terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mais vale manter um burro a pão-de-ló que aturar um camelo de duas patas

Nem todos os burros precisam de abraços e a maioria deles não se apercebe que não tem pés. São burros! Os de Serralves são de dois tipos: os que visitam exposições de arte contemporânea e os que têm quatro patas.

Serralves tem uma fauna e flora muito próprias. No campo de flora tem umas árvores lindíssimas e a propósito das quais ia fazer um post lamechas (mas é melhor não, senão espanto a freguesia: choradeira tem limites!) e uns espelhos. ESPELHOS??? Sim: são umas esculturas giríssimas plantadas numa parte do jardim, de que não mostro fotografias porque... bem, porque fiquei reflectida na fotografia, claro!


Para o fundo do parque de Serralves um certo engenheiro civil inaugurou uns estábulos. Muito se podia gozar à volta de estábulos e este engenheiro civil, mas as críticas sociais que me interessam não são essas. Só digo que o feno que lá estava dentro cheirava tão bem que eu mesma senti vontade de tirar um bocadinho e comer. Aposto que não engorda nada e tem imensa fibra!


Os estábulos eram de uma ovelhas sujas e horrorosas e de outros bichinhos de quatro patas. A ver os de quatro patas dentro de um cercado estavam bichinhos de duas patas, como esta vossa amiga.


Não sei se por sentir algum tipo de afinidade com eles ultimamente (e já há um tempo, no Parque Biológico de Gaia), fui ter com o burro. Ninguém me apresentou formalmente este burro, pelo que vou tomar a liberdade de o tratar por Comunidades (ver o post sobre o burrinho Luís). O Comunidades era feiote, coitadinho. E estava a precisar de um banho! Mas mesmo assim despertou-me instintos de ternura e coloquei a mão perto do focinho dele, à espera que ele me desse um carinho e me deixasse passar a mão pelo focinhito. Apanhei um susto de morte quando ele de repente mandou os lábios à frente e me tentou provar a mão! Chama-lhe burro! Eu sei que sou deliciosa, mas não exageremos!




O Comunidades acabou por me permitir um afago rápido na parte sedosa do focinho sem tentar mais daquelas entradas tipo french kiss (não, não tinha língua envolvida, mas por acaso fiquei curiosa!). E possivelmente teríamos ficado ali à conversa a tarde toda (tínhamos muito que falar, está bom de ver) se um camelo de duas patas não tivesse começado a gritar muito alto "burro! Burro!". O Comunidades deu-se às dores e foi ver o que queria o outro.

O outro queria mostrar como era um burro às duas criancinhas que tinha com ele. Tinha um sotaque lisboeta extremamente acentuado e devia ser (pelos padrões do Mário Lino) da margem sul! Não é que se vira para a filha e diz para ela dar bolachas ao burro? OK, a pequenina deu-te um pedacinho de bolacha. Fiquei um bocado "coisa" de ver um adulto a deseducar uma criança (porque não se deve alimentar assim os animais com comida da nossa) mas não disse nada. Agora quando o camelo aparece com aí umas 8 bolachas Maria eu já não me aguentei: disse-lhe para não dar as bolachas ao burro, que lhe podia fazer mal. Não sei se faria mal, mas não me parece bem alimentar bichos assim. E a bolachas? Por favor! Tanto quanto sei , a expressão "manter um burro a pão-de-ló" é mesmo só uma expressão!

A vida animal é um espanto! Mas tem os mesmos problemas e as mesmas motivações que a vida dos humanos: sexo e luxúria (dinheiro acho que não). Este cidadão bovino, por exemplo, pode até montar várias vacas, mas (a julgar pela armadura) as mulheres também não lhe são fieis! Diria mais: corneiam-no forte e feio! Aquilo deve fazer dores de cabeça, carago! Mas que grandes vacas!



E quando eu pensava que sabia tudo sobre vacas, eis que reconsidero: afinal não são só os cães que conseguem lamber os tomates! Afinal aquele corpanzil todo não é só para ruminar e mandar ervas de estómago para estómago: é para manter um cérebro cheio de pensamentos porcos! Isto aumenta consideravelmente o prestígio dos vegetarianos, digo eu!


E por agora that's all folks! Obrigada por me aturarem. Vou ver se recupero a estaleca em breve.

8 comentários:

Joaninha disse...

Abobrinha,
Vai por mim. eng de Prod. Animal, efectivamente as bolachas fazem mal ao burro. Por isso fizeste muito bem em mandar vir com o senhor, que é parvo e não sabe o que esta a fazer;)

antonio ganhão disse...

Na fauna temos as árvores, na flora temos a Abobrinha... existe um lado excêntrico em Serralves que me começa a atrair.

Abobrinha disse...

Joaninha

Na altura pensei que Serralves devia ter uma sinalização qualquer a avisar para não alimentar os animais, ou mesmo alguém a vigiar. Mas isto é puro e simples bom senso! E as crianças estavam a ser mal ensinadas.

Não é a mesma coisa que uns macacos que armaram uma cilada à totó da minha prima quando eu era pequenina e fui ao Zoo de Lisboa. O pequeno gang de malfeitore conseguiu roubar o corneto de morango à minha prima! E sim, ela é loura (na altura tinha para aí 5 ou 6 anos, mas isso agora não interessa nada). Consta que os macacos ficaram com problemas de colesterol. Na altura fez-se a participação à polícia, mas eles alegaram que os macacos eram todos iguais, pelo que não era possível acusar um deles pelo furto, pelo que a queixa ficou arquivada.

Abobrinha disse...

António

Exótica! Agora estamos a falar bem!

Serralves não sabe que é visitado por uma Abóbora sem gosto para a arte, mas apetência para a javardice. Na volta se soubesse identificar a abóbora certa, impedia a entrada (o que seria uma pena: a exposição do dente podre seria um sucesso!).

Nuno Baptista Coelho disse...

Acho que a questão do french kiss merecia mais atenta consideração pela tua parte. O burro parece-me claramente um bom partido. Quero dizer, eu não conheço pessoalmente o asno em questão, mas não me parece que seja fumador, o que permite as melhores espectativas quanto à pureza do hálito.

Espero ter mais tempo disponível em breve, para comentários mais sérios que se impõem. Até lá, um abraço e um beijo sem nicotina (apago sempre o cigarro à porta, quando entro neste blog).

Nuno Baptista Coelho disse...

Queria dizer "expectativas", mas o meu teclado tem ideias próprias sobre ortografia, e não adianta contrariá-lo...

Abobrinha disse...

Nuno!!

Benvindo! Perdeste a lamechice... ainda bem... já fiz figura triste que chegue para uns meses.

O asno tinha o pelo um pouco seco e até espigado em alguns sítios, mas tinha um focinho simpático e sedoso. De facto tinha uns beiços de respeito, e agora que penso bem no assunto, estava possivelmente a tentar provar a minha escrita directamente da fonte: era um asno, mas não era assim burro de todo.

Se não fosse o camelo de duas patas, não estou inteiramente convencida que não tivéssemos uma tarde agradável a falar do sentido da vida e do sabor da palha.

Não estou também convencida que ele não estivesse a tentar alguma coisa com a égua (já viste que nome tão parvo?) lá do burgo, porque assim que o cavalo se aproximou ele saltou de nervoso.

Mas não fuma, definitivamente! E nunca tinha reparado que os burros tinham uns olhos tão doces.

Abobrinha disse...

Nuno

Teclado não se contraria! Isso é uma verdade indiscutível!

Espero que brevemente tenhas mais tempo para comentar e escrever umas coisas. Já perdeste muitos e muitos posts (alguns com MUITAS figuras), mas... pode-se sempre argumentar que não perdeste nada de jeito.