Vi a miúda a sair do carro e a precipitar-se entusiasmada para a porta. Eram 10 e tal da noite de sábado. Era parecida comigo, mais ou menos da minha idade possivelmente (se bem que me pareceu qualquer coisa mais nova). Aliás, se a descrevesse no geral, podia estar a descrever-me a mim.
A porta da farmácia afinal não era o objectivo dela, mesmo porque estava fechada. O objectivo dela era a máquina de compra de preservativos e o motivo do sorriso estranho no rosto dela. Sorri a pensar nisso e olhei casualmente para o carro.
Dentro do carro estava um homem com aspecto de ter idade para ser pai dela. E sorria. Mas um sorriso diferente. Um sorriso de triunfo. Não sei se teria sido um sorriso de "eu nem acredito que isto me está a acontecer", mas senti algo de errado naquele sorriso. E pensei que se aquela máquina falasse, teria muito para contar. Afinal, aquelas máquinas são para emergências, e não geralmente para actos deliberados. Já me dirigi a uma porque uma amiga olhava para ela mas não tinha coragem de avançar para lá com tanta gente (2 pessoas) a olhar. Diz ela que lhes deu bom uso e eu acredito. Tudo o resto correu mal, mas ao menos naquela noite ela foi feliz.
Não consegui deixar de pensar na urgência daquela protecção e contracepção e em tudo o que senti que havia de errado naqueles sorrisos. Seria engate ocasional? Seria amor? Seria uma funcionária a tentar subir pelos meios errados? Fosse o que fosse, não me dizia respeito, mesmo porque eu estava só a passar. Toda a cena durou 3-4 segundos mas pôs-me a pensar mais que esse tempo, um pouco porque sim, um pouco por causa de conversas de arrepiar os cabelos que tenho tido e ouvido nos últimos tempos e experiências de amigos. Mulher que pensa é perigosa.
Quem acredita nos homens é verdadeiramente uma pessoa de fé. Eu sou uma pessoa de fé... mas à cautela, desconfio.
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29-1-2008, 00:47
Este post não saiu como eu queria. Para falar verdade, não sei o que é que eu queria com este post, mas não era isto. Não queria ser moralista, sobretudo quando parece ter recaído sobre a mocinha a reputação de Eva. Hei-de voltar mais tarde a isto, mas... isto foi completamente ao lado!
domingo, 27 de janeiro de 2008
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10 comentários:
Essa também me deixou a pensar...
E a desconfiar dos propósitos dela...é que as mulheres, bem...
...:))
Deixa lá, as pessoas que te lêem têm fé em ti...
Aboborinha,
Você também vê mal em tudo.
Repare, a rapariguinha essa noite ia sair com o namorado.
O pai, que vê muita televisão e não perdeu os últimos anuncios da Super-bock, pensou:
"Filha + namorado + saida nocturna => RAPIDINHA"
Então alarmou-se, ele que se considera um pai moderno não podia proibir a filha.
Mais! Se a pequenita da Floribela colocou aquele par de prateleiras, se os jovens de 14 e 15 anos fazem orgias de sexo e drogas, que argumentos é que ele teria!?
Já que não a podia proibir, ele pensou em garantir que ela fosse prevenida, não fosse o estupido do inutil do namorado esquecer-se de levar os preservativos: "Há muita sida por ai e não sei onde é que aquele gajo anda a pôr a coisa dele. O parvalhão não me inspira confiança. Aliás não sei como uma miuda pode gostar daquilo, mas se a minha filha gosta! Mais vale prevenir. Sexo seguro, é o que eles andam para ai a propagandear."
Então chamou a filhinha e com a sensibilidade de um rinoceronte, perguntou.lhe:
- Ó princesa, levas daquilo?
- Daquilo o quê pai?
- Aquilo! Já sabes!
- Ó pai, mas que é que tás a falar? Dinheiro?
- Ó filha, tou a falar de camisas!
- Camisas? mas eu vou de top. Não tá frio.
- Camisas de vénus!!
- Camisas de Vénus?!
- Sim, mais vale levares: Tens?!
- Não.
- Então anda, vamos ali comprar. Eu levo-te.
E foi quando você os viu.
Ela ia toda sorridente pois, depois de bem mais de uma década, já não precisava de continuar a ocultar ao pai que já não era virgem e que fornicava sempre que podia. Além disso, agora que ele começou a patrocionar os tão necessário preservativos, ela ia explorar o filão..
O sorriso do pai suportava-se no pensamento de que a filha já era uma mulher, que dentro de pouco tempo arranjava um gajo, casa e, finalmente, desampara a loja.
E você a imaginar outras coisas!! Devia ter vergonha.
http://zumzummatamoscas.blogspot.com/
ZumZum
A sua imaginação ainda é mais fértil que a minha. Pior: a sua inocência é praticamente infinita!
ZumZum
Para um homem casado e pai de filhos você é muito inocente.
Aboborinha,
Eu gosto de pensar bem das pessoas e detesto as más linguas (por vários motivos, incluindo alguns que a minha inocência não me permite revelar).
Veja lá que até penso bem de si?!
http://zumzummatamoscas.blogspot.com
Abobrinha
Se a rapariga era mais ou menos da sua idade, já tem idade mais que suficiente p/ não ser ingénua. Pelo menos, já deve saber ao que vai, mais que não seja pela desenvoltura como se dirigiu à máquina de preservativos ... não deve ter sido a 1ª vez ... Hoje em dia já é tudo "normal" acima dos 16 anos ... ora estamos a falar no dobro da idade, não?
ZumZum
"Veja lá que até penso bem de si?!"
É o que eu digo: um inocente! Mas tem razão: eu sou óptima pessoa. Especialmente quando não me passa uma coisinha má à frente dos olhos e digo a primeira coisa que me vem à cabeça. Mas olhe que mesmo aí tenho os meus momentos de inspiração.
Annita
Este post foi definitivamente ao lado! Não sei de que maneira descalçar esta bota, por isso nem vale a pena: estava com um estado de espírito estranho nessa altura, por isso nem vale a pena olhar para a cena de novo.
A questão é: algum dia saberemos o que estamos a fazer? Com 16, 26, 36, 46,... ? Não sei!
Não, mas aí é que está a magia do amor, do sexo, daquilo que lhe queiram chamar ... fazer sem pensar ... se começamos a pensar no que é certo e errado, nunca fazemos nada ... e o tempo passa ...
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