Tenho estado com pouca vontade de escrever (para falar verdade, com uma vontade danada de não escrever mais no blogue), mas anda-me aqui uma coisa a remexer a moleirinha. E ao menos se não gostar muito de ver este post, sempre me obrigo a escrever outro muito brevemente.
Tenho uma amiga da minha idade (35 aninhos) que já anda há coisa de um ano e tal (talvez mais) com o espectro do desemprego a pairar sobre a cabeça porque há redução de quadros. Vai daí, há que mandar currículos para todo o lado que se lembra e faça sentido. E um dia destes uma amiga disse-lhe isto mesmo: "no currículo não ponhas o estado civil..."
... escusado será dizer que a F. é divorciada...
Fiquei aqui a pensar: um dia destes uma moça de 43 anos e um filho chorou (literalmente) à minha frente a queixar-se (leia-se: a constatar um facto) que é velha para arranjar um emprego novo, dentro ou fora da área em que tem vindo a exercer, e que só conseguirá manter-se com a indemnização que lhe derem durante 6 meses se a despedirem. Esta está velha (aos 35 anos!!!) e divorciada, pelo que poderá ter o estigma também de indesejável.
Passa-se aqui algo de errado ou o problema é mesmo que há empregos a menos e tudo serve para implicar? Tendo a pensar que é mesmo o caso de haver empregos a menos e espero mesmo que seja este o caso. Ou seja, isto resolve-se com o tempo e com a necessidade de mais pessoas para trabalhar quando isto começar a desenvolver de novo. Mas até lá vai fazer mossa em pessoas já com projectos de vida iniciados. Se é certo que não se deve tomar nada por garantido, também o é que eu não gosto de instabilidades. Seja a que nível for.
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37 comentários:
Olha a mim tambem me aconselharam a não escrever o estado civil (DIV) no curriculo.. mas quando vou a uma entrevista de emprego perguntam sempre e eu tenho que dizer.. não sei se tem influencia ou não.. o que é certo é que continuo desempregada.. aos 33 (quase) tambem começo a ver o futuro cada vez mais sombrio.. :(
Beijinhos :)
sinceramente abobrinha...
o problema é o que ela pensa efectivamente dela...
35 anos e divorciada... logo velha e não desejavel...
eu cá tenho 33 anos e sou solteira e sem filhos... considero-me uma grande felizarda :)
tenho a vida que quero como quero e quando quero...
as pessoas de fora só vêem aquilo que nós deixamos mostrar... se nos sentimos mal conosco... será isso que as pessoas irão ver
jinhos
Ser casada (estado civil) e com filhotes é um estatuto, infelizmente. O resto é marginal, sejam sol. ou div. E se div. é um ponto negativo no curriculum, sol. é tb a nível social.
Abo,
O mesmo se aplica a alguém como eu, 31 anos e 2 filhas já crescidas!
Também não querem pessoas com filhos porque estas precisam de tempo para os filhos, mas também não querem as que estão recentemente casadas porque podem engravidar...
para além disso por causa da crise também aproveitam para despedir o pessoal, por outro lado também dá oportunidade à exploração...
A mim ofereceram-me uma posição em que o ordenado bruto era consideravelmente inferior ao meu Fundo de desemprego... imagina depois dos descontos... SINCERAMENTE nem sei que te diga a desilusão já é mais que muita...
:(:(
K,
Há 9 anos atrás, quando eu resolvi despedir-me da empresa onde estava e procurar algo diferente, deparei-me com essa questão da idade, e na altura tinha 28 anos.
Cheguei a ouvir de um entrevistador coisas como "ah e tal, você já tem 28 anos, um dia destes vai querer ser mãe, depois mete baixa e por aí fora... nós queremos alguém mais jovem". Mesmo tendo eu afirmado que era (e continuo a ser!) solteira e não fazia a mínima intenção de mudar o meu estado civil e muito menos ter filhos nos próximos 10 anos!
Isto é absolutamente enfurecedor!!!! Ridículo! Despropositado! Absurdo! Mesquinho! Vil! Torpe! E só não sigo que se me acabou o vocabulário em Português!
Ó sociedade de idiotas!
A versão da idade é igual para um gajo (mais de 40 anos e é muito, mesmo muito, difícil encontrar um emprego).
Se se tiver crianças a que dar suporte ainda pior (mesmo que elas já sejam independentes se for o Pai que está com elas a coisa afina logo).
Assim muita gente começa a pensar em como por o que sabe a render fazendo o seu próprio emprego (mas a coisa tb não é nada fácil).
O título divorciado tb não ajuda muito (casado implica um homem seguro e estável, divorciado implica um homem que não soube manter a família).
Assim, desculpem-me intrometer-me nesta conversa em que só mulheres é que falam, e sabendo que para um homem a coisa talvez seja um pouco mais fácil, para dizer que as coisas com a idade tornam sempre a coisa mais difícil.
A única coisa que poderá ajudar é que os nossos gestores sempre olharam para o exterior de uma forma ávida e s nossos primos americanos começaram a perceber que a idade trás muitas vezes uma experiência que pode trazer uma segurança acrescida às empresas e o estado civil tem muito pouco a ver com a capacidade de produzir bom trabalho.
O problema é que ainda não chegámos lá.
Beijos
Eu nem consigo comentar...
Catwoman
O que me mantém positiva é pensar que isto tem que melhorar e que há-de haver empregos para nenhum dos rótulos fazer diferença. Entretanto o certo é que uma pessoa está parada e isso faz mossa de mais que uma maneira.
Quem é que te disse para omitires o "div" e porquê? É que eu acho que é horrível ter o estado civil escarrapachado mesmo no BI: é pessoal!
Eu Mesma
Se há coisa que a F. tem é a consciência mais que tranquila em relação ao que fez no casamento. Que, aliás, foi uma asneira do ponto de vista de impostos. E com ela, ela está bem! Mais coisa, menos coisa; mais dia, menos dia; mais quilo, menos quilo ela está bem com o que é.
O que está em causa não é o que ela pensa dela, mas o que os outros (os que lhe potencialmente darão emprego) pensarão dela. E isso ela não controla. Pode controlar por momentos enquanto o possivel empregador lhe lê o cv, mas...
Agora a influência que tem? Não me perguntes! Mas pelos vistos não foi a única a quem disseram para omitir informação...
Tinta
Aí tenho que te dar a resposta da Eu Mesma. E dizer que me estou marimbando para o que pensam de mim: eu tenho o meu valor como mulher solteira. Mais possivelmente do que quem se deixa ficar em relações que não levam a lado nenhum mas dão estatuto de casada (mas aí já estou a julgar).
Chocolate
Pois, a crise é desculpa para algumas coisas. Para algumas, na volta é o equilibrar de situações que não deviam ter acontecido (como contratar pessoas a mais, que não eram precisas). Infelizmente não servirá necessariamente para purgar quem é menos necessário ou produtivo mas simplesmente quem é menos bem nascido, tem menos conhecimentos ou chora pior.
O que me aborrece é que quase estou tentada a recomendar-te que aceites a porcaria da posição, só para não ficares com outro rótulo: o de acomodada ao subsídio de desemprego (há disso!).
Quanto ao rótulo de mãe de duas filhas... quando é para deitar defeitos, vale tudo!
Ana
Pois... e isso não era tempo de crise como esta! É como eu digo: TUDO serve para deitar defeitos!
Blonde
É o clássico "casa em que não há pão". Houvesse pão e estas mesquinhices não teriam importância. Mas, mais uma vez, o que aborrece é que as pessoas não vão ser escolhidas com base no mérito mas em outras menos produtivas. E isso não é o que nos tira da crise.
Chinook
A conversa não estava de todo limitada a mulheres. Simplesmente o preconceito contra as mulheres solteiras e divorciadas, mães e potenciais mães é maior. A idade é um preconceito comum a ambos os sexos, mas afecta a mulher jovem demais também porque há a hipótese de casar e ter filhos.
Mas isto não está fácil, isso é verdade. Mas melhora! Não sei quando, mas melhora... porque TEM QUE melhorar!
E um pai que assume os filhos é uma coisa extremamente exótica!
Ni
... se comentar adiantasse, eu até insistia. Mas nem vale a pena!
Eu nem falo do meu caso... Apenas me resta dar graças a Deus, Buda, Alá, etc, por ter trabalho. Não sou aumentada há cinco anos mas não me queixo... é triste, muito triste...
Abo,
Vais continuar a escrever no blogue sim senhor, nada de entristecer a blogosfera. Para tristezas basta a vida real… tal e qual a história que relatas.
É complicado falar disso, complicado e triste. Não sei se não estaremos novamente a regredir no tempo, quando muitas das conquistas a nível social trazem problemas, em particular no emprego.
Se esperas que isto se componha quando a crise passar estás enganada, as máquinas estão a substituir a mão de obra em todo o lado. Nada será como dantes.
Abraço
Abobrinha,
37 quase 38, solteira e uma filha
e sim, embora tenha um excelente relacionamento com o meu superior hierárquico, também já ouvi coisas menos próprias, quando em dado momento, tive que ficar a dar assistência à familia, neste caso à menina. Sim, existe muito preconceito contra as mulheres mães solteiras (falo de mim).
Sou pessimista/realista de natureza, mas sinceramente não vejo a situação a mudar a médio prazo... desculpa...
Os pais na situação de separação - há excepções - passam por 3 fases: se calhar ela volta para mim.. então fazem tudo pelo filho, até vão à lua se for caso disso... para a fase de ela não volta, então vou ser eu mesmo, eu e o mundo... a última fase... a mais curiosa, é quando nos tornamos um alvo a abater, pela companheira do dito... enfim... digo mais uma vez que felizmente à excepções...
beijinho
vê lá se essa vontade te passa!! Aquela primeira linha assustou-me!
Quando toda esta gente perceber que há coisas mais importantes que o emprego, vai passar a haver mais entreajuda, mais apoio e seremos todos mais felizes e mais eficientes no trabalho...
Estou a ser demasiado sonhador, n estou?
Quem me desculpem mas não só são divorciadas ou com filhos e solteiras, a partir de uma determinada idade as mulheres são velhas para arranjar emprego ou seja os 35 anos, e seja licenciadas ou não, em relação aos homens torna-se proibido a partir dos 45 anos.
É esta a triste realidade da sociedade em que vivemos!
Isto tem vindo a ficar cada vez mais deprimente, então para mim que estou muito pra lá dos 45 anos de limite de validade para gajo... vai lá vai.
Pois é os comentários ja nem com prozac,para rematar a ABO diz que vai entrar em MEMOpausa... não há pachorra.
futuro ex-dedicado
Valetorno
Abobrinha agora no cartão do cidadão já não aparece o estado civil e acho muito bem!!
Quem me mandou omitir o estado civil no curriculo foi uma amiga tambem divorciada que já tinha passado por experiencias menos agradaveis na procura de emprego..
Não deixes de escrever no blogue jeitosa....ias morrer de saudades...pelo menos é o que me está a acontecer a mim ...
Quanto ao tema......é o que temos...país de merda com mentalidade de merda...
BEIJOOOOOOOOS
Abobrinha e todas as outras:
Estou... sem palavras com o que li nestes comentários!!!
A sério! Sei que a situação é muito má e, como tenho duas filhas, aquilo que todas dizem é-me, em grande medida, familiar, ou por elas ou pelas respectivas amizades. Mas, pronto!, como ambas e respectivas amigas se encontram situações laborais muito específicas, não fazia ideia de que as coisas se estendiam tanto para lá dessas situações.
É claro que tudo isso faz mossa, e de que maneira! E é claro que essas mossas, ao fim de algum tempo, têm tendência a tornarem-se definitivas, se não empregarmos a força necessária para impedir que elas sequer se formem. Eu próprio tive que o fazer anos atrás e hoje tenho que lutar contra outras coisas. Enfim... não vale a pena falar disso. Mas que gente e, no caso, mulheres da vossa idade tenham que não apenas apanhar com uma situação económica e laboral como a que vivemos hoje e, ainda por cima, com um conjunto de preconceitos e de sacanices que resultam unicamente do facto de serem mulheres, é inadmissível. Ou, como dizia alguém, de cujo nome não me lembro agora: "Pior do que criminoso: é estúpido".
Não vim mandar uns bitaites, não vim vestido de justiceiro, não vim armar em orador contra os males sociais, não vim sequer para dizer "Força!". Vim mesmo só dizer isto e mandar um abraço a todas.
Abobrinha:
Se decidires deixar de escrever no blog, vou aí e bato-te! Está prometido!
Então eu ando por aqui a arrastar-me e tu queres que eu, se precisar de rir, faça o quê? Ver os Gato Fedorento, não?!
Já apanhas comigo por mail!!!
Gata
Isto melhora. Eu tenho a certeza que melhora! Vamos esperar e contribuir no que pudermos para que melhore!
JP
A crise passa: é um ciclo. E as máquinas não substituem tudo. Entre outras coisas, há os homens que fazem as máquinas. E assim podemos dedicar-nos a outras ocupações.
E estes retrocessos só ocorrem em contextos de crise, porque quando for precisa mão-de-obra não é possível estar com tantas esquisitices. Um pouco como no tempo em que o meu pai foi para a guerra colonial: de início não iam pés rasos; a dada altura a necessidade de carne para canhão era tanta que iam coxos, tolos e tudo!
Asa
Isto melhora. E bocas todos ouvimos. Curiosamente ouve-se até de quem tem problemas idênticos, para veres como é só por vezes a necessidade pura e simples de estar só a matraquear.
Isto melhora!
Icon
É verdade: tenho andado com pouca vontade de escrever. Mas o blogue não acabou.
Claro que há coisas mais importantes que o trabalho. É até bom que não se viva só para o trabalho, mas... ... que outra maneira legal há de ganhar dinheiro e sustentar-se?
Pamat
... ou seja, os homens continuam MAIS UMA VEZ em vantagem.
Mas pronto, é assim e vive-se com isso! E... luta-se!
Catwoman
Boa! Se não fosse por mais nada, ia já tirar o cartão do cidadão!
Valetorno
OK, reconheço que o post foi deprimente. Já o escondi.
Temos que pensar que a experiência pode ser valorizada... e rezar por isso!
Sadeek
Tens bom remédio: volta a escrever! Enquanto não escreves, tens o meu tasco onde podes escrever à vontade! Mas não te preocupes: o blogue não acabou!
Quanto à sociedade... isto é mesmo falta de pão, mais nada! Primeiro são os contratados (casados, solteiros, viúvos e divorciados), depois todos os outros...
Joaquim
Também há mulheres de sucesso. E isto é uma fase.
Quanto a eu acabar com o blogue, não acabo. Vou tentar é recuperar a vontade de escrever a sério e fazer rir! Prometo!
trabalhar para viver e não viver para trabalhar... é um equilíbrio que temos de encontrar...
Icon
O problema neste momento é definir o que é a sobrevivência e em que moldes se sobrevive. E em alguns meios, dada a competição, sobrevive-se trabalhando que nem um animal.
Fora isso, acho que temos que encontrar um equilíbrio em que não queimemos um fusível (o que, entre outras coisas, nos impedirá de trabalhar) e que nos permita mesmo uma flexibilidade de carreira. Isto é, transformar um passatempo ou interesse a dada altura em carreira. Mas isso já são outras núpcias!
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