quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fala puto, carago!

Recordei-me desta expressão que o meu pai dizia que se repetia várias vezes no mato, na guerra colonial em Angola, de cada vez que alguns dos naturais engatavam a falar no dialecto local. Os outros tropas não percebiam nem faziam um esforço para perceber, mas o meu pai começou a apanhar as expressões deles, mas isso seria outra história. "Fala puto" significa naturalmente fala português. Para que se entenda.

A história do meu pai serve para tentar perceber o que significa Mugatxoan.




Mugatxoquem??? Eu explico:

"Mugatxoan '08 apresenta-se como um projecto em trânsito –o acto de ir de um espaço a outro -, e como o lugar e o tempo em que isto sucede."

Começam a ver que isto é arte porque reune os seguintes critérios: não se entende, não faz sentido e faz um alarido muito grande à vota de coisas que são perfeitamente banais para dizer que é arte. Pois "o acto de ir de um espaço ao outro" é arte. E "o lugar e o tempo em que isto sucede" também. É brilhante! Eu, parola como sou, pensei que o primeiro seria deslocar-se (a pé, de carro, ao colinho de alguém) e o segundo onde e quando. Por isso é que eu tenho que trabalhar para comer enquanto há quem faça arte. Dito isto, comer é típico de parolo!

"Entre 9 de Junho e 20 de Julho, o Arteleku e a Fundação de Serralves vão apresentar as seguintes peças: The breast piece (Praticable), de Alice Chauchat; Ohne Worte, Extracto (Praticable), de Isabelle Schad; Performance, de Éric Duyckaerts; A long way back, de Sandra Cuesta; Shichimi Togarashi, de Juan Domínguez/ Amalia Fernández; Sono qui per l’amore, de Massimo Furlan e O decisivo na política…de Jorge Andrade."

O primeiro deve ser interessante, porque "breast piece" nos remete para mamas. Ora mamas é sempre bom e pode atrair público. Mais que uma bica de água filmada durante 1 minuto e projectada nas paredes do Museu de Serralves. "Ohne Worte" parece-me querer dizer qualquer coisa como "sem palavra" (mas acho que tem um erro de gramática, se bem que já não estou em condições de criticar). Atendendo a muita arte que por aí anda, parece-me razoável. O resto parece-me insípido. Gostava mais da minha instalação nos meus tempos de pintora de construção civil (eu avisei que era parola).

Estas palavrinhas estão aqui, no site de Serralves.

Continuo sem perceber o que é Mugatxoan, mas estas imagens podem ajudar. Ou não.




Lá está: o talento de uns é maior que o de outros e há quem ache que por dizer que um balão com umas palavras é arte, torna-se arte. Ou então a palavra "cabeça" na istalação do balão (ou essa é uma performance?) refere-se à tela acima.

Pode recorrer-se ainda ao poder da palavra para entender o que significa Mugatxoan (estas não tenho como referenciar porque recebi por e-mail):

"Mugatxoan é um projecto artístico criado pela Entrecuerpos – Mugatxoan Asociación Cultural, em 1998, construído a partir da ideia de espaço intermédio como lugar de circulação de códigos sendo, portanto, redefinido pelos movimentos contínuos e pelas deslocações a que está submetido."

E isto é suposto querer dizer que... ???

"O projecto centra-se nas manifestações artísticas dos discursos do corpo, cujo suporte é a imaterialidade, apresentando trabalhos que aparecem como a transformação de actos produzindo significados através de uma situação transitória."

Ah! Agora ficou muito mais claro... se bem que continuo sem entender! Eu sei que juízes praticam actos, mas não deve ser isso. A não ser que a cena de pugilato no tribunal de Santa Maria da Feira tenha sido uma performance.

"Em 2001, impôs-se a necessidade de se criarem novas relações que permitisse desenvolver projectos culturais reivindicativos de lugares singulares de experimentação, situação que motivou a parceria da Fundação de Serralves, no Porto."

Menos mal: agora entendi que qualquer coisa envolvia Serralves. Não sei é o que é um projecto cultural reivindicativo de lugares singulares de experimentação, mas cheira-me que me foram ao bolso e que eu gastaria aquele dinheiro a fazer coisas que valessem mais a pena e com menos peneiras.

Se esta gente falasse puto, estou em crer que se esclareceria de vez o que é Mugatxoan. Contudo, ao contrário dos camaradas de tropa do meu pai, eu não estou interessada em saber se estes nativos dizem seja o que for e muito menos se dizem mal de mim. Acho que estou a salvo de uma catanada destes tipos... a não ser que alguém entenda que isso seria uma performance gira e que simboliza o fluir do espaço para o tempo do pretérito perfeito do imaterial do sangue feito seiva no pescoço de um vegetal blogueiro. Nessa altura "Mugatxoan" seria um qualquer trocadilho com o nome Rober Mugabe... aí preocupo-me. De contrário, descobrir o que significa Mugatxoan tem a mesma importância que encontrar o Wally. Ou menos.

Só queria uma coisa: que um dia esta arte seja desmascarada como a fraude que é.

8 comentários:

Karin disse...

Bom post.
Ainda bem que há quem não confunda banha da cobra com arte.
bjs Karin

Joaninha disse...

A isto se chama posmodernismo!

Pá agora que aprendi esta não quero outra coisa ;)

Abobrinha disse...

Karin

Eu posso não saber o que é arte. MAs sei que isto não é arte! Mas como disse, alguém me foi ao bolso com estas merdas!

Abobrinha disse...

Joaninha

Adoro pós-modernismo! COmo doses regulares ao pequeno-almoço, almoço e jantar!

Eu devia ter ido para Belas Artes: via gajos nús com a desculpa de ser arte e representava-os com os dois rabiscos que sei fazer (era arte), não desenhava um boi de jeito, desfazia-me em palavras, ainda era paga por cima e com sorte tinha a fama e fortuna (e mais gajos nús)! Em vez disso tenho que trabalhar... só te digo uma coisa: pa-ro-la!!!

Se bem que de momento estou com uma pequena crise de inspiração. Mas isto passa... tenho que pensar em gajos nús possivelmente... qual será o prazo para eu me candidatar a Belas Artes?

Joaninha disse...

Abobrinha,

Nunca é tarde e como já tens um curso superior é muito mais facil mulher, força nisso, acho que darias uma posmodernista fantastica ;)
E olha podias deixar-me dar uma olhadinha a esses gajos nús :)

Anónimo disse...

Aparenta o nome, ser mexicano !! ahahahahaah!. Bom, no site do Serralves, vale a ultima frase; Viajar! perder países.

Anónimo disse...

"...a não ser que alguém entenda que isso seria uma performance gira e que simboliza o fluir do espaço para o tempo do pretérito perfeito do imaterial do sangue seiva no pescoço de um vegetal blogueiro".

rsrsrsrsrs!

Anónimo disse...

Gerador de postmodernismo
Infelizmente parece não ser possível dar umas palavras soltas e ver o que de lá sai..
http://www.elsewhere.org/pomo/