OK, agora que chamei a vossa atenção por causa do título vou fazer muitos amigos com o resto do texto. Não levem a mal: ontem o statcounter acusou um número de visitas verdadeiramente indigente. Ora isto é um blogue que segue uma lógica de mercado (infelizmente sem lucro), e isso só se consegue com visitas!! Daí que um título chamativo faça sempre bem.
Isto a propósito do tabaco, como não podia deixar de ser! Primeiro a declaração de interesses: eu odeio tabaco, detesto tabaco e não posso com tabaco. Só isso! Nunca experimentei fumar, acho um vício nojento. Também nunca experimentei fumar por lógica muito pura e muito simples: se toda a gente que experimenta fica viciada, ou é muito bom ou toda a gente é parva. Ora há muita gente parva, mas não a maioria dos fumadores que eu conheço, pelo que a lógica diz que eu deve ser bom e/ou viciante. E depois há outra parte, que até tenho vergonha de dizer: é que eu em pequenina era muito bem comportada. Só comecei a ficar refilona e atrevidota com a idade (na volta foi da exposição ao fumo passivo).
Os meus argumentos contra o tabaco:
1. Cheira mal. E cheira mal e acabou! Não há volta a dar! E faz tudo à volta cheirar mal, incluindo roupa, cabelos e pele (de fumadores e não fumadores). Já beijei fumadores. E, não sendo o mesmo que lamber um cinzeiro (imagino, porque também é um hábito que não abracei), não deixa de ser preferível um hálito fresco. Não é impeditivo, mas... não ajuda!
2. Dá cabo da saúde. Ora bem, eu não nego a ninguém o direito a dar cabo da sua saúde. Mas ao menos deixem-me a minha! Não sou santa nenhuma, mas o que faço para dar cabo da minha saúde não dá cabo da de ninguém.
3. Envelhece. Muito! De novo, cada qual toma conta da sua juventude, mas eu deixei de frequentar certos sítios porque o ambiente era demasiado pesado. O que nos leva ao argumento seguinte:
4. Liberdade de fumar o caralhinho: eu nunca tive a liberdade de não fumar! Ou por outra, até tive: se ficasse em casa ou na rua e evitasse a maioria dos sítios. Ou seja, se me tornasse um bicho do mato. Como sou um animal relativamente social, fazia gestão de danos e racionava a quantidade de horas que passava em ambientes de fumo (quando podia). Não sei porquê, os fumadores têm agora mais liberdade que eu e reclamam de medidas fascizoides e higienizantes. E o fascismo da liberdade? Mmm... que conceito estranho? Ora reformulemos: a tirania dos maus costumes! Ah! Parece-me melhor!
5. Não entendo o conceito de sentar-se num café horas a fio com um café à frente. Ai é essa gente que vai dar lucro a um estabelecimento? Diabo, é melhor fazer as contas outra vez! Quem quer mesmo um café, toma um café (e senta-se ou levanta-se conforme lhe dê na real gana). QUem quer um café e um cigarro, toma o café, vai lá fora matar o vício e volta a entra. Não entendo o drama: até faz exercício.
6. Parecendo que não, os trabalhadores têm direitos. Um tio meu trabalhou anos a fio numa repartição com chaminés a céu aberto (aka fumadores) ao lado e ganhou de presente uns pulmões todos lixados (com "f" grande). O que é injusto é que devia ter sido obrigado a pagar parte do fumo que consumiu: isto de borlas não está com nada. No final de 2007 era perfeitamente proibido fumar em repartições de finanças, bancos, correios, etc. Agora eu pergunto: em que é que um funcionário de um café ou restaurante é menos que um funcionário das Finanças, um bancário ou um carteiro? Ah, bem me parecia (por favor, não me contrariem nesta!)! Não me lixem: não há nada muito mais que se possa fazer além do que está na lei que proteja estes trabalhadores.
Se o vosso patrão vos obrigasse a trabalhar num ambiente tóxico, sem protecção, o que é que vocês fariam? Ou iam para tribunal ou mudavam de emprego. Mas nem todos somos esclarecidos nem temos assim possibilidade de mudar de ocupação. Repito: um funcionário de um café tem direito a ter condições de higiene e segurança no trabalho. Não é mais nem menos que vocês. Muito menos é vosso criado! O cliente não tem sempre razão!
7. Quem puxa de um cigarro de 3 em 3 minutos não pode estar a apreciá-lo. Simplesmente não pode! Eu adoro café, amo café. Mas não tomo mais porque a partir de um ponto deixo de o apreciar e passa a fazer-me mal. Para minha grande pena, não consigo tomar tantos como queria. De novo a diferença: o MEU café não incomoda mais ninguém. OK, não é completamente verdade: quando fico muito faladora incomoda quem não está preparado para tanta coisa... eu não disse que era perfeita! Nessa altura podem sempre ter uma saída real: porque no te callas? Fica bem em qualquer lado!
8. Os impostos sobre o tabaco não são indulgências para que os fumadores possam fazer o que lhes apetece com a consciência tranquila porque pagaram. Mais: com a nítida sensação que devem fazer mal porque foram roubados. Isto é a atitude de contrariar quem nos contraria, de desrespeito pelas normas, pelos prazos, por tudo quando é uma "ordem" em nome de uma abstrata liberdade. Esquecendo-se do mais elementar: a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade do outro. No caso o que um fumador de mau feitio pensa é qualquer coisa como "anjinho, mariquinhas, sonso" e mais frequentemente "fascista".
E acho que já tenho suficiente para causar estrilho! Espero! Se repararam, eu escrevi parte 1: é que estou a contar voltar à carga! Não é a única deriva fascizante na moda e eu ainda vou javardar forte e feio!
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21 comentários:
Epá e viva o exagero dona abobrinha!!!
Não te vou vontraiar muito, as isso é mesmo porque não tenho tempo ;)
Primeiro, para mim aquilo que é estupido nesta lei é o simples facto de se passar de um extremo para o outro. Eu não gosto de extremos, no meio é que se está bem ;)
Antes os não fumadores não tinham onde tomar o seu café sem levar com o cigarro, agora os fumadores tem de ir apanhar chuva no totiço para poderem fumar com o café. Os donos dos cafés, aqueles que pagam o impostos e que dão o emprego e que são miseravelmente chulados pelo estado não tem o direito de decidir que tipo de café é que querem.
Ou seja, arranjastes uma solução para os não fumadores mas nãos para os fumadores. E não sejamos mais hipocritas que o extritamente necessário. O estado faz milhões à custa do tabaco, dizes que não é desculpa para fazer mal, mas é com certeza razão para os fumadores exigirem algum respeito da parte daquele que mama indecentemente no seu vicio.
Isto para dizer que eu não teria nada contra a lei do tabaco se ela fosse mais equilibrada e mais justa.
Quanto aos trabalhadores. Não devias deixar o trabalhador decidir onde quer trabalhar? Existem trabalhadores fumadores que não se importam, existem trabalhadpres não fumadores que nao se importam, enfim. É enfiar pela guela do pessoal. Para esta lei ser coerente o governo tinha duas hipoteses
1-Deixava de cobrar os impostos, não ganhava dinheiro com o tabaco e então marginalizar o tabaco á vontade.
2-Proibe a venda de tabaco.
Abobrinha
Tu gostaste de ter que andar a racionar as horas para fumar ou não fumar? Um fumador gosta disso tanto como tu. Se tu achas que o direito dos não-fumadores é superior ao direito dos fumadores, eu acho exactamente o contrario.
Quanto aos impostos, isso é um ponto importante e que levanta muitas questões e contradições com esta lei. Lei é lei, e eu cumpro a lei, mas também tenho na Constituição Portuguesa um direito à resistencia, que pretendo usar, e que usarei.
Os impostos sobre o tabaco são contraditórios à aplicação de uma lei. Porque razão os impostos são superiores a 70% no tabaco, e não acontece o mesmo com o alcool? Faz tanto mal como o tabaco, tendo em conta que em portugal morrem mais pessoas de doenças relativas ao consumo de alcool do que de tabaco!
Quanto ao achares nojento, e não sei quê, estás no teu direito de achar nojento, mas se fossem proibidas muitas coisas que considero nojentas, não haviam monhés a vender rosas nos sitios que frequento, pois isso é nojento, mas neste caso já recai nos donos dos cafés deixarem entrar ou não.
Eu hoje estou-me a sentir uma Maria vai com todos... apesar de fumar, concordo no geral com tudo o que escreveste, mas também não consigo não concordar com a Joaninha... acho que vou fazer uma pausa para pensar melhor no assunto e quando voltares à carga, volto tb! ;)
Repara:
Se vivessemos dentro de uma cultura civica em que cada um entendesse que liberdade não é libertinagem e que a sua acaba onde começa a dos outros, estaraimos sem assunto para este debate.
A questão é que não existindo a tal cultura civica, porque cada uma de nós só leu a cartilha dos seus direitos, começa-se a regulamentar a torto e a direito. Pela saúde, pela segurança alimentar, pela seguranças nos transportes, e nas piscinas, e nas casas de banho, e já há quem ache que se devia regulamentar a ginástica na escola contra a obesidade infantil, e estamos no mundo segundo Orwell...
Certo ?
Ou seja, obtêm-se os efeitos desejados, mas não se combatendo as suas causas, continuaremos a estacionar em cima dos passeios, a andar a 200 nas estradas, a deixar cagar o cão no meio da rua...até que...
Todas as respostas em mais um post logo à noite, se o indoor cycling não me matar (e se me apetecer ir, que eu ando muito calaceira).
Mas para não dizerem que eu não gosto dos fumadores:
http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain2%2Easp%3Fdt%3D20080106%26page%3D4%26c%3DA
Abobrinha,
"Conhecendo-a como conheço" estranho não se ter revoltado contra aqueles que a "obrigaram" a frequentar ambientes onde se fumava.
Mas deixe lá, é folclórico a malta toda à porta do café... é giro e fazem-se novas amizades
Com Tranquilidade
Mas quem é que disse que eu não me revoltei? Claro que não contra o maralhal (não subi para uma cadeira para ler o manifesto anti-tabaco: não sou assim tão louca!), mas com jeitinho a tentar que um ou outro deixassem de fumar ao pé de mim... e fui chamada de todos os nomes. Intolerante foi um deles.
Bom post!
Concordo com tudo o que disse a Abobrinha, e não é apenas por ser não fumador que concordo... tal como você referiu: "A liberdade de uns acaba quando começa a liberdade de outros".
Não acho que os não-fumadores devam ter direitos superiores aos dos fumadores, apenas acho que ninguém é obrigado a fumar o fumo de ninguém... muito menos num local de trabalho. E já agora, dizer "quem tá mal que se mude" só revela uma faceta de profundo egoísmo. Odeio que se diga isso.
O lobby do tabaco é tão forte que não me surpreenderia se mais dia menos dia nos informassem sobre todas as virtudes de fumar.
Os exemplos mais recentes são os do vinho, do azeite e do café.
Essa liberdade em que os que fumam fazem-no na rua e os que não fumam ficam sentados no café... é um pouco estranha.
Sou a favor, incondicionalmente, de um ambiente de trabalho livre de fumo.
Antes que me esqueça: não sou fumador, apesar de muitas tentativas e muito esforço enquanto estive na tropa.
A linha da argumentação servia perfeitamente para defender a abstinência sexual. Refiro-me à abstinência voluntária, portanto a que estás a pensar não conta!
A autora está claramente numa crise de abstinência, sabemos que não é do tabaco porque não fuma, fica-nos a dúvida se será voluntária ou não…
Vamos ver se a caçadeira está carregada ou não… ;)
António!!
Tu, ás vezes és divertidissimo!!!!
Dá-lhe abobrinha!!
Bem eu estou em crise de abstinência de tabaco por isso tenho desculpa ahahahahahaha!!!!
http://caparicaredneck.blogspot.com/
Obrigado Joaninha. A amizade é realmente uma coisa muito bonita...
Meus caros
Não creio ter respondido a tudo no post anterior, mas pelo menos já testei a paciência de muita gente. Se o blogue não ficar às moscas depois da segunda parte deste post, não fica mais. Em contrapartida, depois de despachar todas as secas fascizantes e fascizóides, temos sempres as bananas essas desconhecidas...
Joaninha
Quem é amiga, quem é? Depois do post fascizóide - parte 2 até vais ter vontade de dormir! Acabaram as insónias! Até a Gipsy QUeen vai deixar de fumar!
António
"A linha da argumentação servia perfeitamente para defender a abstinência sexual."
Portanto o sexo cheira mal, dá cabo da saúde, envelhece, não é livre, senta-se num café horas a fio sem fazer a ponta (mmm... que bela escolha de palavras!), não tem direitos, não se aprecia quando praticado com frequência desusada e paga imposto. É isso?
Não sei quanto à autora, mas alguém está em abstinência. Não sei de quê (café?), mas mais alguém tem uma lógica retorcida, com a diferença que não tem metade da minha piada e não gera tanto tráfego de comentários assim.
Como este é um blogue que segue uma lógica de mercado, acho que optarei por provocações mais produtivas. E bananas! Que são boas para a caganeira, especialmente quando não descascadas: são mais firmes pelo que quando se metem por um sítio acima para parar o fluxo caganeiral são mais eficientes. Eu sei que devia falar também de carraças e baratas na altura das bananas, mas neste momento parece-me dispensável. Não sei porquê.
Por falar nisso, a formatação do post fascista 2 ficou uma bosta!
Abobrinha minha linda,
Tu quando te zangas, zangas mesmo ;)
Joaninha
Eu não me zango. Eu respondi a uma provocação (que era para não responder, se queres que seja sincera). Mas quando se tem um blogue com este tipo de conteúdo, este tipo de comentários tendem a surgir e há que atalhá-los a tempo. Já o mesmo acontecia no blogue do Jorge Fiel. Mesmo que volta e meia eu exagerasse, mas como resposta a exageros.
Eu não estou zangada: é preciso muito mais que isto para me zangar, acredita. Agora quem manda uma bujarda daquelas sujeita-se às consequências. Penso eu de que.
Ou seja, isto deve ser levado no espírito Abobrinha: exagero puro e simple. E como introdução (salvo seja) ao tema das bananas, que tenho que retomar: isto está tão animado como um cemitério à meia-noite!
fui fumador durante 20 anos deixei de um dia para o outro . Concordo plenamente com as medidas tomadas.SOU NOVO NESTAS ANDANÇAS VOU FICAR POR AQUI CONTINUE A ESCREVER SOU UM LEITOR DA SUA ESCRITA. Um bom dia
Bode bigodes
Ora pegue numa cadeira e sente-se. Não é bem novo nas minhas leituras, porque já nos tínhamos "visto" noutros tempos, onde revelou que tinha capacidade de encaixe e de ver quando uma brincadeira vai londe demais. Tem portanto o estatuto de passageiro frequente neste estabelecimento.
Como este é um estabelecimento comercial tem direito a um desconto de (digamos) 40%. Ora como o preço é zero mesmo, podia ter facilmente dado um desconto de 100 ou mesmo 200%! (Mas você julga que eu ando a dormir?)
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