quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Réplica

Todos os terramotos têm réplicas. Umas mais, outras menos intensas, mas sempre destrutivas. Se o primeiro abalo não é previsível, as réplicas são e há que controlar os seus efeitos destrutivos.

O mesmo se passa com terramotos emocionais: hoje fui apanhada por uma réplica. Menos intensa que as seguintes e comigo já em terreno mais firme e sem edifícios que possam cair à minha volta e ferir-me. Ou por outra, ao menos não me ferir tanto quanto o abalo com que não contava e para o qual não me consegui preparar tão bem como devia. Porque as emoções são terreno de grande risco sísmico por natureza e quando menos se espera o chão treme e ruge debaixo dos nossos pés. E deita tudo abaixo.

Hoje deixo-me chorar. Só chorar! Sentir só por sentir, para não me negar o sentimento de dor e perda que me deitou abaixo há um tempo e que quer instalar-se de novo (mas eu não deixo). Sentir para não me negar a solidão, a tristeza que sinto e que foi causada pelo terramoto. Sentir, tendo a certeza de que fiz bem em causá-lo. De que a destruição foi, apesar de tudo, seja construtiva. Um recomeço, com uma construção mais firme, mais estudada, sobre estruturas mais sólidas. Preparada para outros abalos e outras réplicas.

Permito-me chorar para que amanhã já não seja nada. Para que amanhã a terra esteja serena, porque é dia em que tristezas não são permitidas. Amanhã é dia três vezes feliz.

Mas neste preciso momento... estou imensamente frágil...

5 comentários:

Salto-Alto disse...

Chorar faz bem.. Mas sentires-te assim já não faz tão bem...

Espero que esse sentimento passe rápido, sinceramente... :)

beijoca

NI disse...

Mas é na fragilidade que encontrámos a nossa verdadeira força para enfrentar os desafios.

E tu consegues.

Bjs

Sadeek disse...

:(

beijo

Abobrinha disse...

Salto-Alto e Sadeek

Já passou! Já passou! Passou mais rápido que das outras vezes!

Abobrinha disse...

NI

Não sei: eu quando estou frágil de dor, estou mesmo frágil e tenho atitudes que não teria quando estou forte. Magoo-me a mim e aos outros, pelo que tento sempre ir para terreno mais firme. Complicado! Mas tens razão: consigo arranjar força, mas tenho que saber que estes momentos me assombram de vez em quando.