quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Isto não dá para mim...

O comentário da marycarmen a este post fez-me pensar. Fez-me confusão.

Vamos por partes:

“nunca exigi ao gajo que não olhasse para outras, que não fosse beber cafés com outras, nem que não dormisse com outras, desde que nunca me mentisse”

Isto não dá para mim: eu entrego-me completamente, sinto as coisas muito profundamente. Não sou superficial por natureza e não acredito que isso seja um defeito. E não aceito que sejam superficiais comigo nem que tenham comigo outra coisa que não total respeito. E fidelidade é sinónimo de respeito. E de amor. Ninguém anda de olhos tapados, mas também ninguém anda a comer tudo o que mexe e não!

Além de que olhar para outras e tomar café com outras não é primo nem enteado de dormir com outras: tomar café é público e social, não íntimo. E eu levo a minha intimidade muito a sério! E exijo que a levem a sério! Quem pisar o risco... arrepende-se, acredita!

“não considerava que estivesse a ser encornada sempre que tal fosse apenas uma cena física e eu soubesse dela atempadamente. Tipo num prazo de duas ou três semanas”

Isto é o oposto do que eu sou. Ia dizer que não perdoo, mas o Crest provou-me que eu não digo coisa com coisa no que respeita a este assunto, por isso é melhor estar caladinha que estou bem. Olha, na volta recomendo-te que leias o que ele tem a dizer em relação ao assunto.

Isso do "só físico" não compreendo! De todo! Não consigo dissociar as coisas dessa maneira: sinto desejo por pessoas com quem me envolvo! E vice-versa.

“Conclui, no fim desta trapalhada toda, que tenho a mentalidade de uma menina de 8 anos, daquelas que são fans da Ana dos Cabelos Ruivos e acreditam que os príncipes e as princesas no fim vivem felizes para sempre e têm para cima de 8 meninos, já que a compra das botinhas nunca constitui problema no orçamento familiar. Tenho a mentalidade de uma heriona romântica do séc. XIX, e não sei crescer para fora dela.”

Chego realmente à conclusão que não sou romântica. Se é isto que significa ser romântica! Eu não vejo que vantagem tenha acreditar só por acreditar em príncipes encantados e no amor tão verdadeiro que nunca vai ser traído. Entre outras coisas, porque há por aí muito sapo (sim, podem atirar com a piada de viver em sítios húmidos e escuros)! Mas há homens honestos e que se dão como eu me dou. Eventualmente hei-de tropeçar num desses, em alguém que procure o mesmo grau de envolvência que eu. E que queira essa envolvência comigo! Em exclusivo, claro! Se não tropeçar, paciência!

Mas eu NUNCA aceitarei menos do que o que mereço! E NUNCA aceitarei ser traída ou ter numa relação que seja menos do que o que quero e mereço. Sobretudo a coberto de pobres desculpas “como querer o seu espaço”, “ser só físico”, “estar magoado com um relacionamento anterior” ou “estar à procura da mulher ideal” (já ouvi esta também!).

“Sou uma pessoa extremamente misericordiosa, sem que tenha ainda recebido um retorno kármico por isso. Diz-se que a esperança é a última a morrer, por isso olha...enquanto houver vida pode ser que receba algum... “

A única coisa que há a receber seja do que for é a satisfação própria de saber que fizemos bem. Não se pode esperar que o destino se encarregue de nos premiar. Temos que ser nós a tomar o destino nas nossas mãos. Isso ou os tomates de quem nos magoou... e depois apertar até ouvir falar fininho!

Eu sou misericordiosa em relação a um gatinho, a uma criança que não sabe o que faz ou a alguém que não está de posse de todo o juizinho. Não em relação a quem magoa porque quer e quer que eu me submeta a algo que me faz sofrer. Tu acorda, mulher! Ainda vais a tempo! Respeita-te e faz-te respeitar!

Em relação ao motivo que leva alguém a perdoar um encornanço, acho que a discussão no post foi elucidativa: perdoa-se por ser superior a isso. Mas... eu não recomendo! Porque é fácil de confundir com amor doentio por outra pessoa: o tipo de amor que anula a nossa vontade própria e nos submete a outro à espera... do príncipe encantado!

8 comentários:

A Gata Christie disse...

Por falar em encornanço, podese sempre passar pelo meu gatil e dar uma opinião...

Eu acho que também não perdoava uma traição, mas o que consideramos traição pode divergir de pessoa para pessoa. Ou não?

Abobrinha disse...

A Gata Christie

Já deixei. E... não sei. Tomar um café não é traição. Olhar não é traição. Desejar secretamente pode dar em traição (e dá, se não houver cuidado), mas... há linhas que não se cruzam...

Bacardi disse...

Marycarmen

Sou forçado a concordar com a minha esposa. Essa situação para mim também não dá. E a coisa para ti resulta porque há um equilíbrio na vossa relação. Simplesmente é o equilíbrio errado. Numa relação ambos têm de dar a 100%. No vosso caso, tu dás 190% e ele 10%. E a coisa vai funcionando porque esses 10% (no teu caso, é a sinceridade dele) te dão a perspectiva de que ele dá algo. Acredito que se ele tivesse algum caso e só te dissesse depois, tu o perdoarias.

Não te vou dizer que fazes bem ou mal em estar nessa relação. Não sou ninguém para te dizer o que deves ou não fazer da tua vida, até porque possivelmente sou mais novo do que tu. Mas digo-te que, se estivesse no teu lugar, a coisa nem sequer tinha começado. Perdoar traições perdoa quem quiser. Eu, como já disse, não sei se perdoaria ou não. Mas, para mim, seria impensável viver numa relação onde isso fosse o prato do dia.

Sadeek disse...

Pois...ó Abobrinho do meu coração, ela tem uma certa razão. Se ela sabe e não se importa não pode realmente ser considerado encornanço, né? Porque isso implica traição. E traição, ao que me parece, implica desconhecimento de uma das partes. O que não seria o caso...

Enfim...cada um é como cada qual. Mas eu a isso não chamo uma relação. Quanto muito uma coisa colorida. Aí também não exigia exclusividade. Mas enfim...são diferentes formas de ver as coisas. Desde que se esteja bem com a forma como corre a coisa temos de aceitar e tomar por válida... ;)

BEIJOOOOOOOOOOOOOOS

Anónimo disse...

Eu tenho sempre uma certa dificuldade em me explicar a este respeito. Ou isso ou tenho uma noção muito invulgar do que pode e deve ser um relacionamento a longo prazo.
Já há muito tempo que percebi que é extremamente difícil para a maioria das pessoas de perceber que há possibilidade de se ter um relacionamento muito sério e profundo e tudo e tudo e tudo sem ciúmes.
E não me interpretem mal no que diz respeito ao número de vezes que o rapaz mijou para fora do penico. Para muitas pessoas, uma era evidentemente já uma vez a mais, para outras, depende muito. Na minha opinião, em 16 anos haver 4 não conformidades, 3 das quais limitadas a uma vez só, e apenas uma com envolvimento emocional, é muito melhor do que a média nacional. E principalmente quando da última derivou tanto sofrimento para todas as partes, todas mesmo. Não houve leviandade nem superficialidade nem ligeireza no tratameno desta trapalhada, a apartir do momento em que se iniciou.
A vida é mesmo muito complicada. Está cheia de fios que se cruzam e tornam a cruzar, de opções, umas definitivas, outras menos irreversíveis, e o que conheço como a realidade não se alterou por se ter dado um evento X no período que medeou entre Y e Z. Só vivemos uma vez (ou pelo menos é a opinião mais maioritária...). Por vezes interrogamo-nos sobre se um determinado caminho que escolhemos é ou não o mais adequado para nós. E ás vezes, nesses mesmos momentos de dúvida existencial, aparece mais um ou outro elemento a gerar confusão, e compromete-se de repente uma vida e mais que tudo, uma família.
Quando pensarem neste pequeno romance que lhes apresentei, não pensem num relacionamento de meses, entre duas pessoas que se dão superficialmente. Pensem em duas pessoas que passaram juntas metade das vidas, que têm dois filhos em conjunto, e que no pior momento do seu relacionamento eram qualificados pelas pessoas que com eles conviviam como "um casal muito cúmplice".
Senti isto como um terremoto. Importava naquele instante tratar dos vivos e enterrar os mortos. Foi o que fiz. Enterrei o que morreu e tratei do que havia para tratar. Mas senti que o meu relacionamento não estava entre os defuntos, e o que aprendemos em conjunto ajudou-nos a perceber, pelo menos, que com certas coisas não se brinca.

Abobrinha disse...

Meninos

Isto custa-me a comentar. Em parte porque é mais sério um pedaço que os temas que costumo abordar, em parte porque ando a morder a língua para não a soltar a uma moça que está numa situação delicada... não sei... tenho que calcular melhor o que digo e não...

Eu Mesma! disse...

Por acaso confesso que ontem quando li o comment dela tb me fez muita confusão....

primeiro porque eu também me entrego... e exigo o minimo que é respeito, lealdade e sinceridade...

e em segundo lugar... mesmo não sendo uma menina romântica que adora surpresas e estar sempre juntinha e afins... eu sou uma menina que não acredito totalmente num principe encantado... mas acredito sim em alguém que nos vai amar incondicionalmente, que nos vai respeitar e que vai estar junto a nós para sempre...

se isso é o principe encantado não sei...

mas que realmente achei o comentário dela um conjunto de contradições achei...

Abobrinha disse...

Ainda não estou em condições para comentar o caso. É pesado demais. Volto a ele brevemente, mas por agora fica a marinar.