terça-feira, 27 de maio de 2008

O fim último da vida - ponto de vista de um autor francês chique e de quem o leu

Não só o cinema alternativo me parece perseguir, mas as reflexões sobre coisas sérias também. Enviaram-me esta mensagem que me está a consumir por muitos motivos. Não estou com tempo nem com cabeça para pensar nela seriamente e queria saber a vossa opinião.

Mas o meu primeiro palpite é mesmo dizer que este menino (João Pereira Coutinho) estava com uma crise criativa e escreveu o pé que estava mais à mão. E saiu asneira. Asneira porque tornou o discurso absoluto e desencantado mas iludido e refugia-se em autores franceses (para ser mais chique)... já não sei nada!

"O fim último da vida não é a excelência!!!!

'Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.


Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas.

Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos.

Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.

Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.

É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.
É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos.


Quanto mais queremos, mais desesperamos.

A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade.

O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! "

Queria saber o que pensam acerca do assunto.

NOTA: Suponho que este texto tenha saído no Expresso, deste autor (já agora, não escolhi o texto da ligação por acaso), mas não estou a conseguir encontrar este texto em particular. Se alguém encontrar primeiro, avise-me.

6 comentários:

Joaninha disse...

Não concordo com grande parte disto.

Sim é verdade que hoje em dia exageramos um pouco queremos o melhor para os nosso filhos e isso ás vezes gera atropelos.

Mas para mim a excelencia faz parte da felicidade e como tal é também um dos ultimos fins da vida.

Para se poder ser feliz tem de se encontrar a pessoa que nos faz feliz ou seja " o marido de sonho". Podes ser feliz em qualquer lado com o "marido de sonho" mas se for na casa dos teu sonhos isso soma a essa felicidade fazendo-te ainda mais feliz.

A felicidade é um termo vago e é diferente de pessoa para pessoa.

Joaninha disse...

Also,

O que te faz feliz trás felicidade aqueles que te querem ver feliz, e quando tu estás feliz contigo passas essa felicidade aos outros á tua volta
por isso sempre achei se queres fazer os outros felizes trata de ser feliz.

Aquilo que é muito subjectivo é aquilo que te faz feliz, para uns o trabalho de sonho é importante, para outros não. Para uns uma vida sentimenal preenchida é importante para outros não. Esse senhor que me mostre um conceito de felicidade que seja universal e pode ser que dentro desse conceito o que ele escreveu faça sentido

Anónimo disse...

"saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim" O PRAZER.
Ou seja passamos a vida a tentar evitar a dor e a procurar o prazer, mas por vezes não faremos o necessário balanço custo/benefício: p.e. trabalhar como um desalmado para ter uma casa com uma sala de jantar com 100m2...

Sugiro uma vsiita ao Bolinas
(manuelrrocha.blogspot.com) no post Paradoxo Tecnológico.

Anónimo disse...

Dear, és uma caixinha de surpresas!

E não acredito que este assunto renda ibope, claro que rende Ibope, mas letras e letrinhas.
Somos ocidentais, e pensamos na morte com cuidados, atrasando o pensamento claro, seremos sempre produtivos, nunca senis.
Engraçado é que é a única certeza em tantas incertezas.
nem se pode ter certeza de que nasceremos, mas que iremos morrer, não queremos pensar.
Acho que nem em Montaigne, a clareza é obvia; é cultural, remoto, pre historico, principalmente porque não sabemos com antecedencia a sensação de estar morto.
Falar da velhice para adolescentes, é falar que não somos perfeitos, gloriosos, imortais, alias, imortais Dear, só os deuses, que apesar de tudo pecavam como qualquer mortal.
HUMM adoro História antiga! :)
Excelência? em que? em viver em paz?
felicidade? qual? são tantas e variadas! Sinto-me feliz por tantas pequenas coisas e não sou uma velha, apenas fui criada tocando neste assunto...pior dear, nunca tive oportunidade de ir a um enterro.. estranho não?! também acho, e muito!
Subjetividade, é isso, bjim
O fim ultimo da vida Dear, fim objetivo ou fim ultimo?
fim objetivo-viver e fim ultimo -morrer! mais claro, impossível.
estás muito filosófica!
Vamos voltar às badalhoquices! já e já hum!!!! deixa-te de coisas!

ablogando disse...

Abobrinha:
Por acaso até ando a ler o Montaigne. Só tinha conhecimento directo de uma parte dos textos e agora decidi ler tudo (que nem é muito, menos de 500 páginas).
Primeirus: quer a mãe quer o pai do homem pertenciam a famílias vindas de Portugal (o apelido da mãe, israelita, era Loppes), logo não era franciú de gema.
Sigundus: pertencia à pequena-pequena nobreza do século XVI(a família do pai enriquecera com o comércio de peixe) e, por isso, não era nada assim pró chic.
Terceirus: não sei se o conceito de felicidade dele coincidiria com o do JPCoutinho, tanto mais que o texto deste não a define. Aliás, ele pensa que a felicidade, em si, é inalcançável, já que, em última instância, a morte a impossibilita.
Quartus: eu acho que o Montaigne era fixe e nada pretensioso, ao contrário de muito filosofastro. A começar pelo facto de repudiar as certezas absolutas e as superioridades morais indiscutíveis. O que fez com que fosse o primeiro a chamar a atenção para a dignidade dos povos conquistados pelos europeus.
O JPCoutinho diz coisas que entram no ouvido e dão um escape fácil ao nosso mal-estar, uma espécie de "com a verdade me enganas". Por isso podemos andar durante anos à volta do que ele escreveu sem nunca chegarmos a conclusão alguma. A discussão tem que começar por outo lado.
E eu já estou bêbado de sono, já não sei o que digo, vim à procura de badalhoquice para descontrair e... sais-me isto!
Tá bem, por esta vez estás desculpada...!

Abobrinha disse...

Joaquim

Quem não sabe é como quem não vê. Pois eu a pensar que o JP Coutinho estava a citar um chiquérrimo e afinal era um novo-rico meio tuga! Isto é desilusão atrás de desilusão.

Dito isto, o nome do franciú era mesmo só para dar credibilidade a um discurso desconexo. Atendendo à tua explicação, faz sentido... por não fazer sentido! Percebes?

Não estou em forma para escrever badalhoquices e isto é capaz de durar mais 2 semanas. Pica na etiqueta fufas ou badalhoquices e lê um post anterior. Mais que não seja tem imensas figuras!

Sorry...