quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O objecto morto e fotografado - the Bull Sh...

Ora bem, ou vai ou racha: se não escrevo agora a crítica descontrutiva do meu post não é mais. Vou tentar poupar nos "palavrões" porque ali o farol de sabedura já gastou o diccionário todo e eu não consigo acompanhar (nesse aspecto, mas a vida não são só diccionários... digo eu!).

Abobrinha é uma artista que se estreou na cena artística um pouco por acaso. Neste país* em que domina a cultura do betão, lucro e capitalismo desenfreado, a cultura é negligenciada como vivência humana de auto-exploração do próprio como oposto a si mesmo ou mesmo o contrário.

O suporte único é fotografia digital e a montagem é aparentemente descuidada ou mesmo amadora, revelando paradoxalmente o desejo pela envolvência tecnológica e o desprezo pela mesma.

A exploração da natureza revela a morte e não-morte dos espécimes. As formigas no passarinho já em decomposição lembram que a morte não é um fim senão um princípio de algo novo: a natureza renova-se a si mesma, como a arte, de resto!

A inocência e naturalidade da morte do pássaro está em profunda antítese com a instrumentalização do insecto, que de resto ainda não encontrou a aceitação na sociedade que merece.

Como qualquer marginal social, incompreendido por uma sociedade que ainda não está preparada para a sua presença, a libelinha só tem o reconhecimento pós-morte. Quando precisamente não tem mais a oportunidade de gozar a fama e a fortuna e as gajas libelinhas, que são umas gandas malucas com gajos famosos e rico (tiram as asas nos concertos, é uma loucura)!

Comum ainda é a objectificação da natureza, o que claramente acontece. Primeiro discretamente por uma foto que regista o acontecimento (já de si uma demonstração de depredação da alma de um ser vivo que acaba por passar para o outro lado). Depois em planos cada vez mais complexos, com a mistura cromática e mesmo a manipulação digital dos objectos.

A morte em si objectificada. A vaidade posta a nú pela interacção com objectos de desejo** humanizados. Sem dúvida uma demostração da sexualidade perturbada ou perturbadora da artista***. A luxúria que continua para além das fronteiras da morte.

A expressão do objecto ao aterrar acidentalmente nos instrumentos de comunicação revela a necessidade de pedir auxílio a uma sociedade em que os indivíduos cuidam de si mesmos e de mais ninguém. A libelinha está presa na morte e pós-morte nas garras de um individualismo pós-moderno****, libertador mas simultaneamente espartilhante das individualidades colectivas e da alienação do ser com o Karma***** de um organismo superior e vivenciado de modo estruturadamente orgânico e libertário.

Ou seja, a Abobrinha é genial e merece ser paga a peso de ouro!

* TINHA QUE TER um "neste país"

** Para as não gajas e meninos que não vão com as gajas às compras, aquela coisa verde com bom aspecto é uma caixa de sombra de olhos da Estée Lauder. Verde porque eu também tenho olhos de gato, mas se me quiserem oferecer uma preta para usar em vez do lápis (nunca dominei aquela porra), eu aceito!

*** arte que é arte tem sexo ou um nú (a libelinha está em nú total, se repararem) e a artista tem que se promover!


**** pós-moderno também fica bem em qualquer lado!

***** Tinha que meter uma treta destas e não estava a ver onde por o Reiki

Se leram até ao fim... que seca! Eu nem li de novo (e não, não sou o António Lobo Antunes), que nem eu aguentei! Às vezes sai um bocado ao lado, mas às vezes não é como se quer mas como se pode!

Herr Krippmeister, ora cá está uma oportunidade de valeres a uma donzela em apuros!

4 comentários:

Krippmeister disse...

Tás lançada a caminho do estrelato!

"...a montagem é aparentemente descuidada ou mesmo amadora..."

Aqui estás a ser modesta. Não aredito que a abobrinha monte de forma descuidada ou amadora!

:-)

Abobrinha disse...

Herr Krippmeister

Como fiquei na dúvida se estás ou não a falar de badalhoquices, fiquei na dúvida: como é que se responde a isso?

De qualquer modo, parece-me um elogio, por isso digo que sim!

Krippmeister disse...

Era o belo do elogio envolto em toneladas de badalhoquice...

Abobrinha disse...

Elogios são bons. Badalhoquice também. Ou seja, ganho das duas maneiras!!!