Bem, espero que não se torne hábito aqui a cabeça de Abóbora falar de coisas sérias, mas o preclaro Henrique Monteiro botou faladura e acertou mais que o costume (tenho as opiniões dele como geralmente equilibradas e de bom senso, mas desta vez excedeu-se, no bom sentido).
Leiam isto, porque vale a pena e é uma chapada na cara de quem só descarrega em cima dos professores (e torna-se óbvio que eu não sou meiga com eles).
E isso pede um outro post sobre o lado dos alunos... mau! Mais um post sério? Bem, vou tentar ajavardar e fazer um post humorístico mas com uma moral. Não sei se consigo! Parece que afinal o vídeo do Carolina Michaelis me despertou sentimentos. Na volta os certos: em vez de explodir, sorri com a constatação do óbvio e pensei com a cabeça fria.
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8 comentários:
Li e discordo do autor , apesar de ler algumas vezes os seus (dele) textos...
Discordo, porque não há mecanismos que supram e assimilem os objetivos de cada família, seus prós e contras..pode virar um Orwell!!
E em ultima análise o Estado em termos sociais é para todos (não convem, mas, independe até de partidos).. cabe a ele distribuir a renda em ações sociais... A avaliação o futuro dará individualmente.. é uma ação intempestuosa gerir os que são bons e os que não resultarão em nada!!
Caro anónimo:
Não percebi nada do que diz. É que eu também não concordo totalmente com o Henrique Monteiro, que, aliás, não conhecia. Mas penso que a análise dele (embora expressa de um modo demasiadamente vago)é correcta, enquanto coincidente com a minha, no que se refere à definição da evolução do processo que levou ao que se vê por aí.
Importa-se de precisar melhor? Já agora gostaria de ficar a perceber.
Abobrinha:
Fiz uma chamada de atenção sobre o teu post lá pelos meus lados.
Ora bem, o interessante desse texto é que o exemplo das 2 famílias com a casa e a barraca também têm sido muito utilizados para explicar a grave crise hipotecária que assola a economia americana neste momento.
Aliás, a propósito de vídeos aí vai um divulgado num fórum financeiro como "o futuro de muita gente":
Tent cities in Los Angeles
Deveras, isto até leva a outra questão na esfera da habitação, que é a de comprar vs. arrendar. Bah, mas já é muita economia para quem só sabe de magia...
Rui leprechaun
(...e como a cigarra palra e canta todo o dia! :))
Quem nunca está a perceber nicles é a minha pessoa, sempre.
O texto aponta 5 pontos: crise de moradia, desemprego, o social em comunidades,escolas e ações governamentais. Todos dependem de um ponto, a avaliação.. Pois os vizinhos avaliam-se.. ou o importunar com ruidos a vizinhança não é uma avaliação social?
Questões postas: qual família irá obter ajuda? como resolver dilemas sociais de esforços ou não? como avaliar portanto.
Pedagogias ultrapassadas foram avaliadas e novos pressupostos são efectivados, e por certo devem ser avaliadas.Todos devem desejar aprender.. mas antes de alçar a escola, é na família e no social onde se vive que se aprende...afinal não se aprende unicamente na escola.. a escola ensina o que as gerações apontam como produto dos conhecimentos acumulados e actualizados, e uma centena mais de assuntos que empurram guela abaixo dos professores, como regras mínimas de pedestres, trânsito etc, actos de saúde básica. A essência da questão é que os tempos são outros da conjugação verbal do avaliar.Imaginar a ação social do governo como um PAI, é defeito onde muitos gostam de amparar-se, mas deve existir porque na sociedade existirão sempre os oportunistas e párias, faz parte, ou seja não existe perfeição.As famílias e suas ovelhas negras..(não está na via escolar a salvação da sociedade, o horizonte contemporâneo é mais aberto) faz parte, é social, urbano. Quem sou eu para ..
nicles!! ponto final.Passe bem.
Anónimo (assumo que os dois comentários anónimos venham do mesmo) e Joaquim
O texto do Henrique Monteiro é vago mas ao mesmo tempo extremamente concreto. Sobretudo muito acertado!
Trocando o que ele disse por miúdos, os mecanismos do estado solidário podem ser perversos. E isto porquê? Porque os incentivos para sair de onde se está... não existem! E dá um exemplo muito concreto: que incentivo tem a família que vive como nós consideramos digna e esforçada tem? Só a sua consciência! E deveria sentir-se violentada por uma pessoa em situação de partida idêntica receber uma casa só porque (por solidariedade social) se quer erradicar as barracas.
Desviando-me mais para o tema casa, o Rui Rio (leia-se CÂmara do Porto, mas o Rui Rio é o alvo a abater) foi criticado por fixar rendas "altas" nos bairros sociais. Bem... a CÂmara do Porto não é a Santa Casa da Misericórdia! Eu se quis uma casa, paguei-a! A Câmara do Porto acertou a situação de algumas pessoas nunca poderem comprar uma casa como a minha... mas não a deu: paga-se com uma renda que se possa pagar, de acordo com os rendimentos que se aufere! Em boa verdade, ninguém disse que ninguém ia ficar na miséria por pagar aquela renda. E às vezes o que se não diz é mais importante do que o que se diz.
No caso da educação a coisa é mais grave. É que debaixo de uma ponte ou numa barraca pode viver-se. Sem um sistema de ensino (leia-se: mecanismos de aprendizagem e de descoberta e de socialização, que inclui o respeito da autoridade) não se vive bem e não se desenvolve bem. Está a sacrificar-se o desenvolvimento de jovens quando a intenção é de os integrar. Mas eles podem simplesmente... não ter incentivos para se integrarem (ou não terem incentivos para deixar de se integrar). Ou simplesmente não quererem!
Nessa altura, do mesmo modo que pode ser uma aberração DAR uma casa a quem a não merece, será legítimo canalizar esforços ilimitados e que não podemos pagar a quem se está borrifando completamente para o assunto?
Joaquim, esta análise do Henrique Monteiro não é exaustiva. Mas alguma análise sobre a educação o é? Alguma será? Mas importa fazer estas reflexões, por politicamente incorrectas que sejam.
Ocorre-me mais uma coisa: às vezes ter o que se quer é o pior que nos pode acontecer. Nesse sentido, ter toda a liberdade e toda a permissividade pode ser mau. Ser premiado com um grau de escolaridade que não se merece pode criar um desadaptado.
O mesmo desadaptado que não existiria se fosse forçado a ir trabalhar a dada altura e até se sentisse adaptado no que estava a fazer. E mais tarde aproveitaria as novas oportunidades para retomar o que não teve maturidade para fazer quando tão jovem. E só aí quereria e mereceria a sua casa/educação, sentindo-se merecedor.
Leprechaun
Só vou conseguir ver os vídeos algures no fim de semana, por isso não vou comentar ainda.
Mas a questão da compra e aluguer (e mesmo das casas) não é o que está aqui em causa. O que está em causa foi o exemplo de politicamente correcto que o Henrique Monteiro deu e como esse exemplo se transporta para a educação.
Muito bem esse comentário cheio de lógica de mercado... e bom senso também!
Olha, essa tua opinião seria muito bem recebida nesse tal fórum financeiro, onde aliás as mensagens veiculadas vão também nesse sentido da responsabilização pessoal, a par dos mecanismos mínimos de ajuda social em casos especiais.
Ah! E claro que a casa nova é própria, era fácil de ver... ;) Economicamente, talvez não a melhor opção, isto partindo do princípio que se trata de um sítio para viver e não um investimento imobiliário.
Já ouviste falar do livro "Pai rico, pai pobre"? Uma obra muito interessante e o autor criou também um jogo próprio para explicar o mecanismo do dinheiro e alguns princípios básicos da economia pessoal. Ora aí está algo que eu podia ter aprendido mais cedo, em vez do Jogo da Glória ou mesmo o Monopólio! :)
I can send you via mail, if you want it.
But yes, you're right... we've got to move...
Rui leprechaun
(...out of the grove! :))
PS: Still... there's a blessed silence and another that's a curse...
Quanto à minha maldição... é falar até mais não! :D
Leprechaun
Acima de tudo o que acho que transpira do comentário do Henrique Monteiro é que não nos devemos ficar pela verdade fácil e chorosa do politicamente correcto.
Nem sempre uma lógica capitalista é cruel. No caso, pode ser disciplinadora e contribuir mesmo para um certo sentido de auto-realização, não condenando as pessoas a viverem das migalhas da sociedade. Porque isso desvia as migalhas de quem precisa de pão. Mas isto não é politicamente correcto...
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