Atendendo ao público relativamente adulto suponho que todos sabem como se fazem bebés. É através no mui nobre, íntimo e esforçado acto da queca, se bem que depois de ler o post do Desidério Murcho no De Rerum Natura tenha ficado com algumas dúvidas. Uma das quais sendo que não me lembro de o tipo andar comigo na escola, se bem que de certeza que leu humor de fontes idênticas. Isso ou ele tem andado a ler o meu blogue. Ou então, o que eu escrevo aqui é mesmo Filosofia e eu não sabia! Só tenho a fazer o reparo que a imagem de um planeta de José Cids clonados me força a pôr o badalhocómetro a trabalhar horas extraordinárias por não conseguir acompanhar tamanha badalhoquice (não para fazer os clones, entenda-se!).
Entendido que está que se fazem filhos por quecas ou actos médicos equivalentes, não há duas quecas iguais. Mas há quecas reais!
Esperem um bocadinho só por um pequeno parênteses, porque esta do acto médico equivalente parece-me roçar a genialidade (isso! Roça o que quiseres, mas não lhe chames genialidade!). Imaginem um engate com a seguinte linha de pensamento lógico:
-Queres encetar comigo um acto médico equivalente com vista a futura ou hipotética procriação por métodos naturais?
-Depende: só se fores religioso!
-Porquê?
-Gosto mais dos que se ajoelham e rezam!
Como podem ver, a religião não é só beatas! Quando há devoção também há espaço para deus: "oh, meu deus!" é uma exclamação válida quando a oração é bem feita. E respeita a não-crença de ateus porque eu escrevi deus com minúscula.
Dizia eu que se fazem filhos por quecas ou actos médicos equivalentes, não há duas quecas iguais. Mas há quecas reais! As quecas da família. As quecas reais da família real (que giro, q.r.f.r., como f.r.v.r., que em matemática era função real de variável real! Matemática também é badalhoquice!)! Qual é o espanto? Pensavam que um membro da realeza encomendava bebés assim à plebe? Ou que a expressão "sangue real" significava que havia algum tipo de altar da fertilidade em que os membros das famílias reais derramavam sangue e zás! nascia um rebento? Não, os reis e príncipes fazem filhos da mesma maneira que os plebeus: quequinhas, como todos nós gostamos! A badalhoquice é a mesma, os actores é que mudam!
Já estão a ver onde é que isto vai dar, certo? Pois cá está: a queca real, ao vivo e a cores no Abobrinha, como publicada no jornal satírico El Jueves (o jornal que sai "los viernes"!)! Se quiserem passar directamente para a parte da badalhoquice sem o sermão da liberdade de imprensa, é favor saltar 4 (!!!) parágrafos.

É natural que não se tenham dado conta que isto aconteceu, porque isso eu explico: este cartoon bestial foi publicado no dia 20 de Julho a fazer pouco da medida eleitoralista do Zapatero que promete 2500 euros por criança nascida em Espanha. Ao mesmo tempo faz pouco do que quer que faça o príncipe das Astúrias ao pô-lo a dizer "já viste que se engravidares, isto será o mais próximo de um emprego que eu tive?". Não percebo a dúvida, mas compreendo parte da indignação: o emprego do príncipe é mesmo fazer a mulher parir filhos para o suceder na inutilidade do seu cargo, mas é ultrajante dizer que o faz por 2500 euros! Toda a gente sabe que um príncipe custa muito mais que isso, e isso sem contar com o resto da famelga! Insinuar que um príncipezinho minorquinha só custa 2500 euros é um insulto!
Possivelmente por causa deste falso testemunho, todos os exemplares desta revista foram apreendidos, numa manobra altamente eficiente que tem o nome técnico de censura. Mas o pessoal já perdeu a prática com estas cenas da censura, porque a única consequência prática desta porra foi que pessoas como abóboras sem-vergonha reproduzem o cartoon nos seus blogues. Mais: o El País também!
Porque é que acredito que não tenham sabido disto? Porque isto foi noticiado praticamente em nota de rodapé! Se ainda fosse um cartoon acerca de Maomé que fosse condenado por pessoas que não respeitam a liberdade de expressão dos outros, aí sim. Mas a santa Letizia e o S. Felipe não! Isso não pode ser! E, num dos julgamentos mais rápidos da história de Espanha, o cartoonista e o guionista do "El jueves" foram condenados a pagar cada um 3000 euros por ofensas ao príncipe e à coroa espanhola. E eles ainda gozam com a situação! Que mau feitio!
O próprio Felipe sai ao paizinho dele que, num acto de profundo provincianismo e desrespeito pela liberdade e diplomacia mandou calar o Hugo Chavez na cimeira Ibero-Americana quando nem sequer tinha a palavra. O Chávez é um burro todos os dias, várias vezes ao dia, mas é um chefe de estado que estava a ser camelo. Ser camelo por cima dele em vez de agir com a dignidade do Zapatero (e os seus lindos olhos de gato) é só... ser camelo! O rei provou que um burro só por ter uma coroa não deixa de ser burro. O filho irá pelo mesmo caminho? Não sei se terá sequer categoria para tanto, pois não li em lado nenhum que tenha reagido a esta porra do cartoon.
Agora que terminei a omilia, cá vai a badalhoquice! É que eu esqueci-me de escrever que... concordo com a retirada da revista das bancas! É de facto "objectivamente insultuosa" (foi o que argumentaram os juízes) para a família real e eu passo a explicar porquê.
1. Insinua que o príncipe é peludo. Isso é blasfémia, no mínimo! O príncipe, o sex symbol de Espanha, com pelos nas pernas? Ele é o Adónis de Espanha, o príncipe encantado! Com tantos pregaminhos e com esta carreira de estrela porno, faz a depilação de certeza absoluta! E como pode, a laser! Partes íntimas incluídas!
2. A Letizia não pode ter as mamas descaídas, nem naquela posição: a Letizia não tem mamas de jeito! É crime fazer uma insinuação daquelas! Não se faz!
3. O principe com pneuzinho? Não pode! Pois se ele não faz a ponta de um corno, não há-de passar muito tempo no ginásio ou a fazer tratamentos de emagrecimento? Daaah! Eu não o vi como José Castelo Branco a combinar uma dietinha rica em proteínas (eu não disse nada da origem das proteínas) para tonificar e reafirmar? Esta gente não pensa quando levanta falsos testemunhos destes!
4. Para insinuar que a Letizia possa ter o cabelo tão direitinho em pleno acto sexual era preferível ter chamado paneleiro ao príncipe! Não acredito que o herdeiro real tenha deixado a consorte com este ar de enfado e de cabelo saído do cabeleireiro: como é praticante da nobre e distinta arte da queca real, a esta hora teria a Letizia a trepar pelas paredes, desgrenhada, a deitar os bofes (ou outra coisa qualquer) pela boca e a dar graças ao criador, com letra maiúscula ou minúscula (ver observação sobre sexo e religião). Esta insinuação não vale menos que pena de morte! Por decapitação! Com um machado rombo! No mínimo!
5. Os príncipes, como profundamente católicos que são, tinham ao menos que ser caricaturados na posição do missionário. O que é que o missionário tem que ver com isto gostaria eu de saber. Mas isto são daqueles mistérios que não são para cabeças de abóbora perceberem. Esse e o virar para profundamente católica de uma gaja que se estava tão a cagar para o assunto que o primeiro casamento até foi só civil! Seja como for, caricatura só na posição do missionário e com uma nota de rodapé a dizer que o casal real dá quecas reais em várias posições. A ser verdade o que escreveu num comentário o preclaro António uns posts atrás acerca de recomendações para sexo pós-parto em civilizações pré-colombianas e atendendo a que o pós-colombiano implica espanhol e coroa espanhola e partindo do princípio que os espanhois aprenderam umas coisas com os índios... muita sorte teve o casalinho em ser caricaturado ANTES de fazer o bebé!
E acho que é mais ou menos isso! O Saramago também fez uma caricatura de uma queca real com imensa piada no "Memorial do Convento". Mais tarde, e porque um tipo parece que tinha dificuldade em ler sem pontuação, fugiu para Espanha, esse bastião da... eeeeeeeeeeeee... liberdade... de... expressão! Pois! Mas quem é que disse que ele fazia sentido?
A indemnização de 3000 euros por artista também não é coincidência: é o preço de duas quecas reais (eles têm dois filhos, que custam a criar como os outros) + juros + taxas de justiça! Os espanhóis são muito bons de contas! Por isso é que andam a lixar-nos pela medida grande... ou seja, de novo a queca real! Mesmo assim acho que 300o euros por queca é muito: há senhoras que fazem o servicinho por menos e fica bem feitinho à mesma!
Por isso, meus caros, dada a celeridade da justiça espanhola, não se supreendam se este blogue de repente desaparecer e uma abóbora aparecer brevemente no banco dos réus a responder por injúrias à coroa espanhola. Não, eu não tenho BI espanhol, mas isso é um pequeno pormenor técnico: assim como assim eles já invadiram muito isto!
Uma nota positiva: o facto de o "Contra Informação" e o "Inimigo Público" ainda existirem e não haver notícia de processos judiciais ou encomendas com gatos mortos para a direcção ou para os criativos indica que ainda somos uma democracia funcional. Falida, mas funcional! Ou por outra, tesa!
Coincidência ou não, a infanta Helena anunciou hoje a separação do marido. Cá por mim, depois de ver o cartoon do mano mais novo, concluiu que ele era má língua...
P.S. Isto saiu assim um bocado sério demais. Se vir que tal, vou ter que lançar a piada do 69!