sábado, 26 de janeiro de 2008

O drama de uma gaja perante um pacote de bolachas

Tenho uma confissão importante a fazer: não sou competente para ter bolachas em casa! Nem na bolsa. Em suma, não competente para ter bolachas! De todo!

Andei anos e anos sem ter pacotes de bolachas em casa. Aliás, a minha cozinha é uma pobreza: montes de legumes, toneladas de fruta, arroz, massa, sal (que me dura anos), cereais para pequeno almoço (daqueles que parecem palha, que são os que eu gosto mesmo), leite, iogurtes, café e chá. Acho que me esqueci de um par de coisas, mas se estão a perguntar pelo açúcar... não tenho! O último pacote de açúcar que tive endureceu e tive uma certa dificuldade em deitar aquilo fora sem partir o frasco.

Mas bolachas... nicles. E eu tinha-me esquecido porquê. Até um dia destes, quando tive a ideia peregrina de namorar um pacote de bolachas todo XPTO super promix. Era daqueles que tem vitaminas para não engripar durante 10 anos, ferro suficiente para cagar uma enxada e fibras para fazer uma corda para depois usar para saltar e gastar as poucas calorias que aquilo tem. Por bolacha, naturalmente. Ou seja, das que faz bem a tudo e mal a nada. O que também me fez lembrar o ar triunfante com que uma vizinha com o perímetro abdominal de um embondeiro centenário me disse que comia uns cereais para o pequeno almoço com 8 vitaminas e ferro. Não sei explicar porquê, mas o perímetro abdominal dela continuou igual (mesmo porque ela não especificou quantos pacotes daquilo comia por dia).

Ora eu e o pão temos uma relação de amor-ódio: eu amo-o em quase todas as suas variantes (menos aquelas porcarias de aviário, como Bimbos e Panricos e o carago) e ele odeia-me porque me faz engordar (nem é de o comer: é só de olhar para ele!). O que implica que de vez em quando tenho que cortar radicalmente relações com ele, mas acabo por reatar a nossa relação doentia e muito pouco saudável para o meu lado, caindo-lhe nos braços e pedindo-lhe que me perdoe.

Refira-se que a minha relação com o pão é (como todas as que envolvem outro tipo de pães) de exclusividade e dedicação absoluta: nada se mete no meio de nós! Nem manteiga (que odeio), nem doces, nem marmelada. Quando muito convido queijo para o bacanal, mas a manteiga fica longe. Bem longe!

E as bolachas? Bem, as bolachas surgiram num momento em que eu considerava trair o pão. Substituí-lo por sucedâneos mais controláveis: duas bolachinhas sempre seria um prejuízo menor que um pão! Diz ela...

Flashback ao tempo em que tinha uma colega meia anoréctica (já o tinha sido) e completamente destrambelhada. Ao dar conta que eu estava em meia dieta até os olhos se lhe riram e lixou-me o juízo com quantas calorias tinha cada bolacha de cada raça, e a maçã e o pêssego, e como dormindo mais estava menos tempo a comer (???), por isso engordava menos, mas que por outro lado dormindo menos queimaxa mais calorias e por aí adiante (eu quando morrer vou direitinha para o céu). Tudo bem até que falou do meu adorado pão e como era horrível porque engordava imenso. Tive que a mandar calar: ninguém fala mal do meu amado sem levar troco. Eu sei que a relação é doentia e eu não tenho vantagem nenhuma nela senão um prazer fugaz. Mas cada qual é para o que nasce. (Isto é a parte risível. A parte que não é foi que ela voltou à anorexia uns anos depois e só eu é que parecia dar conta e dar-lhe para trás. Depois isolou-se e nunca mais lhe pus a vista em cima. Mas era maluca à mesma, todos os dias, várias vezes ao dia.)

Sucede que... quem é que come duas bolachinhas? Bolachas são bem pior que pão: enquanto houver uma no pacote (mmm... que boa palavra para um trocadilho) não há gaja que aguente.

O pessoal ainda faz pacotinhos mais pequenos, só com 4 ou 8 bolachas em cada um, mas não adianta. Ou seja, bani de novo as bolachas de casa. Se não sou em condições de as ter, não tenho! É assim tão simples e aplica-se aos chocolates e outras tentações comestíveis e não comestíveis. No trabalho tenho uma moça a quem peço "emprestada" uma bolacha de vez em quando e a quem de vez em quando dou um pacote (não o meu pacote, para as mentes mais porcas) para ela não ter prejuízo.

A parte boa é que sei perfeitamente que não gosto assim tanto de bolachas: é mesmo só o tique nervoso de estar sempre a tirar mais uma e mentir a dizer que é a última. Por isso o prejuízo não é nenhum.

11 comentários:

Anónimo disse...

Abobrinha!
Isso nao se faz... mexer com o que de +íntimo, frágil tem uma gaja...
Também eu me revejo na descrição de não ter capacidade adiministrativa para lidar com bolachas...e pão! mas a minha lista é ainda maior e mais embaraçosa, mas isso nao vem ao caso...
Diga-se de passagem q sou absolutamente dependente de chocolates!! mm do tipo "addicted"...recentemente descobri q tou ficar mt d blogs...entre outras coisas q não vale pena desvendar!
Só pa lhe fazer o gosto posso encarnar cleopatra, aqui... ;)
que me diz?!

ZumZumMataMoscas disse...

Aboborinha,

Acredito vivamente em que muitos dos seus leitores, e até algumas leitoras, não teriam a mais minima hesitação em lhe comer o pacote se vocês o oferecesse!!

Por outro lado, avaliando pelo número de visitas a este post, surpreendeu-me que o seu pacote não tenha atraido mais gente!!

A popularidade do seu pacote não parece estar muito elevada. Se calhar não apreciam esse género.

PS - Tá claro que me estou a referir às bolachas. Não?!

http://zumzummatamoscas.blogspot.com/

Abobrinha disse...

Anónima/Bicudinha/Cleópatra

O que tu queres sei eu: leite de burr... a... de burra, eu não ia escrever de burro!

Cuidado com as tentações! Desde que a Eva se descaiu que nos lixou a todas (mas foi o Adão que se descaiu, o palerma!).

Faça-me o gosto, querida! E tome um banho de água fria a ver se refreia o vício.

Adoro chocolates, mas não sou em condições de os ter. E olhe que fazem colesterol.

Abobrinha disse...

ZumZum

O meu pacote não é para qualquer um, como já deu para perceber.

A popularidade do meu pacote aqui não é importante: aqui todos os gatos são pardos. Eu descrevi bolachas hiper-saudáveis (tão saudáveis que devem fazer mal à saúde), mas podia estar a referir-me a bolachas de chocolate com cobertura de chocolate e com recheio de chocolate (e natas!). É que nos blogues não dá para ver estar coisas! E depois há meninas inocentes que entendem tudo mal.

Abobrinha disse...

E depois, temos o problema do colesterol!

Anónimo disse...

Essa do colesterol...é muita baixa...
rasteirinha, mm!

fikei K.O. ...

;(

Abobrinha disse...

Anónimo/Bicudinha/Cleópatra

O seu problema não é o colesterol: é o leite! Ninguém fica KO com colesterol, se bem que pela boca morre o peixe... tenha cuidado com o que diz, especialmente porque está toda a gente a ver. Um vício pode ser um perigo!

Anónimo disse...

Fiquei K.O. com a boca que me mandou... pq com o colesterol, vou vivendo bem!!
sei bem que os vicios sao perdições...a apenas confessei por achar que estava entre amigos!
será que o devia ter feito?

Abobrinha disse...

Bicudinha

Pois por amizade é que lhe mandei várias bocas que passaram ao lado (e não só eu) e insisti com esta a ver se chegava lá.

Olhe que quem lhe diz as coisas pode ser seu amigo. Tenha cuidado.

Anónimo disse...

Uma vez que está toda a gente a ver...nao tou a ver maneira de desfazer os 'equivocos'...
chame-lhe inocencia ou burrice, mas há, de facto, algumas coisas que nao estou a perceber devidamente!
se calhar (e digo sem ironia!) o melhor mesmo é dar um passo atras e voltar a ser apenas leitora de blogs e abster-me de comentar!

Abobrinha disse...

Bicudinha

Não diga disparates: comente à vontade. Estamos numa sociedade livre e este blogue e o outro (e a maioria deles) são de frequência livre. Eu não mando mais bocas, mas sinceramente se não entendeu... nem com um desenho!

Uma coisa é certa: meti-me onde não era chamada. Não volta a acontecer. A intenção foi a melhor, mas de boas intenções está o inferno cheio!

Comente à vontade. Arranje um perfil no blogger para não aparecer como anónima (é bem mais fixe). Mas aviso já: aqui não se aprende nada!