terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Prémio persistência

O prémio Persistência (também conhecido por "espera sentado, senão ainda ficas com varizes e isso é chato e inestético" vai para o PCP) desta semana vai para o PCP, que espera ser poder "quando o povo português quiser":

"O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, insistiu hoje numa "ruptura" com a "política de direita" do PS e afirmou que os comunistas serão poder "quando o povo português quiser", sem ficar "à espera de lugares oferecidos". " (no Expresso)



Não sei o que são lugares oferecidos, mas não vi referências a eleições, o que me preocupa ligeiramente. Mas não muito.

Ex-aequo com o PCP recebe o prémio o Sr. Duarte Pio, porque ontem disse no Público (não tenho a ligação) que "O PCP também é muito patriótico" quando perguntado sobre se a monarquia é o último reduto do patriotismo. Quando lhe perguntaram o que tinham os dois movimentos em comum, respondeu: "Um certo idealismo próprio de quem adere a movimentos políticos que não dão compensações, que não dão emprego. "


O Sr. Duarte Pio receberia ainda o prémio "caladinho é que tu fazias boa figura" por uma série de bacoradas que disse na entrevista, da qual destaco uns bocadinhos. Aviso já que foi difícil escolher, porque toda a entevista foi uma bacorada muito grande:

"O poder dos reis vem de Deus?

Há uma grande confusão histórica quanto a isso. Os reis protestantes que quiseram tornar-se chefes das igrejas dos seus países criaram a ideia de que o poder real é de direito divino. A doutrina católica é diferente: todo o poder tem origem em Deus, mas chega-nos através do povo, não é arbitrário. O povo é que delega no rei o poder. É por isso que em Portugal o rei só era rei depois de aclamado pelas cortes.

No seu caso, não foi aclamado.

Pois não. Mas considero que o chefe da Casa Real fora do seu cargo continua a ter as obrigações morais que teria se estivesse em funções."

Fiquei confusa: onde está Deus no meio disto? E de onde lhe chegou a aclamação do povo?

"Ser rei é a sua profissão?

Tive várias oportunidades de trabalho, mas não aceitei, porque, na minha condição, não poderia ser empregado de ninguém."

Ah! Boa! A condição é a de aclamado, por aclamar ou de emproado crónico com um sotaque estranho?

"Ofereceram-lhe empregos?

Sim, propuseram-me cargos de administrador em bancos (ainda bem que não aceitei, senão agora estaria preso). Não aceitei porque perderia a minha independência.

Ocuparia muito do seu tempo.

Não foi por causa disso, porque os administradores dos bancos não fazem nada. Mas, na minha posição, se eu trabalhasse numa empresa, como assalariado, as minhas opiniões estariam condicionadas, não teria credibilidade."

Eu sabia que a minha vocação era ser administradora de um banco e não fazer nada. Quando é que abre concurso? Já agora, gostava de saber qual era o banco. O Totta ou o Totó?

"A educação democrática em Portugal é muito fraca. As pessoas ainda não perceberam qual é o papel dos partidos e do Parlamento. Se houver uma crise grave, com fome, pilhagens, tudo isto vai por água abaixo. Basta que, por um acto terrorista, não recebamos petróleo, que por causa de greves, ou distúrbios, a importação de produtos alimentares seja suspensa. Somos completamente dependentes. Pode haver centenas de milhares de pessoas a manifestarem-se por uma intervenção totalitária dos militares, ou do Presidente."

Claro que se houver um Rei, basta ele aparecer à janela, acalma toda a gente e sacia a fome com um gesto.

E esta é gira:

"O Presidente americano é um rei?

Sim. Esteve mesmo para ser rei. E tem mais poder do que algum rei tem hoje em dia."

Ou seja, os EUA foram governados pelo Elvis!

Duarte, filho: és grande!

8 comentários:

Bacardi disse...


Entrevista completa


Questiono-me se esta entrevista terá mesmo sido a Dom (???? onde se compram estes títulos? Também quero um) Duarte ou a Ricardo Araújo Pereira. Mas, após exaustiva análise, conclui que nem o ícone da comédia portuguesa seria capaz de algo tão delicioso. Surpreende-me como é que Dom Duarte ainda não foi contratado pela TVI para fazer um programa de comédia, lado a lado com José Castelo Branco.

Abobrinha disse...

Bacardi

Obrigada pela visita e pela ligação para a entrevista completa.

Mas a TVI contactou-o! Ele é que não aceitou porque senão perdia a independência. E um comediante de um programa de televisão é um pouco como o administrador de um banco: não faz nada!

ablogando disse...

Lá pelo facto de o homem usar aquele bigode ridículo, não é motivo para seres tão mazinha, mulher! Olha que se calhar tem feito, discretamente, mais pelo país do que muitos que chegaram, não se sabe porquê, às sucessivas anedotas de mau-gosto a que se tem chamado governo. Mas, reconheço, nestas entrevistas até dói vê-lo chutar ao lado (fora aquelas em que dizem que ele chutou).
Quanto à pronúncia esquisita, bem, pode imagina ele como rei e o Cavaco Silva como primeiro-ministro... Faziam um lindo par de representantes da nação, não achas? (ou pensavas que só tu é que podias ser mazinha, hmmm?)

Blondewithaphd disse...

Bem entregues, sim senhora!:)

Abobrinha disse...

Blonde

Só a quem merece! Sempre!

Abobrinha disse...

Joaquim

O bigode é naquela: cada qual anda como quer. Mas achar que é superior a mim só por ser nascido assim ou assado é que me mete impressão. Isso e querer mandar em mim por essa superioridade. Para dizer o mínimo, é ridículo, mas também é revoltante.

A fala do Cavaco não é sotaque horroroso: é mesmo problema de garganta.

Anónimo disse...

Oi.
Provalmente já ninguém vai ler isto, portanto: ah grande Abobrinha!

Concordo com quase todos os teus comentários - que são 'bocas', mas com, realmente, sentido de oportunidade (não estou a ser irónico).

E o D. Duarte põe-se muito a jeito!
Tem o seu quê de cromo, realmente.
Mas á última resposta não é assim tão crómica: ele não se explicou bem (pronto, é cromo por isso): ele devia querer dizer que se chegou a pensar fazer de George Washington Rei dos EUA, em vez de 1º presidente.
Isso é verdade.

Abobrinha disse...

Info-excluído

É assim: o Sr. Duarte é ridículo, mas para mim toda a noção de monarquia é ridícula. Mas ainda bem que gostaste!