domingo, 10 de fevereiro de 2008

O meu amor pela minha gaja

Estavas só, abandonada. No meio de outras sós e desacompanhadas. Ignorada.

Ou não te queriam ou não te podiam alcançar e por isso te desdenhavam. Que não eras nobre, embora nascida de boas famílias e gente honesta. Para alguns, fazias-te cara. E ali ficaste, no mesmo sítio, ali no alto. Possivelmente por estares no meio do mato, ignoraram-te.

Quando te vi, confesso que te desejei ardentemente. Representavas um abrir de asas diferente, o assumir definitivo de um estilo de vida que já se adivinhava há muito, mas ainda meio envergonhado porque nem sempre bem visto e às vezes só tolerado. E és linda!

Mas resisti. Porque é que afinal te desdenharam? Abriste-te a mim, mostraste-me os teus segredos e a perfeição de todos os teus pormenores. És muito bem feita, amor. Quando entrei em ti pela primeira vez o sol de Verão beijava-te. Mas se não te possuísse, continuarias a abrir-te a qualquer um ou qualquer uma. Não me devias fidelidade. Foi em grande parte esta a luz que se me fez na cabeça quando decidi ir até ao fim e possuir-te, criar contigo um compromisso. Serias só minha e um segredo durante muito tempo. Só tive o cuidado de partilhar este momento em que te decidi ter com uma pessoa muito querida.

Entrei de novo em ti e tu já definitivamente minha e em exclusivo, como se fosse a primeira vez. A cada vez que em ti entrava mais te amava. Estavas completamente nua (mas não exposta) e assim ficaste um tempo. Até que te comecei a comprar presentes e te vesti. Com o mínimo essencial, para melhor estudar as tuas formas, para que possa o mais dignamente aproveitar toda a tua beleza natural. Quero-te pouco enfeitada: a tua beleza é para mim, não para os outros. Só tens que me agradar a mim.

Hoje durmo contigo como se fosse mais um dia na nossa vida em comum. Como se fôssemos um velho casal, mas também como se fosse todos os dias a primeira vez. Tive outras antes de ti, algumas de um desprendimento inconsequente (sabíamos que não duraria) e outras só de uma noite.

Uma marcou-me porque me pertenceu completamente. Mas era muito mais estreita. Acabei com ela porque não me deu espaço. E eu, que sou uma mulher de compromissos, preciso de espaço! Teve um tempo muito próprio e foi especial, mas fartei-me. Esse tempo passou.

Agora tu, meu amor, contigo posso até consituir família ou pelo menos partilhar-te com amigos. Eu sei que farias isso por mim. Não te juro fidelidade eterna, mas sabes que serás sempre um dos meus grandes amores e um dos meus maiores investimentos nesta vida. E que volto para ti todas as noites. Afinal, és a minha morada... literalmente: é que este texto é sobre a minha casa...

4 comentários:

Joaninha disse...

pensei que era sobre a tua cama!
Está lindo e com um que de erotismo tipico da abobrinha.

Abobrinha disse...

Joaninha

Ultimamente a única coisa badalhoca que tenho conseguido debitar é mesmo o consultório sexual (já agora, algumas questões anónimas são minhas), pelo que o teu elogio soube particularmente bem. Pena não te ter convencido que era sobre uma gaja. Mas acho que já me conheces.

Ando muito pouco badalhoca... não é normal!

Só uma outra coisa: um dos grandes dramas neste momento é precisamente eu não ter uma cama. Ando a dormir num sofá-cama do IKEA, muito confortável. Mas já começo a ficar cansada de não ter uma cama. Assim tipo cama-cama!

Anónimo disse...

Pensei que era sobre seu travesseiro.Amas agarrar o travesseiro onde descansas o pensamento? mas pensas em mim??
Olha se fosses homem te dava uma chance, pelo visto me persegues...Mas não és.. que amor obcessivo este que tens por mim?

Abobrinha disse...

Anónima

Sinto-me um pouco confusa: então eu persigo quem? Quando muito perseguiria um menino jeitoso, não uma anónima que não se decide se me trata por tu ou por você.

Um psiquiatra nos dias que correm não é assim caro e há drogas maravilhosas para a psicose: aproveite!