De novo duvidei da existência real dos lisboetas porque toda a gente que ali estava tinha aspecto de estrangeiro e/ou um mapa e guia na mão. Mesmo assim, seria um pouco inútil perguntar indicações quando a minha dúvida era mesmo: para onde é que eu quero ir?
Assim sendo fiz o que vim fazer a Lisboa: perder-me! Mas a pé! E comecei a caminhar sem destino.
Subi, subi, subi, venci hordas de turistas e continuei a subir. Encontrei uma igreja que me pareceu familiar de uma ou outra visita com os meus primos, mas continuei a subir. Indicações para o Castelo de S. Jorge, mas não era ali que me apetecia ir. Desviei-me e continuei a subir. Encontrei um miradouro familiar (mas falha-me o nome) e abanquei numa esplanada com vista para o rio para descansar os pés e finalmente comi qualquer coisa e injectei vestígios de cafeína na corrente sanguínea.
O tempo estava agradável e o ambiente também até que se sentaram uns turistas ruidosos ao pé de mim. O ruído não me incomodou nem um bocadinho e pareceram-me romenitos (percebia uma palavra por outra no meio de qualquer coisa que parecia pronúncia russa ou portuguesa). O que me fez desandar dali foi mesmo uma cigarrilha mal cheirosa do que estava colado a mim. De vez em quando penso que a proibição de fumar em espaços fechados foi excessiva, mas este tipo de "respeito" por quem não fuma nem quer põe-me no sítio.
E subi, subi até que tirei a fotografia do gatinho que coloquei na parte 1 desta rapidinha. Subi mais um bocadinho e fui ter à igreja da Graça. Igrejas são como os chapéus: há muitas, por isso fui sentar-me no miradouro onde tirei esta fotografia à paisagem. A fotografia é uma merda porque não faz justiça à paisagem. Mas dá para ver que o dia não estava assim tão glorioso. Mas também me mete alguma confusão: o que é que justificava a ausência de lisboetas? Ocorreu-me que andem tão cansados da cidade que não a apreciem. E Lisboa é linda.
No miradouro tem uma esplanadinha onde me dei conta de uma estranha dinâmica entre pombos, pardais e humanos: os humanos fazem migalhas que são disputadas por ambas as espécias de pássaros. E eu vi claramente visto um pardal a roubar uma batata frita a um pombo em voo picado enquanto este via a banda passar (fotografia nem pensar: foi muito rápido!).
Para tirar esta fotografia de um pardal a banquetear-se com as migalhas desta mesa foi um problema. Tanto que só apanhei o bicho já em pleno voo, e no canto da fotografia.
Este pombo é que anda a fumar um bocado demais. Ainda bem que não frequenta ambientes fechados, senão ia ser um problema. Aqueles pulmões devem estar mais pretos que o carvão!
(Continua)
3 comentários:
andas muito só.
se bem que "antes só do que mal acompanhada"ou és elitista ou seja contra "parolos"como dizes.
Republicademocraticadosorrir
Andar sozinha e andar só não é a mesma coisa: os outros têm mais que fazer e nem sempre têm disponibilidade para mim. E se os outros não têm disponibilidade para mim eu posso ficar em casa a chorar que ninguém gosta de mim ou sair de casa e procurar gente nova, paisagens novas e fotografias novas.
E depois, estou desconfiada que quem é má companhia neste momento sou eu. Tenho momentos desses, mas não são a regra e identifico-os bem.
Fez bem então!
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