus são a matéria prima dos 65 trabalhos expostos que transformam as belas salas de Serralves em praias juncadas pelos despojos de um naufrágio trazidos pelas marés.
Com a sua competência e conhecimento, João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, explica-nos que «a obra de Rauschenberg adquiriu uma importância fundamental na desconstrução do ensimesmamento e da autonomia com que o expressionismo abstracto do pós guerra tinham isolado a arte e a vida».
De tudo isto se conclui que vale a pena ir a Serralves para se ser surpreendido por Rauschenberg, mas que, na minha opinião, não se deve elevar muito a fasquia das expectativas.
José Manuel dos Santos (JMS), no Expresso, conclui a sua recensão critica da «Em Viagem 70-76» com uma frase sonora, muito bonita e extremamente bem acabada: «Afinal, que é o Mundo senão a imagem desfigurada (e disforme) de si mesmo? É isto que esta exposição nos diz na sua violenta sinceridade».
Quem sou eu para contrariar JMS ? Não estou em condições de negar que o Mundo seja afinal uma imagem disfugurada e disforme de si próprio. E longe de mim contestar «a violenta sinceridade» da exposição.
Apenas tenha a confessar, que por minha única e exclusiva responsabilidade da minha fraca utensilagem intelectual, a exposição não me disse a mim o mesmo que disse a JMS.
Lamento isso. E lamento também que não tenha visto nos 65 trabalhos de Rauschenberg, naquelas cordas, cordéis, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areias, tinta fluorescente, baldes metálicos, garrafões de vidro e varapaus, «a exactidão do olhar que se materializa, a pureza do gesto que cai, a certeza da ideia que morre, o ímpeto do avanço que recua, a simultaneidade do instante e da sua fuga». (1)
A exposição de Rauschenberg é importante para percebermos o percurso das vanguardas artísticas, o que não quer dizer que gostemos do caminho que elas estão a trilhar. Não é uma exposição fácil, sexy ou atractiva aos olhos do grande público.
Chegado a este ponto, confesso que estou a usar Rauschenberg para expressar o meu sentimento de que a linha geral da programação de Serralves talvez precise de uma pequena correcção na sua rota.
Serralves disputa taco a taco com os Coches o titulo de mais visitado dos museus portugueses, mas é, sem sombra de dúvida, o museu mais visitados por portugueses.
São portugueses cerca de 95% dos visitantes que no ano passado demandaram Serralves, enquanto que são estrangeiras mais de 40% das pessoas que vão ao Museu dos Coches.
Serralves é não só um dos principais imãs de atracção de turismo interno à nossa cidade, como ainda é a par do FC Porto, da Casa da Música e do Vinho do Porto, uma das principais e vigorosas componentes do carácter da marca Porto.
Tem, por isso, uma enorme responsabilidade.
A oferta de museus do Porto assenta em dois pilares (Serralves e Soares dos Reis) complementados por uma gama razoavelmente variada de pequenas instituições, como o Museu Romântico.
O Soares dos Reis tem uma colecção interessante, onde convivem pintura naturalista, ourivesaria e escultura, mas que temporalmente fica às portas do século XX.
Serralves foi baptizado Museu de Arte Contemporânea, uma razão social que é muito traiçoeira.
Eu comprei o LP dos Velvet Underground com a capa da banana desenhado por Andy Warhol e sou contemporâneo de Picasso, Vieira da Silva e Magritte. O meu filho João não é contemporâneo de nenhum destes quatro artistas. Os meus tios são contemporâneos do Amadeu e eu não.
Apesar do âmbito cronológico da palavra contemporânea ser móvel, parece-me claro que Serralves o deve interpretar num sentido largo, deixando flutuar até ao pós II Guerra Mundial. Mesmo assim deixa a oferta museológica do Porto com o flanco desguarnecido no rico período da primeira metade do século passado.
Uma vista de olhos pelo «top five» das mais exposições mais vistas no nosso país, permite uma outra reflexão.
1. Paula Rego, 157 mil visitantes, Serralves 2004
2. In the Rough, Imagens da Natureza através dos Tempos na Colecção Boijmans 130 mil visitantes, Serralves 2001
3. Francis Bacon, 101 mil visitantes, Serralves , 2003
4. Amadeo, 100 mil visitantes, Gulbenkian, 2006
5. Andy Warhol, 75 mil, Serralves 2000
Vai para quatro anos que Serralves não alberga uma exposição campeã de bilheteira. Ora a capacidade de atracção turística do Porto precisa dessas exposições «mainstream». Talvez por isso, a linha geral da programação de Serralves careça de uma pequena correcção de rota.
Devemos estar satisfeitos com os 350 mil visitantes que Serralves atraiu em 2007. Mas não podemos perder de vista os 250 mil visitantes que a colecção Berardo recebeu no segundo semestre do ano passado.
A oferta de Serralves tem de combinar Rauschenberg com pelo menos uma exposição anual de grande público.
Jorge Fiel
http://www.lavandaria.blogs.sapo.pt/
………………………………….
(1) Não sei porquê, mas quando li este parágrafo da magnifica crónica de JMS fui assaltado pela seguinte interrogação: será disparatado submeter os críticos de arte a um controlo anti-doping?"
A vida é feita de convenções, de datas erigidas em marcos de mudança.
O derrube do muro de Berlim, em 1989, foi eleito como o acontecimento que marca o fim do sonho (e consequentes pesadelos) da Revolução Russa de 1917.
O assassinato do arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, é aceite como a causa próxima da II Guerra Mundial.
Para facilitar as coisas, vamos assumir que o urinol industrial que Marcel Duchamp autografou e transformou em obra de arte é acto fundador do triunfo da arte «ready made», popularizado pelas caixas Brillo e as latas de sopa de tomate Campbell de Andy Warhol.
A exposição de Rauschenberg, em Serralves, mostra-nos os passos seguintes da viagem da arte que libertou o objecto encontrado de Duchamp.
Corda, cordel, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areia, tinta fluorescente, garrafões de vida, baldes metálicos e varapaus são a matéria prima dos 65 trabalhos expostos que transformam as belas salas de Serralves em praias juncadas pelos despojos de um naufrágio trazidos pelas marés.
Com a sua competência e conhecimento, João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, explica-nos que «a obra de Rauschenberg adquiriu uma importância fundamental na desconstrução do ensimesmamento e da autonomia com que o expressionismo abstracto do pós guerra tinham isolado a arte e a vida».
De tudo isto se conclui que vale a pena ir a Serralves para se ser surpreendido por Rauschenberg, mas que, na minha opinião, não se deve elevar muito a fasquia das expectativas.
José Manuel dos Santos (JMS), no Expresso, conclui a sua recensão critica da «Em Viagem 70-76» com uma frase sonora, muito bonita e extremamente bem acabada: «Afinal, que é o Mundo senão a imagem desfigurada (e disforme) de si mesmo? É isto que esta exposição nos diz na sua violenta sinceridade».
Quem sou eu para contrariar JMS ? Não estou em condições de negar que o Mundo seja afinal uma imagem disfugurada e disforme de si próprio. E longe de mim contestar «a violenta sinceridade» da exposição.
Apenas tenha a confessar, que por minha única e exclusiva responsabilidade da minha fraca utensilagem intelectual, a exposição não me disse a mim o mesmo que disse a JMS.
Lamento isso. E lamento também que não tenha visto nos 65 trabalhos de Rauschenberg, naquelas cordas, cordéis, pedras, pneus, caixas, tecidos, bicicletas, areias, tinta fluorescente, baldes metálicos, garrafões de vidro e varapaus, «a exactidão do olhar que se materializa, a pureza do gesto que cai, a certeza da ideia que morre, o ímpeto do avanço que recua, a simultaneidade do instante e da sua fuga». (1)
A exposição de Rauschenberg é importante para percebermos o percurso das vanguardas artísticas, o que não quer dizer que gostemos do caminho que elas estão a trilhar. Não é uma exposição fácil, sexy ou atractiva aos olhos do grande público.
Chegado a este ponto, confesso que estou a usar Rauschenberg para expressar o meu sentimento de que a linha geral da programação de Serralves talvez precise de uma pequena correcção na sua rota.
Serralves disputa taco a taco com os Coches o titulo de mais visitado dos museus portugueses, mas é, sem sombra de dúvida, o museu mais visitados por portugueses.
São portugueses cerca de 95% dos visitantes que no ano passado demandaram Serralves, enquanto que são estrangeiras mais de 40% das pessoas que vão ao Museu dos Coches.
Serralves é não só um dos principais imãs de atracção de turismo interno à nossa cidade, como ainda é a par do FC Porto, da Casa da Música e do Vinho do Porto, uma das principais e vigorosas componentes do carácter da marca Porto.
Tem, por isso, uma enorme responsabilidade.
A oferta de museus do Porto assenta em dois pilares (Serralves e Soares dos Reis) complementados por uma gama razoavelmente variada de pequenas instituições, como o Museu Romântico.
O Soares dos Reis tem uma colecção interessante, onde convivem pintura naturalista, ourivesaria e escultura, mas que temporalmente fica às portas do século XX.
Serralves foi baptizado Museu de Arte Contemporânea, uma razão social que é muito traiçoeira.
Eu comprei o LP dos Velvet Underground com a capa da banana desenhado por Andy Warhol e sou contemporâneo de Picasso, Vieira da Silva e Magritte. O meu filho João não é contemporâneo de nenhum destes quatro artistas. Os meus tios são contemporâneos do Amadeu e eu não.
Apesar do âmbito cronológico da palavra contemporânea ser móvel, parece-me claro que Serralves o deve interpretar num sentido largo, deixando flutuar até ao pós II Guerra Mundial. Mesmo assim deixa a oferta museológica do Porto com o flanco desguarnecido no rico período da primeira metade do século passado.
Uma vista de olhos pelo «top five» das mais exposições mais vistas no nosso país, permite uma outra reflexão.
1. Paula Rego, 157 mil visitantes, Serralves 2004
2. In the Rough, Imagens da Natureza através dos Tempos na Colecção Boijmans 130 mil visitantes, Serralves 2001
3. Francis Bacon, 101 mil visitantes, Serralves , 2003
4. Amadeo, 100 mil visitantes, Gulbenkian, 2006
5. Andy Warhol, 75 mil, Serralves 2000
Vai para quatro anos que Serralves não alberga uma exposição campeã de bilheteira. Ora a capacidade de atracção turística do Porto precisa dessas exposições «mainstream». Talvez por isso, a linha geral da programação de Serralves careça de uma pequena correcção de rota.
Devemos estar satisfeitos com os 350 mil visitantes que Serralves atraiu em 2007. Mas não podemos perder de vista os 250 mil visitantes que a colecção Berardo recebeu no segundo semestre do ano passado.
A oferta de Serralves tem de combinar Rauschenberg com pelo menos uma exposição anual de grande público.
Jorge Fiel
http://www.lavandaria.blogs.sapo.pt/
………………………………….
(1) Não sei porquê, mas quando li este parágrafo da magnifica crónica de JMS fui assaltado pela seguinte interrogação: será disparatado submeter os críticos de arte a um controlo anti-doping?"
Só uma nota em relação ao controlo anti-doping dos críticos de arte, o João Fernandes fuma como se não houvesse amanhã. Não sei se faz diferença, mas lá que não deve fazer bem não deve!
E não creio que o Jorge Fiel esteja pouco equipado para compreender a arte contemporânea. O que eu creio é que parte (grande parte!) desta é uma valente bosta!
Nota mental: sua estúpida, ainda não entraste no Museu Soares dos Reis nem no Museu Romântico! Estás à espera exactamente de quê? (Não liguem, eu trato-me muito mal)
9 comentários:
Mais uma vez obrigado pela atenção! mas não vale a pena exagerar, senão qualquer dia quero-te ir à pevide!
Caro jorge,
Você escreveu:
"Serralves é não só um dos principais imãs de atracção de turismo interno à nossa cidade, como ainda é a par do FC Porto, da Casa da Música e do Vinho do Porto, uma das principais e vigorosas componentes do carácter da marca FC Porto."
Imagino que terá sido uma gaffe, mas pelo sim pelo não, como portuense, contraponho que Serralves faz parte da marca Porto, mas nunca fara parte da marca FCPorto. Porto e FCPorto são coisas completamente distintas, embora nas últimas décadas se tenha prejudicado muito a primeira para favorecer a segunda, e se tenha tentado passar a imagem que que ambas representavam a mesma coisa.
Um abraço
http://zumzummatamoscas.blogspot.com/
Caro Jorge má língua
Esclareço que este Jorge deste post é o Jorge Fiel, o meu Guru das cousas dos blogues. Não é um trollzito de meia tijela que não sabe insultar nem bajular uma gaja. Não sei se por falta de talento ou se por estarmos em época de testes no liceu. Não sei porquê, imagino que esteja com dificuldades em Português, Inglês e Francês: tudo línguas! E sabe que mais? Nem quero saber!
Não imagino porque é que a dada altura cheguei a pensar que o preclaro faria chichi sentado. Uma mulher teria muito mais categoria a insultar... dito isto... também a maioria dos homens! Pelo que não estou a vê-lo comer mais que pevides das que vêm em pacotes, prontamente embaladas e vendidas numa grande superfície.
Até agora o preclaro não mostrou talento nenhum de jeito: não entretém, não manda bocas de jeito, não insulta em condições... anda para aqui, simplesmente, tipo alma penada! É um triste! Cresça e apareça. O liceu não dura para sempre, não se preocupe!
ZumZum
O Jorge Fiel enganou-se e só deu conta do engano depois de eu ter "pedido emprestado" o post. Já corrigi também neste texto. Curiosamente eu não me tinha dado conta.
A vantagem do blogue lavandaria sobre o bússola é que a confusão entre FC Porto e Porto é menor no primeiro (espero que a coisa se mantenha). Às vezes escrevem coisas no bússola a confundir FC Porto com Porto que fazem qualquer ateu com dois neurónios meios dormentes benzer-se repetida e descontroladamente...
Abobrinha,
Você anda prá ai a dizer aos 7 ventos que o guru é um má lingua.
Apesar de não ser da minha conta, eu tenho uma ligeira suspeita que você ainda não o experimentou, e anda a denegrir a imagem do, até então, ilustre JF.
Tenha lá cuidado com a lingua, principalmente a do outros,
http://zumzummatamoscas.blogspot.com/
ZumZum
Não fui eu que me deixei fotografar com a língua de fora no mercado do Bolhão (não sei se viu, mas foi essa a origem do rumor)! Além de que sempre esclareci que era um título exagerado, mesmo só para efeitos dramáticos.
Dito isto, tem uma certa razão: há pessoas que não sabem ver o que é uma piada nem que esta lhes entre pelos olhos dentro. Acho que vou acrescentar uma nota neste post, pelo menos a fazer referência à origem do rumor.
A grande questão é que eu não provei nada do Jorge Fiel que não seja público (isto é, o que ele escreve, que é o mesmo que você e montes de leitores provam): acho homens casados pouco interessantes na óptica do utilisador. O problema é quando mentes doentes começam a pensar coisas que não devem.
Grande moca ??? ainda não viste a minha....!!!!
Jorge-da-má-língua
A avaliar pelo jeitinho, há muito tempo que ninguém lhe vê a moca! Se é que alguém já a viu voluntariamente.
Já recebeu as notas dos testes? Na volta é por isso que está tão stressado: o liceu é lixado!
abobrinha,
Fez bem em colocar o aviso.
O vermelho foi uma cor bem escolhida, pois chama a atenção e assim mais ninguém mete a má lingua.
http://zumzummatamoscas.blogspot.com/
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