Não, não sou eu que estou com falta de assunto: é a comunicação social portuguesa!
Costumo (quando vejo) ver as notícias na RTP1, mas acho que vou rever essa rotina. Das 13:00 às 13:20 h foi Madeleine, Madeleine, Madeleine! Mas descobriu-se o assassino? Descobriu-se que foi raptada por terroristas? Pela máfia de Leste? Por extra-terrestres? Que afinal ganhou o Euromilhões e fugiu dos pais e do mundo para uma ilha deserta descoberta ela mesma há 2 meses e por isso só agora chegou a carta?
Não: vieram as análises de Inglaterra? E o que dizem as análises? Que há mutantes na família? Que se encontrou a cura para as doenças auto-imunes? Que a história da evolução das espécies é treta e que afinal o mundo foi mesmo feito em 7 dias de 24 horas terrestres cada (mais uns trocos porque alguém calibrou mal o relógio e desde então as coisas têm andado um bocadinho confusas?
Podem dizer tudo isso e muito mais. Ou não! O que se passa é... nada! Os resultados das análises estão com a polícia.
Então como é que se perde 20 minutos a falar do que não se sabe? Não sei! Mas consegue! Consegue-se pondo um reporter excitadíssimo (pastilhado ou com falta de sexo?) a fazer a revista de imprensa do Reino Unido (menos mal: ontem insinuou que no laboratório lhe fizeram ameaças à integridade física!) e entrevistou umas pessoas. Pérolas dessas intervenções:
- Os jornais dizem que PODE haver novas detenções em Portugal (Pode? Pois pode! Também pode não haver! E o Elvis PODE ser um extra-terrestre. Como diz o Jorge Fiel: títulos vaca!)
- Os jornais dizem que as análises podem ter informações importantes (Ver acima. Hmmmmmmmmmmm!)
- O Reino Unido está em suspenso, à espera dos próximos desenvolvimentos. (Não creio! Ademais, a morte da Santa Diana ainda está fresquinha de 10 anos e uns dias! E já começou o campeonato de futebol!)
Liguei para a SIC, que já estava à volta de assaltos e essas coisas. Não sei como está o Helder Rodrigues, o piloto das motos que ontem estava malzinho. Espero que não ganhe notoriedade à la artista, porque significa que não poderá correr mais por impossibilidade técnica.
Mas desanimei: interromperam um directo em Viana do Castelo onde foi assaltado o museu da ourivesaria tradicional para... mostrar a carrinha com a mãe da Maddie a sair para a polícia de Portimão. Só isso!
Não desliguei porque o senhor (tenho que descobrir o nome do homem) que é/era dono do museu da ourivesaria tradicional deu uma lição da arte de bem entrevistar em toda a sela.
Entrou logo a matar:
- O senhor estava atrás do balcão quando se deu o assalto?
- Ouça, não invente: eu não estava aqui e você sabe! Eu vi tudo depois pelas câmaras de segurança!
1-0!
- Disseram-me que o senhor pondera fechar o museu.
- Fechar o museu? O museu está fechado por natureza: eles levaram tudo! O que é que eu vou pôr lá? Fotografias dos vianenses de boca aberta a olhar para o que não está lá?
3-0 (a parte das fotografias conta como golo)
- Acho impossível como é que isto acontece quando Viana está cheia de polícias por causa de (uma coisa qualquer que não me recordo, mas é um evento europeu). Os polícias armados com fisgas, como é que vão fazer face a bandidos armados com metrelhadoras?
5-0 (Se repararam, não houve uma pergunta e as fisgas merecem golo também)
E depois (um homem adulto) conteve-se e conseguiu não desatar a chorar quando falou em anos e anos de pesquisa e coleção e no valor sentimental e não só da coleção. OK, essa parte não teve piada nenhuma, por isso não entra para a contabilidade.
Ficou na SIC.
Já não me lembro do motivo dos 20 minutos na RTP1: era alguma telenovela em tempo real? Ah! Parece que foi uma menina que desapareceu! Ora porra! Isso também não tem piada! Nem com o costumeiro "ah, e é porque era estrangeira, linda, branca e de olhinhos de gato". Haja decência! Haja bom senso! Haja paciência (que me falta com este calor atroz!).
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14 comentários:
Abobrinha, ambos.
Mas estas-te a esquecer da estupidez natural!
“... Tens que praticar!” !!!????????
Que praticar!! Maassss praticar o quê? Um pouco de tento na língua de V. Ex., a minha indignação só não foi mais veemente por respeito à autora do blogue. Só mesmo por falta de assunto, de bom senso ou de ambos. Passe bem!
Com os melhores cumprimentos
(....)
PS: Credo! Até parecia que levava um foguete no cu. :)
Ei Abobrinha,
Já viste que a Mãe da Maddie foi "apertada" pela PJ?
Isto é o titulo de primeira pagina do Correio da Manhã.
"Mãe de Maddie APERTADA pela Policia Judiciária"
É LINDO!!
Joaninha
Apertar é fabuloso! É como diz o povo: não há palavras! Bestial o nosso jornalismo: está a ir pelo caminho do inglês! Para falar verdade, só nos falta um franchising do "the sun"... ou não?
Eu só quero uma coisa: que esta maldita telenovela acabe! Falando a sério, não seria a altura de fazeu uma "baixa autoridade para a comunicação social" (assim uma associação de consumidores) para impedir a acefalização da população e dos jornalistas?
O primeiro a ir para o pelotão de fuzilamento era o pastilhado que está em Inglaterra para a RTP1 (e que anda a ler histórias policiais e ver CSI a mais). O segundo era o José Rodrigues dos Santos por dizer "ménchastâ iunóited" em vez de Manchester United e por piscar o olho antes de fechar o tasco. Que vá piscar o olho à mulher dele!
O mundo está perdido!
JP / anónimo
Sugestão: cria um perfil, filho! Anónimo é assim uma coisa estranha.
Não leves as coisas da pior maneira possível. Praticar é o que é: ganhar ritmo de saídas à noite! É um exercício como todos os outros, e tem que se ganhar ritmo competitivo.
POdes indignar-te com a veemência que quiseres: não há decoro nenhum neste blogue! Decoro é no da Joaninha, que é uma menina casada!
Um foguete no cú, um badalo na testa... beeeeeeeeeeeem... é melhor estar caladinha! Ou é estratégia de marketing? Olha que pode funcionar como pode não funcionar! É um pouco como as camisolas cor de rosa do Benfica, assunto que foi escalpelizado num post do Jorge Fiel (tristemente indisponível até amanhã ou assim).
JP
Não vai perseguir coisa nenhuma: eu não sou rancorosa! Nem é por mais nada: não tenho memória para tal!
Fica bem, é só o que peço.
P.S. Não nego à partida que de vez em quando não mencione o foguete no rabo ou o badalo, mas eu não disse que era santa!
JP
Respondi-te no blogue da Joaninha. Cuida-te e procura ajuda de quem a saiba dar. Isso não passa assim com duas tretas!
As melhoras!
Abobríssima,
Não tenho ainda a pretensão de ter descoberto se és ou não a mulher da minha vida, mas algo há que não me deixa já dúvidas: és, garantidamente, a mulher que eu desejo ter ao meu lado, não quando o Outono da vida chegar, mas, pelo menos, quando chegar o noticiário. Li, pela primeira vez, um post que parecia ter sido escrito por mim, que poderia ter sido escrito por mim, caso não tivesse estado a perder tempo em ocupações inqualificáveis, que... bem, são inqualificáveis, percebes o que quero dizer, espero.
O caso Maddie... sim, o caso Maddie, o que não se poderia dizer sobre o caso Maddie? É tremendo, horrível, uma criança que é arrebatada aos pais? Sem dúvida, não há quem o negue. É, no mínimo, sacana, andar-se a convencer as pessoas de tal tragédia, com dados que a própria comunicação social, que os veicula, sabe serem falsos, e que qualquer pessoa vê que são, pelo menos, inconsistentes? É, certamente. Estaremos, ainda, em presença de uma filhadaputice de todo o tamanho, caso os pais da dita criança sejam, na realidade, os criminosos? Ah, pois, olá se não estamos...
E tudo neste momento o indica, mas a questão, como muito bem apontas, não é essa. A questão prende-se com uma tragédia (que, em várias vertentes, mereceria o qualificativo de “pretensa”), orquestrada ao ritmo de uma “novela da vida real”. Desapareceu uma criança? Boa, temos notícia, e essas mãezinhas vão borrar-se todas, por esse país fora! Afinal, a criança está morta? Melhor ainda, a morte é definitiva, a morte é que vende noticiários. Mas foram os pais, afinal de contas, a matá-la? Lindo, estamos garantidos, somos candidatos a um Pulitzer (a palavra, para quem não saiba, deriva da expressão “To pull someone’s leg”). Quanto à verdade, isso é uma treta, e nem é sequer um termo jornalístico. Nada, vamos mas é beber uma cerveja lá em baixo, que eu preciso também de comprar cigarros.
E, no meio disto tudo, quantas reportagens vieram chamar a atenção para o número de crianças que, todos os dias, vão desaparecendo por essa Europa fora, e mesmo em Portugal? O interesse, aí, é pouco: as que desaparecem lá fora não contam, porque não foi cá. E as que desaparecem cá ainda contam menos, porque não eram europeias – eram, apenas, portuguesas.
Abobrinha, desculpa o improvisado comício. Prometo que, no meu próximo comentário, tentarei ser muito mais badalhoco.
Post-scriptum: excelente, o resto do post, e os comentários à “entrevista” (aspas minhas). É pena que não dê para comentar tudo de uma vez.
Nuno
Podes fazer comício à vontade. O problema não é esse: é que ninguém ouve! Mas isso será problema nosso? Traduzindo: como é que obrigamos a que a comunicação social nos ouça?
Tirando dar um tiro a um jornalista ou director de informação responsável por esta pouca vergonha? Nem é por mais nada: é que o sangue demora de carago a sair e depois ficamos com a polícia à pega... e mais jornalistas incompetentes!
Quanto às ocupações inqualificáveis, e atendendo a uma excelente peça de jornalismo envolvendo vossa excelência há um tempo... espero que tenhas tomado banho!
Este post está um espectáculo! Tem drama, tem amor e tem mistério!
Herr Krippmeister
Dá cá os ossos (ainda bem que foram salvos pela caganeira): adoro um bom elogio.
Neste momento estou a ouvir a SIC em fundo e estão a escalpelizar o comportamento dos pais da Madeleine... não haverá mesmo decência? Ninguém se lembrará que pode ter morrido uma menina?
Brrrrrrrrrrr... não quero pensar mais nisso! É sinistro demais.
Vou ler a Elle para pensar no meu post seguinte! É bem mais interessantes que cães e jornalistas snifadores de cadáveres... beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem mais interessante, prometo! Não sei é se não irei desiludir...
Porque hoje a diposição não é a melhor, apreciei ainda menos o circo MacCann. Desliguei do noticiário da RTP1 às 13:15 h e ainda estava a dar a "telenovela".
Só havia de bom a registar uma "entrevista" de uma jornalista tipo carraça, portuguesa com um inglês macarrónico a um inglês rafeiro. A fulana por acaso lembrou-me de alguém: eu! Mas numa situação muito especial: reuniões de condomínio!
Recordo que as minhas reuniões de condomínio são excelentes e que eu estou a pensar vender bilhetes (falhando tudo, cobre os calotes dos meus vizinhos). Nessas alturas eu transformo-me de abóbora em gindungo! Picante, desagradável!
E foi isso que a fulana foi e ainda mal educada! Não a vou convidar para as minhas reuniões de condomínio porque mesmo assim eu tenho mais categoria (e sei o que faço e porquê, que não é obviamente o caso). Perguntas:
- O que é que pensa?
- E porque é que está chateado?
- E está chateado com a comunicação social portuguesa ou com os MacCann?
- Mas porque é que está chateado?
- Mas porque é que acha que estamos a perturbar a vida em Rothley?
- E o que é que pensa deste caso?
Respostas (em nenhuma ordem especial):
- Para que diabo é que vocês estão aqui?
- O que é que vêm para aqui fazer, a abordar-nos na rua e perguntar-nos a todos o que é que pensamos deste caso?
- Deixem-nos em paz!
- Por mim vocês podem ir todos de avião de volta para o vosso país!!!
Só uma coisa contra o indivíduo: devia ter largado a pouca fleuma que demonstrou e ter arrancado a cabeça à camelória da jornalista. Se eu estivesse lá era o que faria! Admitindo que aquilo que ela estava a fazer era jornalismo, que sinceramente não me pareceu!
E porque é que eu não faço mais um post acerca disto? Já é tempo de antena a mais! Mas isto tem que parar: eu não estou em Inglaterra e não quero para lá ir! E este é o jornalismo inglês no seu pior!
Bora fazer queixa à Alta Autoridade para a Comunicação Social? É que eu fiz uma vez para o provedor do telespectador da RTP e o camelo nem à merda me mandou: mandou uma fulana mandar-me à merda! E pago eu para aquilo com impostos!
Não sei se já disse, mas não estou com muito bom humor hoje!
http://ktreta.blogspot.com/2007/09/caso-maddie-faz-ben-affleck-reflectir.html
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