domingo, 25 de maio de 2008

Como eu não fui ver o Ironman

A última vez que fui ao cinema foi quando fui ver o Persépolis, como vos contei aqui. Já lá foi há um tempito e eu andava meia comichosa para ir de novo ao cinema, por isso lá fui eu direita ao Arrábida que, para quem não sabe, tem 20 salas (lisboetas, roam-se!).

Ora quantidade e qualidade não são sinónimos e depois de tudo espremido não havia um de jeito. E eu com vontade de ver sangue. Ainda estive para ver um em que o presidente americano era baleado (ao menos alguém apanhava um tiro), mas estava muito em cima da hora e fiquei na dúvida se o tipo bateria a bota. Acabei por me decidir por outra especialidade que também aprecio muitíssimo: efeitos especiais! Ou seja, Ironman!

O filme era às 21:25 h na sala 11. Entrei e cheguei à única conclusão lógica possível quando vi a sala cheia de lugares vazios: ena, cinema comercial é para os parolos! Eu sou a única a querer ver isto! Não quero saber: eu sou parola e quero ver o ironman!

Às 21:25 h entra um casalito. Afinal há mais parolos! Mas o filme não começa. Lógica como sou deduzo: pois, estão à espera que entre mais gente! E de facto entrou, o que provou que havia uma certa lógica na coisa. E continuei a pensar no que me afligia nesse momento (e antes e depois do filme) e que não era quando começaria o Ironman... e continuei a pensar durante mais 20 minutos.

Quando se apagam as luzes, às 21:45 h começam as apresentações ainda a meia-luz e quando se apagam as luzes começa... um filme diferente. Ora eu tinha entrado na sala 11 de certeza, pelo que toda aquela gente tinha de certeza entrado ao engano para ver outro filme que não o Ironman e, por incrível coincidência, o pessoal do cinema começou a passar o tal outro filme. Ou então tinham-me dado o bilhete para o filme errado! Nunca me ocorreu outra coisa, porque sou uma pessoa lógica!

O filme em si era perturbador. Chama-se " a desconhecida" e é italiano. Fala da história de uma daquelas mulheres de que se ouve falar muitas vezes mas ao mesmo tempo não o suficiente: uma imigrande ucraniana que caiu nas malhas de redes de prostituição. E é mais que abusada, com violência e humilhação desumanas e tratada como um animal de criação intensiva, obrigada a engravidar e dar os filhos, que são vendidos. Na história ela segue quem pensa ser a filha mais nova (mas depois corre mal).

Não vou descrever o filme todo porque seria muito extenso. Ao menos alguém morreu no filme (mais que uma pessoa até), que era o que eu pretendia para relaxar. O filme tinha algumas pequenas inconsistências, o que agradeci porque me fez permanecer na confortável sensação de que aquilo seria apenas ficção (quando a realidade é bem pior). As cenas de exploração sexual não são sensuais mas brutais. E mesmo assim completamente escondidas, o que me poupou o desconforto físico que senti no "4 meses, 3 semanas e 2 dias".

Tenho lido demais sobre este mercado de sexo alimentado de mulheres de países de Leste. Infelizmente tudo o que li bate o filme aos pontos. Apesar de tudo foi um bom filme. E com 20 minutos de atraso não valia a pena ir tentar ver o Ironman. Por isso estão a ver: nem que eu queira ver cinema comercial, o alternativo persegue-me. Mas podia ser pior: podia ter tropeçado num filme de Manoel de Oliveira! Mas aí saía antes que ficasse com o resto do cabelo branco do tédio. Já tenho que chegue, muito obrigada!

Quando finalmente saí da sala apercebi-me porque é que não tinha visto o Ironman: porque eu, completamente distraída, tinha entrado na sala 14. O filme para o qual eu tinha comprado bilhete era na sala 11! Gente burra é outra coisa! E a lógica é um lugar estranho...

22 comentários:

Anónimo disse...

que bom que, alternstivo ou não, estás a sair e largar a Abobrinha quando em vez!:)
Aliás, nós!

ablogando disse...

Comigo já se passou o mesmo, mas ao contrário. Fui ver um filme do Fellini e dei comigo a assistir a porradaria de criar bicho entre presos de uma penitenciária de alta segurança, o principal dos quais era o Stallone.
Só para não te estares para aí a queixares-te!

Abobrinha disse...

Joaquim

Eu acho que preferia o Stallone...

ablogando disse...

Sacrilégio!!! Até os ateus te apedrejarão, oh! para sempre perdida!, oh! condenada por toda a eternidade! Arrepende-te já! Vê a Luz!

Bizarro disse...

Nem sabia que o Ironman estava nos cinemas, vou ver assim que possivel, não é que goste de Marvel, até gosto muito pouco, mas como não fazem nada de interessante com as bds da DC, só me resta o que vão fazendo... até ao novo Batman é claro :D

Abobrinha disse...

Bizarro... Ramon ;-)

Eu até te poderia dizer se o filme é bom ou não, mas obviamente não o consegui ver. Fica para a próxima.

A realidade é que não anda nada de jeito no cinema. Para uma cinéfila como eu, é grave. Deprimente até. Este filme que fui ver por engano até foi bom. Felizmente não foi bom demais porque não sei se aguentaria, mas queria fazer um post sério com ele. Eu mesma só consegui ver que tinha o Ironman depois de espremer bem a lista de filmes.

Nuno Baptista Coelho disse...

“direita ao Arrábida que, para quem não sabe, tem 20 salas (lisboetas, roam-se!).”

Minha abobríssima amiga, não me parece que seja caso para nos roermos. 20 salas? Nós temos só um, o António, e havemos de o continuar a ter, já que parece posta de parte a hipótese de o trocar por qualquer coisa útil, como uma coca-cola, ou uns cromos da bola. Vocês têm 20? Chiça!!!

Escrevi as linhas precedentes ao correr da pena, ou seja, antes da leitura, antes de entrar verdadeiramente no conteúdo do post. Depois, li com atenção. Como já tens frequentemente salientado, Abobrinha não é só badalhoquice. Abobrinha é muito bom, acrescento eu. É bom quando é badalhoquice, porque é profunda (no pun intended… oh, ok, who am I kiding), mas é melhor ainda quando perde a interminável luta com o seu lado sério. Aí, entra em jogo uma seriedade que nos dói, uma forma não badalhoca de ser profunda, um relance seco e curto, que não pedimos nem esperámos, sobre aquilo que a vida também é. Nada disto foi novidade para mim, mas foi algo que me doeu ler. Se era isso que querias, conseguiste-o. Parabéns. E, deixa que te diga, compreendo como te sentiste. Podia elaborar muito mais, mas fico-me por isto: compreendi como te sentiste.

Só para dar um tom mais adequado ao blog (e também para não extrapolares, do tom geral do comentário, que eu sou porventura algum duende disfarçado), o que é que tinhas em mente, exactamente, ao pretender ver um filme chamado “Ironman”? Homem de Ferro? Continuo a achar que o problema não é connosco, vocês é que têm uma imagem excessivamente idealizada das nossas capacidades. Caramba, de ferro? Nem que eu fosse uma abóbora macho!

Um grande abraço, e continua o bom trabalho.

Anónimo disse...

Por acaso também já fui ver um filme por engano. Chamava-se a melhor noite da minha vida, italiano, e pensei. tou tramada. No entanto adorei: era sobre um homem de negócios italiano que vem depositar dinheiro na Suiça mas os bancos já estão fechados e ele tem de passar lá o fim de semana. Passa a noite num hotel de luxo que é um antigo castelo e é entretido à noite com o seu julgamento. Chegam à conclusão que ele causou a morte do sócio e condenam o à morte. Essa condenação vem num diploma enrolado e enfiado num tubo de latão.
De regresso à Italia atravessa as montanhas e tem de travar para não caír num precipício. Nessa altura o diploma, que ele tinha atirado para o carro, mete-se entre o chão e o travão. O filme acaba com o carro a caír precipício a baixo e o italiano a rir.
Bjs Karin

Abobrinha disse...

Nuno

Credo, porque é que me foste lembrar do António Sala? Tive que gramar com essa... coisa... anos no autocarro a caminho da Faculdade. COm isso e com a "Osga" Cardoso. Yuk! Fiquei traumatizada! Eu não tentaria trocar o António Sala por nada: daria prejuízo.

Eventualmente poderia propor uma troca por um José Carlos Malato, só porque é mais novo. Mas um dia destes vi 1 minuto inteiro de um "tóqueshow" dele em que o convidado era o Fernando Pereira e concluí que apesar de mais novo e mais largo também é fóssil. E eu sou evolucionista: fósseis é mais com o preclaro Luís Azevedo Rodrigues (a tempo inteiro) e o Ludwig (em part-time).

Em relação à seriedade vs badalhoquice, tenho tentado só não expor a minha intimidade. Porque qualquer um lê este blogue e não me posso expor demais. A minha natureza é ser franca demais e mostrar os meus sentimentos (o que tanto é fraqueza como força), mas aqui tenho tempo de ler duas vezes antes de publicar. E apagar se for caso disso.

Apesar de tudo ando com falta de tempo, falta de inspiração e estou mesmo fisicamente em baixo, o que condiciona a produção de posts de qualidade badalhocal adequada. AInda ontem me sentei e li posts antigos e achei que estavam com uma cafeína e rapidez de pensamento que não me sinto capaz agora. Em contrapartida, ando com a sensibilidade ao máximo, pelo que ainda bem que o filme tinha distrações demais. É que, independentemente do que possamos ter sentido com esse filme, é inútil: milhares de mulheres e crianças são exploradas sexualmente (e não só) todos os dias. Tenho mesmo que escrever algo sobre isso, mas tem que ter cabeça tronco e membros. Melhor seria fazer alguma coisa acerca do assunto, mas o quê?

Em relação à viragem para a badalhoquice, o objectivo de ver o filme era mesmo só por causa dos efeitos especiais. Lá está: preferia o "plastic man", porque iron man será algo frio e metálico. Gostaria mais dos efeitos especiais do plastic man: mais flexível.

O Plastic man teria mais adequadamente o nome "rubber man", mas possivelmente o pessoal associaria isso a preservativos e o programa era para crianças. Já viste, "o homem borrachinha"? Digo eu que seria um sussexo, que os filhos da revolução aguentariam e
poderia ter popularizado o preservativo de modo a que a transmissão de DSTs fosse muito menor. Em vez disso temos referendos de liberalização do aborto, uma das mais altas taxas de gravidez adolescente da Europa (ou a mais alta?) e de gravidezes não planeadas e o IDT a fazer dicionários com termos que obviamente não conhece e a dizer que é careta não usar drogas. Uma lástima!

Abobrinha disse...

Karin

Desde que morra alguém é relaxante. Mas convém haver sangue, senão não tem piada. Excepto um filme inglês que fui ver há pouco mais de meio ano e que girava à volta de um funeral. Humor inglês, situações embaraçosas que arrancavam alguns risos, nudez embaraçosa, mas era todo ele embaraçoso demais. Humor inglês definitivamente não é para mim! Parecia Mr. Bean mas sem caras parvas e com falas.

Mas olha que de vez em quando ter uma destas surpresas é excelente. À minha irmã aconteceu ir ver um filme ao engano porque estava de chuva e a melhor opção era mesmo entrar no cinema (era uma sala só, não centro comercial). Achou que ia ser uma seca, mesmo porque pensou que o filme era francês. Afinal era o "Cinema Paraíso". O resto é história: um dos filmes mais bonitos que já foi feito.

Abobrinha disse...

Joaquim

Sacrilégio é ter um amigo dizer-me que Stallone é o mesmo que Brad Pitt! Eu já condenei esse menino ao inferno, mas ele é ateu, por isso a condenação tem uma utilidade limitada.

Nuno Baptista Coelho disse...

Abobrinha,

Stallone, o mesmo que Brad Pitt? Que disparate, é claro que não. Isso seria elogiar indevidamente o estimado Rambo. Não, o Stallone não é o mesmo que o Brad Pitt; o Brad Pitt é que é o mesmo que o Stallone!

Sim, eu sei… não precisas de mandar, que eu vou. Já estou a começar a descer as escadas. E nem o facto de ser ateu me detém: não é mesmo no Inferno que somos supostos estar?

Anónimo disse...

Abobrinha,
o mundo é pequeno. Quando conhecí o A.Sala disse-lhe: Mr Livingroom, I presume?
Acho que até hoje não entendeu a piada.
Bjs Karin

Anónimo disse...

A Abobrinha está efectivamente a expor-se muuuito pouco.
Apenas umas mãos e pedaços da sua engrenagem mental (que eu saiba... no meio de tanta fotografia...).

Fico em pulgas à espera do novo
aboborinha,comideias,masagoraaserio.blogspot.com

Abobrinha disse...

Nuno... ... ... eu não falo contigo...

Abobrinha disse...

Karin

O preclaro António Living-room obviamente é má língua: canta mal (ele não tentou dar uma de cançonetista quando eu era pequenina?) e não tem uma voz por aí além. E não deve dominar línguas estrangeiras, particularmente a língua inglesa.

Dito isto, o filho do Mário Soares, reconhecido má língua, casou com uma suíça... ou belga... ou holandesa... ou qualquer coisa assim.

Essa do Living-room é demais! Não sabe o homem o que perdeu!

Abobrinha disse...

Osvaldo

E tu, quando é que te expões?

Anónimo disse...

Dear, este Osvaldo tem jeito de Zé Mané!!!

A Comunidade disse...

Abobrinha
Pergunta e ser-te-á respondido.

Bem, quer dizer...

Abobrinha disse...

Osvaldo

E se eu não quiser saber?

E daí, quero saber uma coisa: porque é que não tens um blogue?

Não sei o que é que a raiodesol quer dizer com teres jeito de Zé Manel... mas é um ponto de vista (já agora, raiodesol, o que é que isso quer dizer?).

Anónimo disse...

ora Dear, o Sr. Osvaldo fala da exposição dos outros incluso a tua... tem gente que adora ver o circo pegar fogo e fica em cima do muro dando risadas... que ele se exponha tambem,


como diz o Romario, mal entrou no onibus já quer sentar na janela ahahahahahahah!

Anónimo disse...

Abobrinha
"E se eu não quiser saber?"
Exacto!!

Quanto a blogs, prefiro ser comentador identificado, por aqui e por ali, e deixar a poda a quem sabe!!
Mas não digo que desta água não beberei...
Tenho no entanto uma página pessoal sobre pesca desportiva.


RDS
Não gosto de ver o circo pegar fogo, gosto só de discussões animadas, com troca de argumentos com pés e cabeça.
Para relaxar leio a Abobrinha...