domingo, 12 de agosto de 2007

As minhas aventuras com a letra L

Ora bem, ei-nos chegados à parte em que eu falo das minhas vizinhas! Por esta altura, a coisa já perdeu parte do dramatismo e supresa porque já conhecem o contexto.

Possivelmente já imaginaram mesmo a cena: algo do tipo a vizinha com uma camisa de dormir vaporosa e completamente transparente, olhar maroto, lábios molhados, vozinha dengosa, pé descalço, cabelos soltos e uma chávena na mão para me pedir farinha para fazer um bolinho.

Ou manteiga, que faz lembrar o “Último tango em Paris” em versão “Bound” (ia ter um bocado de azar, porque nunca tenho manteiga em casa: vesícula preguiçosa e não gosto de manteiga). Ou, por falar em “Bound”, podia estar nesta figura e pedir-me para lhe desentupir os canos...

É possível que já tenham mesmo imaginado as duas vizinhas, uma loiraça de cabelos pela cintura e uma mulatona roliça mas firme, uma a pedir farinha e outra a pedir azeite (isso tenho sempre, não haveria problema!) e de repente começariam a beijar-se torridamente no meio do corredor e a apalpar-se! Claro que eu as convidaria para entrar: e se vinha um polícia romano e as prendia? E logo assim de camisinha vaporosa ainda apanhavam uma gripe, tadinhas!

Falhando tudo, podia aparecer-me uma vizinha à porta com a toalha enrolada, corpo e cabelo molhado, cheia de frio a perguntar se eu lhe podia dar guarida até à namorada voltar, porque se tinha ido despedir dela ao carro e voltara para se aperceber que tinha deixado a chave lá dentro. Claro que quando a namorada (boazona) dela voltasse, poderia ou não haver lugar a qualquer tipo de cena com bolinha (ou dias, ou três, conforme os acessórios que elas tivessem à mão... ou a outra coisa qualquer).

É mesmo concebível que tenham imaginado duas gajas a bater-me à porta a pedir para lhes fazer companhia. Como é óbvio, não foi nada disto que aconteceu! Mas ao menos deu para entreter, não foi?

Na realidade, o que se passou foi que eu comecei a pensar que o apartamento tinha fantasmas: havia uns ruídos estranhos, quando nunca tinha tido grandes problemas de ouvir os vizinhos (nem o elevador). Ao fim de um tempo apercebi-me que os ruídos iam subindo de tom e da natureza exacta dos ruídos. Sim, desta vez acertaram: eram MESMO esses ruídos e era uma gaja que os fazia. Na minha mente de menina solteira e bem comportada (poooooooooooois), eram da senhora casada e em actividades lúdicas com um marido sabedor das coisas da vida.

Ora havia um problema: eu à época tinha namorado. E eu não sou uma gritadora: nunca fui e não ia começar a ser só por ter concorrência de uma gaja que tinha um namorado (achava eu) que gostava que ela mandasse uns gemidos muito altos, a fazer publicidade dele. Para isso mais valia pôr um cartaz: o meu namorado sabe uns truques! Era mais eficaz, mesmo porque o andar tinha uma exposição jeitosa. Há outro problema com o “je” falar enquanto eze eze: eu falo muito alto, por isso se eu “falasse” ao mesmo tempo que ela, ninguém ia ouvir a gaja e seria o “namorado” dela a ficar com ciúmes (o dela e todos os namorados do prédio e de um raio de 30 km).

Confesso que a dada altura tive que dar umas marretadas no chão para a tipa se calar: para ouvir aquilo, mais valia ligar no “sexy hot”. Ao menos tinha som e imagem!

A dada altura acompanhei (não era que tivesse opção) o degradar da vida amorosa do casal. Na minha inocência pensei: o pobre do gajo já deve ter os tímpanos furados, porque a gaja berra que nem gente grande! É motivo para divórcio, tem toda a razão! Mas havia uma série de coisas que não batiam certo:

1. A gaja tanto tinha sotaque espanhol como português

2. Nunca ouvi o gajo a discutir

3. Nunca vi um macho

Tudo isto tinha uma explicação mais ou menos plausível:

1. Há pessoal que só usa o sotaque para se armar (eu não tenho nada que ver com isso, mas quando estou mais animada ou zangada presumo no sotaque do Porto e atiro com “caragos” à esquerda e à direita, como se não houvesse amanhã e os caragos fossem a salvação do mundo)

2. O gajo podia ser discreto. Afinal, também nunca ouvi o gajo a gemer tão alto: os filmes pornográficos preconizam que deve ser a gaja a gritadora de serviço (de preferência em espanhol)

3. Eu não conhecia metade dos habitantes do prédio, e da metade que conhecia preferia não ter conhecido dois terços!

Eis senão quando (boa tirada dramática!) um dia sou acordada às 5 da madrugada por uns berros de natureza diferente. Pensei ir buscar a caçadeira para dar uns tiros à gaja (pequeno pormenor: não tenho uma caçadeira e sou muito pacífica. Mas com o sono fico a modos que para o violenta). Assomo à janela (outra boa tirada) e... vejo a gaja sentada no parapeito da janela aos urros e a dizer que se queria matar. Uma mão tentava puxar a gaja para dentro. Liguei à polícia a dizer que havia uma tentativa de suicídio (uma queda de um 7º andar é tecnicamente uma tentativa de suicídio, não?), como boa “cidadona” que sou (e depois aquilo ia sujar as áreas comuns todos e o condomínio já é suficientemente caro).

Ora a polícia nunca mais chegava (ficam a saber, quando a vossa vizinha tentar suicidar-se) e entretando o gajo conseguiu puxar a fulana para dentro. Nessa altura dei-me conta que ela era uma altona meia ruiva, com um cabelão lindo e muito elegante. E com uma voz quase tão potente como a minha, se bem que meio esganiçada quando comparada comigo (eu tenho quase voz de macho, se bem que depende da ocasião!).

Uns dias mais tarde, dei conta de uma animação idêntica e quando vi a ruiva debruçada sobre a janela fiquei na dúvida: mando-lhe um jarro de água pela moleirinha abaixo para refrescar as ideias, chamo a polícia ou vou pedir se posso ajudar a empurrar, mas que me dê um adiantamento para limpeza das áreas comuns? Nada disso foi relevante porque reparei que ela estava só a falar para baixo. E berrava: “Lu, amo-te”.

E foi aí que me apercebi que a “Lu” seria uma Luísa e não um Luís!! Mais tarde vi as duas a sair do elevador: a espanhola era a ruiva, a morena a portuguesa. A portuguesa era assim normalzita, mas a espanhola era lindíssima e tinha um cabelão fantástico!! Uma autêntica juba!
O meu namorado riu-se quando lhe disse que eram duas gajas. Não percebo porque é que se riu: será que tinha ou não fantasias com fufas? E sabem que mais: quero lá saber! Mesmo porque desse nada consta.

E pronto, é a história. Pouca coisa, mas rendeu um bocado. Tanto quanto sei as meninas estarão separadas e já não moram abaixo de mim.



Numa história completamente diferente, em Berlim duas meninas beijaram-se apaixonadamente à minha frente, quando saí com duas espanholas (não fufas, tanto quanto sei). Feita estúpida, fiz um sorriso de “oh, não!”. Parecia um gajo com problemas com a própria sexualidade. Daaah! Mais tarde pensei: estúpida, qual era o drama? Devia era ter tentado engatar uma (ou as duas!), só para ver se algum gajo caía na esparrela de tentar arrastar uma das três (eu, de preferência!) do "dark side".

Só havia vários problemas:

1. E se resultava e eu tinha que ir para a frente com a coisa, só para não parecer mal? Dito isto, não estou a ver eu a fazer seja o que for para não parecer mal!

2. E se o gajo tentava e conseguia converter uma das gajas e eu ficava com as sobras (e com uma gaja em quem não tinha interesse)? Bem, como diz o Pepe le Pew com um sotaque arrastado afrancesado: “there is plenty of other fish in the ocean. If you like fish...”.

3. E se eu afinal até experimentava e gostava? Bem, isso não era um problema: se gostasse, gostava e comia! Podia até ser promovido a prato do dia! Ou não! Mas eu não gosto de experimentar por experimentar. E não me parece que seja a minha especialidade (nem isso nem rapidinhas, mas isso é outra história).

4. E se elas me tratavam como um objecto? Um brinquedo para usar e deitar fora, como uma daquelas coisas que se encomenda na internet? Eu tenho sentimentos: não sou só um objecto sexual!

5. As gajas não valiam assim grande coisa: as espanholas que estavam comigo eram mais giras e eram boas a línguas. Se bem que eu era melhor (estou a falar de alemão, minhas cabeças porcas!).

6. E se uma delas era a minha vizinha? OK, é um falso problema este, mas era só para não esquecerem o objectivo do post!!!

E pronto, são estas as minhas aventuras com a letra L. Há outra aventura no Porto, mas eu não conto porque envolve uma mulher casada. Daí, posso simplesmente a fazer “teasing”... e não preliminares... é diferente... não tem nada a ver!!!

Ora opinai!

P.S: Herr Krippmeister, isto deu inspiração???

11 comentários:

Anónimo disse...

Dear, as estórias da vida real são cômicas quando não são trágicas. das duas uma!
existem 2 pra contar, quando se aperta a memória:
1- descobri quando em finais de adolescencia , que minha dentista era , o que vc chama de fufa! Nunca mais abri a boca!!!mudei de dentista. Tentei amizade, mas disse-lhe que "tirasse o cavalinho da chuva que meu interesse era outro".. o normal!Ela foi super gentil , falou que minha santa pessoa não desaparecia da cabeça dela etcetc uau , !!!!!!logo eu tão quieta , me aconteçe cada uma!!!
2- para mim é mais fácil distinguir uma fufa, (acho que fiquei preconceituosa) do que um, menino que gosta de peixe!. Mas li e tenho desencavado umas referencias bibliograficas para poder dar opinião sobre seus posts, mas em uma posição apoiada em algo, e não em qualquer wikipedia. bjim

Anónimo disse...

ah! esqueci da 2ª cena trágica.
Voltei de carona que chamam "boleia" na sua terra, e, notei que a professora de ingles dirigia muito devagar, perguntei-lhe se estava bem, porque eu poderia dirigir e seria mais rápido. Ela me falou que era para apreciar mais a companhia!!!!!!!!!! uai!
quando estavamos a chegar ao destino, o "molecular" dela tocou e pediu-me para atender...
Fiz na maior das atenções e do outrolado estava o caso dela , e eu estaria sendo o pivo de uma cena de ciumes .. Nunca mais!

Abobrinha disse...

Hi, mulher

Ao pé de si eu sou mesmo uma prima da provícia!

Krippmeister disse...

Posso-te garantir que o namorado tinha fantasias com as vizinhas e contigo todos metidos no jacuzzi. Isso de certeza absoluta.

Pois eu tive uma experiência semelhante, mas sem o drama do suicídio. O meu vizinho de cima é rabo, e certa manhã acordei com um gemido de voz masculina vindo do andar de cima. Pensei, FO**-SE! Não acredito nisto! E quando achava que a manhã me estava a correr mal, oiço uma segunda voz masculina que dizia "sim! sim!" ao ritmo da cama a ranger. Levantei-me imediatamente e corri para a sala, acendi a televisão e só encontrei refúgio a ver um compacto Dragonball de headfones.

Escusado será dizer que se fossem duas vozes femininas teria ficado deitado, com um sorriso estúpido, a pensar que todos os dias deviam começar assim...

Enfim, um dia também quero ter vizinhas como as tuas, mas de preferência sem o death wish.

Krippmeister disse...

Conta lá o episódio da senhora casada. Usa um nome fictício, não importa. Até pode ser estrangeiro.

"Certo dia ia eu e a Whillehmina..." ou qualquer coisa assim. Não podes é dizer que tens uma história fabulosa pra contar e deposi não contar, isso não vale.

Abobrinha disse...

Herr Krippmeister

Eu não ouvi duas vozes femininas a gemer: uma delas devia saber que é falta de educação falar com a boca cheia!

Posso e VOU não contar a minha história com a menina que agora é casada. O nome é um pormenor. Sabes... o meu nome real também não é Abobrinha ;-) Além de que tu é que assumiste que a história era fantástica. Eu não disse que era! Pode ser. Pode não ser!

Em compensação, estou a escrever o "resumo" (sabes o que significa resumo, certo?) de porque é que não comprei o livro "a arte do sexo oral". Ora diz lá se não promete!

Estou inspirada: o cafézinho de negócios correu bem!

Abobrinha disse...

Herr Krippmeister

Já agora, os teus vizinhos pora acaso nunca te vieram pedir manteiga, pois não??

Krippmeister disse...

Não, o gajo sabe que com a barulheira que faz não é boa ideia aparecer lá por casa.

Anónimo disse...

Mas porque tomamos para si, o termo "preconceituoso" ( isso dá um post! lindo, claro, a vida já é tão feia),
para minha pessoa, o termo preconceito se baseia em "estar em uma situação inusitada, surpresa, destrambelhada". mas é necessário sermos rápidos, e tocar a Filosofar.... sabe porque? Porque Filosofar é "admirar-se" com algo!! E não adianta explicar.. nós temos que " Compreender".

Abobrinha disse...

Raiodesol

Filosofia é pensar, mas ultimamente anda um bocadinho mal tratada pelos modernaços e pós modernaços que acham que é tudo relativo.

Ultimamente andava a meter-me em discussões bestiais (mas não posso dar referências porque não sei se assinei como "eu" ou como abobrinha). Uma coisa é certa: há discussões sinistras sobre Filosofia actualmente.

Por essas e por outras... badalhoquices é bem mais fixe e mais consensual!!! Toda a gente gosta de badalhoquice, numa variante ou noutra!

Anónimo disse...

Desculpe a ousadia, mas de certeza que têm um problema mal resolvido com o sexo feminino, ou melhor, com as fufas...