terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Uma lista de coisas que detesto no Natal

Bem, a 1 hora e pouco do fim do dia 25 acho que já posso escrever o post que esteve a germinar nos últimos dias. Não o escrevi antes porque não queria dar cabo do espírito natalício (o que quer que isso seja) a ninguém. Ora cá vai, por nenhuma ordem especial:

1. Natal é tempo de família. Pode ser! Mas isso é só bom quando a família está "saudável". Aperceber-se que a família que se tem à mesa não é a que se queria (por excesso ou por defeito) pode ser extremamente deprimente e/ou angustiante e matar a pessoa por dentro às prestações por não caber no protótipo daquele ideal que se vende na televisão e nas lojas. Uma porra!

2. Natal é quando o homem quiser. Além de ser omisso em relação às mulheres, é uma grandecíssima treta: eu queria que não fosse nunca, mas essa não parece ser uma opção. Ou seja, além de tudo o Natal vem com pouco equipamento de série: uma má compra, sem garantia e com muitos quilómetros.

3. Natal é a celebração do nascimento de Jesus. Primeiro, celebra-se o nascimento e morte de Jesus quando se quer (e é mais conveniente no Verão, no quentinho). Depois, devia ser no dia zero de Janeiro do ano zero... pois... adiante! Depois, toda a gente sabe que o solestício de Inverno nem sequer é naquele dia (é no dia 21, não é?). O que me irrita ainda mais: porque não se festeja no solestício de Verão? Um espírito mais lógico diria: vai para o hemisfério sul. Ao que eu responderia: vai para o car*%#$o.

4. Não sei quem é o Pai Natal e este nunca me foi apresentado. Para mais considerações, ver a sequência de cartas que lhe enviei, especialmente esta última. Uma nota: ele não existe (ainda bem!).

5. O que é o espírito de Natal? Eu não sei! Pode ser a cachola com que fico, e cada ano pior e que me anda (contra a minha vontade) a tornar má companhia nestas alturas! E eu não sou, regra geral, má companhia (acho eu), pelo que qualquer evento que me torne má companhia é, à partida, um mau negócio. Já bastam as vezes em que me passo dos carretos só porque sim (eu não sou muito bem apertada do capacete).

6. A merda das prendas - parte 1. Eu tenho todo o gosto em dar coisas aos que me rodeiam. Das mais preciosas que tenho para dar é o meu tempo e a minha dedicação. De vez em quando também gosto de dar algo de valor comercial ou que me tenha saído das mãos e da minha imaginação. Posso é não ter tempo nem imaginação (ou dinheiro) para comprar alguma coisa nessa altura exacta!

7. A merda das prendas - parte 2. Se é para dar coisas por dar coisas não vale a pena. Prefiro que não me deem nada a darem-me uma merda que diz em epígrafe: "não tinhas valor comercial para mais que isto, por isso passei na loja dos 300 ou nos saldos da FNAC para te comprar esta porra. Aprecia se quiseres, mas se me deres uma merda dessas eu fico lixada e para o ano gramas com algo pior ainda". Felizmente não sou objecto de muitas prendas destas, mas também não as dou.

8. A alegria por decreto. Eu sou por norma uma pessoa alegre, mas esta quadra anda a pôr-me cada vez mais em baixo. Possivelmente por outra coisa que não sou: superficial! Sinto muito as coisas, com uma intensidade e sensibilidade que possivelmente não devia sentir. Ou que devia pôr na beirinha do prato de vez em quando para depois recuperar. Ou por outra, e vez em quando não me devia levar tão a sério e ser capaz de ser mais relaxada. É uma arte que ainda não domino e que tenho que dominar ou pôr-me na alheta nesta altura para não estragar o Natal a ninguém. A alternativa é ligar a quem sei que está mais carente nesta altura e partilhar uns momentos de absolutamente nada para abafar um pouco a solidão dessas mesmas pessoas.

9. Natal é solidariedade. Uma treta: não sobra dinheiro nem tempo nessa altura. Só para os totós da televisão que são pagos a peso de ouro para serem solidários e pouco mais.

10. A comida - parte 1. Eu não preciso de ajuda para engordar: preciso de ajuda para manter o peso e perder. Porque é que não se segue o exemplo dos muçulmanos e se faz um jejum sério nesta altura? Aí uns 3 dias, sem o forrobodó do comer depois do pôr do sol (olha, nesta altura é que dava jeito um Ramadão no Pólo Norte: era comer até cair para o lado!).

11. A comida - parte 2. O bacalhau está em extinção, os perús têm sentimentos e as pessoas têm colesterol excessivo. Querem um desenho ou isto já chega?

12. O bolo-rei. Quem é que disse que aquilo é de comer? Eu não estou convencida que aquilo não seja decoração!

13. As decorações de Natal. Ver posts anteriores.

14. Tudo pára. Quem pára fica ou com o vazio ou com o stress de não conseguir parar para cumprir com as suas obrigações natalícias. Quem não pára fica com a consciência pesada porque não consegue parar como toda a gente. Não parar nem sempre é uma opção, porque simplesmente toda a gente pára. E dependemos todos uns dos outros e... entramos em ciclo vicioso. Uma gaita!

15. A falta de produtividade. E não estou a falar de o patrão ter dado o dia de ontem de folga! Ora bem, o que é que eu fiz estes dias? Sábado e domingo não me lembro bem, mas houve uma componente de compras e eventos relacionados com o Natal. Ontem preparativos para o Natal. Hoje Natal. Digo eu que conseguia arranjar maneiras mais eficientes de passar 4 dias comigo mesma ou com a minha família, evitando todo este Carnaval e com menos calorias (e nem me estraguei muito)! Mas tem que ser, e o que tem que ser tem muita força (ou farsa?). Até ver, pelo menos!

16. As crianças. Eu amo os meus sobrinhos e isso não é negociável sequer. Eu adoro dar-lhes coisas, de preferência sem os estragar (embora tenha que reconhecer que estraguei a minha sobrinha de início, mas isso era coisa de tia novata, e o mesmo erro que toda a gente cometeu porque foi primeira sobrinha e primeira neta). Mas no meio da panafernália de coisas que lhes deram (porque tooooooooooooda a gente tinha que dar uma prendinha)... eles não se lembram de quem deu o quê. Além de que têm mais brinquedos do que aqueles com que conseguem brincar. Isto não é um "no meu tempo é que era bom" (mesmo porque não é verdade), mas é um disparate.

17. As mensagens. Se recebo mais uma mensagem a contar como não há presépio porque o menino Jesus foi entregue ao pai biológico, a vaca está louca e a Maria foi fazer testes de ADN e à Oprah testemunhar como se concebe sem pecado eu grito (mas fica a saber que as duas últimas patetices fui eu que inventei).

18. Só se lembrarem de mim nesta altura. Pessoas que eu tentei contactar repetidamente durante o ano e não me ligaram um caroço (literalmente: não me ligaram de volta!) e me mandaram mensagens de Natal, assim de cabeça conto 3. Aposto que se lhes ligar amanhã (ou se lhes tivesse respondido na hora) não me ligariam nenhum. Então porque é que me mandaram a porra da mensagem? Tinham avença com a rede de telemóveis? Parolos! Hipócritas! E isto para não falar de mensagens com belas palavras e significado nenhum. Natal é solidariedade? Não: é mesmo hipocrisia às vezes!

Por tudo isto um aniversário é mais pessoal, mais íntimo, mais familiar, mais autêntico e muito menos excessivo. Odeio esta época! Cada vez mais!

Por outro lado, uma das pessoas a quem eu liguei ontem (porque está completamente sozinho) defende que uma depressão leve de vez em quando é relativamente benévola. E tem a sua verdade: fez-me pensar numas coisas. Muita coisa boa vem de grandes alegrias, mas pequenas tristezas não radicais também têm as suas virtudes.

NOTA final: 4/5 do meu cérebro está de férias, portanto amanhã sou bem capaz de negar tudo isto ou simplesmente apagar o post. Mas deu-me ganas de o escrever. Por outro lado, dependendo de como acorde amanhã, sou capaz mas é de acrescentá-lo! Eu não ando muito certa!

Dois acrescentos ao que tinha dito já:

1. A gata que militava em casa dos meus pais foi morta por outro gato ontem à noite.

2. O Público noticia que um menino de 3 anos tipo Esmeralda menos a parte do sequestro foi retirado à família que o está a criar... na véspera de Natal para ser posto num CAT (centro de Acolhimento Temporário) durante a noite e com a mãe biológica durante o dia. Pensei que não tinha espírito de Natal, mas afinal ou a minha definição está mal ou eu sou muito boa pessoa. Isto há cada uma!

4 comentários:

Manuel Rocha disse...

Muito bem !

Subscrevo na integra !

O Ludwig é que acha que o Natal não é uma das suas tretas de eleição. Ele há com cada surpresa !!!

Votos de boa recuperação !

Abobrinha disse...

Manuel

Desta vez preferiria que me tivessem dito: estás mas é maluca, o Natal é fixe! Tenho é inveja do Ludwig (no bom sentido) se não acha o Natal suficientemente grave para passar à categoria de treta. Às vezes dar importância às coisas é o pior que se pode fazer.

Hoje contive-me quando hoje recebi mais uma mensagem de uma moça que não me liga um caroço o ano todo e só descarrega a lista de contactos de telemóvel: estive quase a responder-lhe e mandá-la para o caralho (o blogue é meu, apetecia-me escrever por extenso!). Mas isso era pouco natalício e mesmo pouco sensato, não achas?

Manuel Rocha disse...

Bemmmm...quero dizer....depende, nê ??..

Como saber se o dito não consta da lista de prendas que alguém mandou ao papá noel ??!!

Ao que consta há por aí umas versões autónomas que até devem caber no sapatinho, dependendo do modelo e do número, já se vê....

Abobrinha disse...

Manuel

É assim: da última vez que eu falei com ela, ela ia comprometer-se de um modo que se crê (quer?) firme, determinado e definitivo com um exemplar munido de equipamento de série compatível etimologicamente com um palavrão.

Daí que ache que ela estava servida, pelo que mandá-la a algum sítio onde ela já esteve não faz grande sentido.

Acho que não era um caralho qualquer (ooops!), mas um que namorou anos e anos. O resto não posso dizer porque ela partilhou pormenores DEMAIS comigo. Nenhum que eu tivesse perguntado, já agora! Daaaaaaaaaaaaaasssse! QUe mania que algumas mulheres têm de falar demais!