domingo, 4 de maio de 2008

Dei uma rapidinha a Lisboa - parte 4

Cheguei à Praça do Comércio sem um botão comprado e ainda sem cafeína na veia. Isso pode justificar a minha incapacidade para me orientar na rede de autocarros. Mas isso seria se eu não vos confiasse que eu tenho dificuldades com esse particular em qualquer cidade, seja Berlim seja mesmo o Porto.


De novo duvidei da existência real dos lisboetas porque toda a gente que ali estava tinha aspecto de estrangeiro e/ou um mapa e guia na mão. Mesmo assim, seria um pouco inútil perguntar indicações quando a minha dúvida era mesmo: para onde é que eu quero ir?


Assim sendo fiz o que vim fazer a Lisboa: perder-me! Mas a pé! E comecei a caminhar sem destino.


Subi, subi, subi, venci hordas de turistas e continuei a subir. Encontrei uma igreja que me pareceu familiar de uma ou outra visita com os meus primos, mas continuei a subir. Indicações para o Castelo de S. Jorge, mas não era ali que me apetecia ir. Desviei-me e continuei a subir. Encontrei um miradouro familiar (mas falha-me o nome) e abanquei numa esplanada com vista para o rio para descansar os pés e finalmente comi qualquer coisa e injectei vestígios de cafeína na corrente sanguínea.


O tempo estava agradável e o ambiente também até que se sentaram uns turistas ruidosos ao pé de mim. O ruído não me incomodou nem um bocadinho e pareceram-me romenitos (percebia uma palavra por outra no meio de qualquer coisa que parecia pronúncia russa ou portuguesa). O que me fez desandar dali foi mesmo uma cigarrilha mal cheirosa do que estava colado a mim. De vez em quando penso que a proibição de fumar em espaços fechados foi excessiva, mas este tipo de "respeito" por quem não fuma nem quer põe-me no sítio.


E subi, subi até que tirei a fotografia do gatinho que coloquei na parte 1 desta rapidinha. Subi mais um bocadinho e fui ter à igreja da Graça. Igrejas são como os chapéus: há muitas, por isso fui sentar-me no miradouro onde tirei esta fotografia à paisagem. A fotografia é uma merda porque não faz justiça à paisagem. Mas dá para ver que o dia não estava assim tão glorioso. Mas também me mete alguma confusão: o que é que justificava a ausência de lisboetas? Ocorreu-me que andem tão cansados da cidade que não a apreciem. E Lisboa é linda.




No miradouro tem uma esplanadinha onde me dei conta de uma estranha dinâmica entre pombos, pardais e humanos: os humanos fazem migalhas que são disputadas por ambas as espécias de pássaros. E eu vi claramente visto um pardal a roubar uma batata frita a um pombo em voo picado enquanto este via a banda passar (fotografia nem pensar: foi muito rápido!).

Para tirar esta fotografia de um pardal a banquetear-se com as migalhas desta mesa foi um problema. Tanto que só apanhei o bicho já em pleno voo, e no canto da fotografia.



Este pombo é que anda a fumar um bocado demais. Ainda bem que não frequenta ambientes fechados, senão ia ser um problema. Aqueles pulmões devem estar mais pretos que o carvão!




(Continua)

3 comentários:

Anónimo disse...

andas muito só.
se bem que "antes só do que mal acompanhada"ou és elitista ou seja contra "parolos"como dizes.

Abobrinha disse...

Republicademocraticadosorrir

Andar sozinha e andar só não é a mesma coisa: os outros têm mais que fazer e nem sempre têm disponibilidade para mim. E se os outros não têm disponibilidade para mim eu posso ficar em casa a chorar que ninguém gosta de mim ou sair de casa e procurar gente nova, paisagens novas e fotografias novas.

E depois, estou desconfiada que quem é má companhia neste momento sou eu. Tenho momentos desses, mas não são a regra e identifico-os bem.

Anónimo disse...

Fez bem então!