quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Falta de assunto, falta de bom senso ou ambos?

Não, não sou eu que estou com falta de assunto: é a comunicação social portuguesa!

Costumo (quando vejo) ver as notícias na RTP1, mas acho que vou rever essa rotina. Das 13:00 às 13:20 h foi Madeleine, Madeleine, Madeleine! Mas descobriu-se o assassino? Descobriu-se que foi raptada por terroristas? Pela máfia de Leste? Por extra-terrestres? Que afinal ganhou o Euromilhões e fugiu dos pais e do mundo para uma ilha deserta descoberta ela mesma há 2 meses e por isso só agora chegou a carta?

Não: vieram as análises de Inglaterra? E o que dizem as análises? Que há mutantes na família? Que se encontrou a cura para as doenças auto-imunes? Que a história da evolução das espécies é treta e que afinal o mundo foi mesmo feito em 7 dias de 24 horas terrestres cada (mais uns trocos porque alguém calibrou mal o relógio e desde então as coisas têm andado um bocadinho confusas?

Podem dizer tudo isso e muito mais. Ou não! O que se passa é... nada! Os resultados das análises estão com a polícia.

Então como é que se perde 20 minutos a falar do que não se sabe? Não sei! Mas consegue! Consegue-se pondo um reporter excitadíssimo (pastilhado ou com falta de sexo?) a fazer a revista de imprensa do Reino Unido (menos mal: ontem insinuou que no laboratório lhe fizeram ameaças à integridade física!) e entrevistou umas pessoas. Pérolas dessas intervenções:

- Os jornais dizem que PODE haver novas detenções em Portugal (Pode? Pois pode! Também pode não haver! E o Elvis PODE ser um extra-terrestre. Como diz o Jorge Fiel: títulos vaca!)

- Os jornais dizem que as análises podem ter informações importantes (Ver acima. Hmmmmmmmmmmm!)

- O Reino Unido está em suspenso, à espera dos próximos desenvolvimentos. (Não creio! Ademais, a morte da Santa Diana ainda está fresquinha de 10 anos e uns dias! E já começou o campeonato de futebol!)

Liguei para a SIC, que já estava à volta de assaltos e essas coisas. Não sei como está o Helder Rodrigues, o piloto das motos que ontem estava malzinho. Espero que não ganhe notoriedade à la artista, porque significa que não poderá correr mais por impossibilidade técnica.

Mas desanimei: interromperam um directo em Viana do Castelo onde foi assaltado o museu da ourivesaria tradicional para... mostrar a carrinha com a mãe da Maddie a sair para a polícia de Portimão. Só isso!

Não desliguei porque o senhor (tenho que descobrir o nome do homem) que é/era dono do museu da ourivesaria tradicional deu uma lição da arte de bem entrevistar em toda a sela.

Entrou logo a matar:

- O senhor estava atrás do balcão quando se deu o assalto?

- Ouça, não invente: eu não estava aqui e você sabe! Eu vi tudo depois pelas câmaras de segurança!

1-0!

- Disseram-me que o senhor pondera fechar o museu.

- Fechar o museu? O museu está fechado por natureza: eles levaram tudo! O que é que eu vou pôr lá? Fotografias dos vianenses de boca aberta a olhar para o que não está lá?

3-0 (a parte das fotografias conta como golo)

- Acho impossível como é que isto acontece quando Viana está cheia de polícias por causa de (uma coisa qualquer que não me recordo, mas é um evento europeu). Os polícias armados com fisgas, como é que vão fazer face a bandidos armados com metrelhadoras?

5-0 (Se repararam, não houve uma pergunta e as fisgas merecem golo também)

E depois (um homem adulto) conteve-se e conseguiu não desatar a chorar quando falou em anos e anos de pesquisa e coleção e no valor sentimental e não só da coleção. OK, essa parte não teve piada nenhuma, por isso não entra para a contabilidade.

Ficou na SIC.

Já não me lembro do motivo dos 20 minutos na RTP1: era alguma telenovela em tempo real? Ah! Parece que foi uma menina que desapareceu! Ora porra! Isso também não tem piada! Nem com o costumeiro "ah, e é porque era estrangeira, linda, branca e de olhinhos de gato". Haja decência! Haja bom senso! Haja paciência (que me falta com este calor atroz!).

14 comentários:

Joaninha disse...

Abobrinha, ambos.
Mas estas-te a esquecer da estupidez natural!

Anónimo disse...

“... Tens que praticar!” !!!????????
Que praticar!! Maassss praticar o quê? Um pouco de tento na língua de V. Ex., a minha indignação só não foi mais veemente por respeito à autora do blogue. Só mesmo por falta de assunto, de bom senso ou de ambos. Passe bem!
Com os melhores cumprimentos

(....)
PS: Credo! Até parecia que levava um foguete no cu. :)

Joaninha disse...

Ei Abobrinha,

Já viste que a Mãe da Maddie foi "apertada" pela PJ?

Isto é o titulo de primeira pagina do Correio da Manhã.

"Mãe de Maddie APERTADA pela Policia Judiciária"
É LINDO!!

Abobrinha disse...

Joaninha

Apertar é fabuloso! É como diz o povo: não há palavras! Bestial o nosso jornalismo: está a ir pelo caminho do inglês! Para falar verdade, só nos falta um franchising do "the sun"... ou não?

Eu só quero uma coisa: que esta maldita telenovela acabe! Falando a sério, não seria a altura de fazeu uma "baixa autoridade para a comunicação social" (assim uma associação de consumidores) para impedir a acefalização da população e dos jornalistas?

O primeiro a ir para o pelotão de fuzilamento era o pastilhado que está em Inglaterra para a RTP1 (e que anda a ler histórias policiais e ver CSI a mais). O segundo era o José Rodrigues dos Santos por dizer "ménchastâ iunóited" em vez de Manchester United e por piscar o olho antes de fechar o tasco. Que vá piscar o olho à mulher dele!

O mundo está perdido!

Abobrinha disse...

JP / anónimo

Sugestão: cria um perfil, filho! Anónimo é assim uma coisa estranha.

Não leves as coisas da pior maneira possível. Praticar é o que é: ganhar ritmo de saídas à noite! É um exercício como todos os outros, e tem que se ganhar ritmo competitivo.

POdes indignar-te com a veemência que quiseres: não há decoro nenhum neste blogue! Decoro é no da Joaninha, que é uma menina casada!

Um foguete no cú, um badalo na testa... beeeeeeeeeeeem... é melhor estar caladinha! Ou é estratégia de marketing? Olha que pode funcionar como pode não funcionar! É um pouco como as camisolas cor de rosa do Benfica, assunto que foi escalpelizado num post do Jorge Fiel (tristemente indisponível até amanhã ou assim).

JP disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abobrinha disse...

JP

Não vai perseguir coisa nenhuma: eu não sou rancorosa! Nem é por mais nada: não tenho memória para tal!

Fica bem, é só o que peço.

P.S. Não nego à partida que de vez em quando não mencione o foguete no rabo ou o badalo, mas eu não disse que era santa!

Abobrinha disse...

JP

Respondi-te no blogue da Joaninha. Cuida-te e procura ajuda de quem a saiba dar. Isso não passa assim com duas tretas!

As melhoras!

Nuno Baptista Coelho disse...

Abobríssima,

Não tenho ainda a pretensão de ter descoberto se és ou não a mulher da minha vida, mas algo há que não me deixa já dúvidas: és, garantidamente, a mulher que eu desejo ter ao meu lado, não quando o Outono da vida chegar, mas, pelo menos, quando chegar o noticiário. Li, pela primeira vez, um post que parecia ter sido escrito por mim, que poderia ter sido escrito por mim, caso não tivesse estado a perder tempo em ocupações inqualificáveis, que... bem, são inqualificáveis, percebes o que quero dizer, espero.

O caso Maddie... sim, o caso Maddie, o que não se poderia dizer sobre o caso Maddie? É tremendo, horrível, uma criança que é arrebatada aos pais? Sem dúvida, não há quem o negue. É, no mínimo, sacana, andar-se a convencer as pessoas de tal tragédia, com dados que a própria comunicação social, que os veicula, sabe serem falsos, e que qualquer pessoa vê que são, pelo menos, inconsistentes? É, certamente. Estaremos, ainda, em presença de uma filhadaputice de todo o tamanho, caso os pais da dita criança sejam, na realidade, os criminosos? Ah, pois, olá se não estamos...

E tudo neste momento o indica, mas a questão, como muito bem apontas, não é essa. A questão prende-se com uma tragédia (que, em várias vertentes, mereceria o qualificativo de “pretensa”), orquestrada ao ritmo de uma “novela da vida real”. Desapareceu uma criança? Boa, temos notícia, e essas mãezinhas vão borrar-se todas, por esse país fora! Afinal, a criança está morta? Melhor ainda, a morte é definitiva, a morte é que vende noticiários. Mas foram os pais, afinal de contas, a matá-la? Lindo, estamos garantidos, somos candidatos a um Pulitzer (a palavra, para quem não saiba, deriva da expressão “To pull someone’s leg”). Quanto à verdade, isso é uma treta, e nem é sequer um termo jornalístico. Nada, vamos mas é beber uma cerveja lá em baixo, que eu preciso também de comprar cigarros.

E, no meio disto tudo, quantas reportagens vieram chamar a atenção para o número de crianças que, todos os dias, vão desaparecendo por essa Europa fora, e mesmo em Portugal? O interesse, aí, é pouco: as que desaparecem lá fora não contam, porque não foi cá. E as que desaparecem cá ainda contam menos, porque não eram europeias – eram, apenas, portuguesas.

Abobrinha, desculpa o improvisado comício. Prometo que, no meu próximo comentário, tentarei ser muito mais badalhoco.

Post-scriptum: excelente, o resto do post, e os comentários à “entrevista” (aspas minhas). É pena que não dê para comentar tudo de uma vez.

Abobrinha disse...

Nuno

Podes fazer comício à vontade. O problema não é esse: é que ninguém ouve! Mas isso será problema nosso? Traduzindo: como é que obrigamos a que a comunicação social nos ouça?

Tirando dar um tiro a um jornalista ou director de informação responsável por esta pouca vergonha? Nem é por mais nada: é que o sangue demora de carago a sair e depois ficamos com a polícia à pega... e mais jornalistas incompetentes!

Quanto às ocupações inqualificáveis, e atendendo a uma excelente peça de jornalismo envolvendo vossa excelência há um tempo... espero que tenhas tomado banho!

Krippmeister disse...

Este post está um espectáculo! Tem drama, tem amor e tem mistério!

Abobrinha disse...

Herr Krippmeister

Dá cá os ossos (ainda bem que foram salvos pela caganeira): adoro um bom elogio.

Neste momento estou a ouvir a SIC em fundo e estão a escalpelizar o comportamento dos pais da Madeleine... não haverá mesmo decência? Ninguém se lembrará que pode ter morrido uma menina?

Brrrrrrrrrrr... não quero pensar mais nisso! É sinistro demais.

Vou ler a Elle para pensar no meu post seguinte! É bem mais interessantes que cães e jornalistas snifadores de cadáveres... beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem mais interessante, prometo! Não sei é se não irei desiludir...

Abobrinha disse...

Porque hoje a diposição não é a melhor, apreciei ainda menos o circo MacCann. Desliguei do noticiário da RTP1 às 13:15 h e ainda estava a dar a "telenovela".

Só havia de bom a registar uma "entrevista" de uma jornalista tipo carraça, portuguesa com um inglês macarrónico a um inglês rafeiro. A fulana por acaso lembrou-me de alguém: eu! Mas numa situação muito especial: reuniões de condomínio!

Recordo que as minhas reuniões de condomínio são excelentes e que eu estou a pensar vender bilhetes (falhando tudo, cobre os calotes dos meus vizinhos). Nessas alturas eu transformo-me de abóbora em gindungo! Picante, desagradável!

E foi isso que a fulana foi e ainda mal educada! Não a vou convidar para as minhas reuniões de condomínio porque mesmo assim eu tenho mais categoria (e sei o que faço e porquê, que não é obviamente o caso). Perguntas:

- O que é que pensa?
- E porque é que está chateado?
- E está chateado com a comunicação social portuguesa ou com os MacCann?
- Mas porque é que está chateado?
- Mas porque é que acha que estamos a perturbar a vida em Rothley?
- E o que é que pensa deste caso?

Respostas (em nenhuma ordem especial):
- Para que diabo é que vocês estão aqui?
- O que é que vêm para aqui fazer, a abordar-nos na rua e perguntar-nos a todos o que é que pensamos deste caso?
- Deixem-nos em paz!
- Por mim vocês podem ir todos de avião de volta para o vosso país!!!

Só uma coisa contra o indivíduo: devia ter largado a pouca fleuma que demonstrou e ter arrancado a cabeça à camelória da jornalista. Se eu estivesse lá era o que faria! Admitindo que aquilo que ela estava a fazer era jornalismo, que sinceramente não me pareceu!

E porque é que eu não faço mais um post acerca disto? Já é tempo de antena a mais! Mas isto tem que parar: eu não estou em Inglaterra e não quero para lá ir! E este é o jornalismo inglês no seu pior!

Bora fazer queixa à Alta Autoridade para a Comunicação Social? É que eu fiz uma vez para o provedor do telespectador da RTP e o camelo nem à merda me mandou: mandou uma fulana mandar-me à merda! E pago eu para aquilo com impostos!

Não sei se já disse, mas não estou com muito bom humor hoje!

Abobrinha disse...

http://ktreta.blogspot.com/2007/09/caso-maddie-faz-ben-affleck-reflectir.html