Fui à praia!
Pronto: está dito, está dito! Hoje fui à praia a horas em que estava cheia de parolos. Ou seja, estava no meu elemento! Bem, para falar verdade, fui um pouco depois das 5 da tarde, quando a maioria dos parolos já tinham debandado porque já estava a ficar para o frescote, por isso acho que a carga parolal seria menor. De qualquer modo já é tarde: eu já sou parola para além do ponto de recuperação, pelo que mais vale assumir-me. Sair do armário, por assim dizer.
O certo é que parece-me que não estava a ser inteiramente justa quando disse que não sou uma mulher de praia. Há anos e anos que não vou à praia para o bronze (nem sei dizer há quantos), mas a verdade é que é daquelas coisas que é como andar de bicicleta: há gestos não se esquecem e são segunda natureza. Gestos como estender a toalha e desapertar o bikini quando se está deitada de barriga para baixo para não ficar com a marca.
Afinal eu tinha umas certas saudades de ir para a praia, mas por um motivo ou outro andei anos sem lá pôr os cotos. Não é o mesmo que dizer que faria férias de lagosta (vira para cima, vira para baixo, põe creme, repete o processo 200 vezes num dia durante 15 dias até morrer de tédio), mas lá que me soube bem este momento de parolice, soube. Tenho que experimentar o início do dia também, porque o fim do dia soube-me pela vida.
Fui ainda tomar banho no mar. Cabelo e tudo. O que teve como efeito secundário toda a gente que entrou no mar num raio de 1 km ter ficado com protecção solar 50+ da Avène. É que quando eu espalho protector solar não é com a mão: é com uma espátula, porque eu coloco MONTES, que depois fica a boiar na água como o azeite na sopa.
Dito isto, vamos ao que interessa: observações. À la Abobrinha!
A minha barriga, assim que se viu exposta ao sol começou aos gritos. Não foi de fome. Quando lhe perguntei o que é que ela queria, e assim que conseguiu recuperar do choque e falar disse-me "óculos de sol!!! Óculos de sol, por caridade!!!". Tadinha, pois se eu há tantos anos não a expunha ao sol directo é normal. Não costumo trazer comigo óculos de sol para a barriga, mas tinha algo melhor: protector solar. Resmas dele, factor de protecção 50+ da Avène! E ela acalmou e acabou por gostar (digo eu).
Observei a fauna e flora locais. Incrivelmente havia outro vegetal ainda mais pálida que eu. E também era uma palidez falsa, porque as pernas estavam transparentes, mas os braços estavam com uma corzinha (não muita, mas um bocadinho). E estava a apanhar banhos de sol de calças de ganga. Simplesmente as calças estavam arregaçadas. Gaja que é gaja sabe o que isto quer dizer: está com o período e não gosta de tampões. É assim tão simples e descomplicado.
Barrigas várias, mais peludas e menos e pernas com graus de celulite vários. O costume! A paisagem é tão interessante e desinteressante com o pessoal vestido ou quase nú. E vi uma moça a fazer top-less, o que me lembrou como eu sou velha, porque me lembro em pequenina de se falar de se seria ou não decente fazer top-less e se se poderia ou não fazê-lo em praias com grande público. É claro que não é decente! Mas não é indecente! E quem não quer, vira a cara para o lado. Deixem pessoas mais descomplexadas que eu estar à vontade, se fazem favor!
Mas o evento da tarde que me marcou mais foi obervar um casalito de aí 16 anitos. Reflecti sobre como a vida está difícil, como anda aí muita ladroagem e as maneiras que as pessoas arranjam para se defenderem. Ela tinha um bikini cor de rosa muito bonito e ele boxers azuis bebé. Ou seja, estava claramente identificado quem era o menino e a menina. Eles tinham muito fogo, muita paixão e algo de valioso que protegiam com muito afinco.
Beijavam-se, acariciavam-se, por certo trocavam juras de amor eterno (até que os cornos os separem). Mas o tempo todo a mocinha tinha firmemente entrelaçadas as pernas dela à volta da cintura do rapazinho (pensando bem, um niquinho mais abaixo). E eu fiquei a pensar porquê. Ocorreu-me que estivessem a chocar uns ovinhos. Faz sentido: a vida está cara e as pessoas têm que recorrer a expedientes engenhosos para poupar dinheiro. E não deixa de ser genial: no meio das pernas de ambos deveria haver condições de calor e humidade para nascerem uns pitos.... pintos! Desculpem, é que no norte diz-se às vezes pitos, mas vocês sabem que nós às vezes falamos um bocado mal. E pensando bem é mesmo traiçoeiro porque eu apercebi-me que no Brasil o pinto é o pénis de um homem e não é isso que eu estou a tentar dizer.
De qualquer modo seria um disparate pensar que fariam tal coisa porque seria muito pouco prático. A realidade era muito mais estranha e triste e eu só me apercebi do que era quando eles se levantaram: o moço tinha guardado a caixa dos óculos nos boxers e a moça estava a ajudá-lo a protegê-los. É que a vida está cara e uns óculos custam uma fortuna! E há por aí muito gatuno sem escrúpulos.
Fiquei com pena do rapazinho porque usar óculos é obviamente uma limitação: quando se levantaram para ir à água, só a mocinha é que foi. É claro que ele não podia, porque senão estragava tanto a caixa como os óculos. E, como eu disse, a vida está cara.
Quando eles foram embora pensei como sou afortunada: não só nunca ninguém me roubou os óculos como se roubasse ia tendo dinheiro para os substituir. Daí que não tenha necessidade de guardar os óculos como o rapazinho. O que é bom, porque senão daria a impressão de ter um pénis completamente erecto dentro do bikini, o que seria pouco apropriado, no mínimo.
Fui embora já sem este pensamento na ideia, com o corpo cheio de sal causa do banhinho(vantagens de não ter que guardar a caixa dos óculos no bikini). Estou ainda a apreciar a sensação da pele ligeiramente quente por ter sido beijada pelo sol já fraquinho do fim do dia e a massagem nos pés dos lindos seixos e da areia dura ao pé da água.
E uma última dedicatória para a Gipsy Queen, que parece estar a morrer de saudades aqui do burgo: pequena, a praia não foge e vai continuar aqui para quando voltares. Cheia de parolos, como manda a lei! E nessa altura vai saber-te melhor ainda. Beijinhos, moça e goza a Roménia enquanto podes!
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12 comentários:
Notarei algum ressentimento por não teres oculos? HE HE HE HE
Realmente há gente que escreve cada coisa! ;)
Requiem
Eu uso óculos, mas até estava de lentes de contacto. Os óculos de sol estavam no saco.
A não ser que estejas a mandar uma piada! Se for o caso, digo-te já que eu não gosto de qualquer par de óculos. E não os ponho na praia.
Aviso-te já que isto está muito sossegadinho. Quando eu arranco para a badalhoquice escrevo ainda pior.
Piada? Eu? Naaaaaaaaaaa ;)
solzinho faz bem...
dá energia!!!
vitamina E....
e ssim não ficas com osteoporose, no final!
Também uso lentes de contacto, mas tomo banho com elas. É questão de fechar os olhos quando mergulho para elas não se tornarem independentes.
Quanto ao sítio onde o moço guardou os óculos, talvez seja uma questão de marketing.:)
bjs
Estou com a Karin, era marketing!
Raiodesol
Vitamina E come-se. Vitamina D é que é sintetizada pelo sol e ajuda a fixar o cálcio.
Karin
Eu uso a mesma estratégia para as lentes de contacto. Só na piscina é que uso mesmo óculos de mergulho.
Joaninha e Karin
Não era marketing. Era mesmo TESÃO!!! Pronto! Está dito, está dito!
Anda uma mãe a criar um filho para isto! Há pior: alguns pais criam filhas para estas se transformarem em abóboras. Claro que estou a brincar: foi muita falta de jeitinho dos putos, mas é mais que saudável e eu ri-me que nem uma perdida. Não sei se mais alguém reparou.
A cena da caixa dos óculos foi inspirada numa cena do filme Sexo e a Cidade: está a Samantha ao telefone quando aparece o Smith com o que parece uma erecção fenomenal nos calções justinhos (pausa para recuperar o fôlego). A Samantha corta a chamada com um seco "I'll call you back. Something came up". E era um estojo com um relógio estrategicamente colocado. A origem do relógio também era curiosa, mas vocês têm mesmo que ir ver o filme.
isso , isso mesmo ahahahahahahah! afinal depois do E , vem o dia D :)
:)))) As saudades que eu tenho da parolada Tuga e até mesmo desses casalitos tão discretos que se multiplicam por essas praias fora... é que por aqui ninguém disfarça nada!!
Gipsy
Então isso quer dizer que o drama do roubo de óculos com consequente necessidade de armazenamento estratégico das caixas é um drama trans-europeu?? Isto está pior do que eu pensava! É só ladroagem!
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